No Monte Palatino, se estabeleceu em meados do
século VIII antes da era atual, um povo que daria origem a Roma, a Cidade
Eterna berço do império Romano.
Diversos autores reuniram dados e deram forma
literária às lendas sobre a fundação da cidade, que se fixou convencionalmente
no ano 753 a. C. Entre essas lendas a que o fundador da cidade, Rômulo,
descendente do herói troiano Enéas, foi amamentado em sua infância, junto com
seu irmão Remo, por uma loba que se transformou no símbolo da cidade.
A lenda menciona que Numa Pompílio, suposto segundo
rei de Roma, organizou o exército e criou os célebres Colégios de Construtores
alistados nas Legiões Romanas que estiveram acantonadas no Oriente Médio no
século VII a.C.
O Mitraísmo foi uma das mais ricas associações
iniciáticas da antiguidade, tanto por sua organização simbólica como pela
qualidade de suas fraternidades que asseguravam uma grande coerência com a instituição.
Os templos de Mitra estavam decorados para simbolizar o cosmos; em sua abóbada
estava pintado o firmamento estrelado. Os templos Maçônicos atuais são quase
idênticos àqueles templos da época Mitráica.
Desde a iniciação, na qual o postulante sofria as
provas dos quatro elementos, o ritual que nos transmite a história é muito
próximo do atual ritual Maçônico que usamos hoje. A dita cerimônia se realizava
em uma sala subterrânea, sendo seguida de um ritual simbólico de morte e ressurreição.
Os adeptos de Mitra recebiam ensinamentos com base
na astrologia, nas relações do homem com o universo e nos rudimentos da
linguagem dos mistérios. Nos mistérios de Mitra, se praticava um batismo em
forma de um banho com o sangue de um touro sacrificado.
Glorificando e santificando o trabalho e protegendo
os artesãos, o Mitraísmo inicia em seus mistérios muitos arquitetos que
propagaram suas ideias nas primeiras corporações de construtores; tal como
Vitruvio, letrado geômetra, desenhista e filósofo romano, venerado pelos
pedreiros medievais, que afirmava: “... aqueles que não utilizaram a mão no
trabalho não poderiam jamais alcançar a perfeição...” Ele da aos séculos
seguintes a definição do que devia ser um Mestre Arquiteto: “... o espírito sem
o trabalho e o trabalho sem o espírito, não renderá jamais um obreiro
perfeito...” (Aubourg Dejean Raymond Francois, Los Hijos de la Luz, Obra
traducida del francés y editada por la Muy Resp:. Gran Logia de Colombia y
Resp:. Logia Veritas Vincit Nº 13 del Or:. De Santa Fé de Bogota como homenaje
a los 75 avo. Aniversario de la Gran Logia de Colombia, Año 5998 E:.M:., Pág.
24).
Os escritores alemães Krause, Heldmann e outros,
anunciaram ao mundo pela primeira vez a relação que existia entre os Colégios
Romanos de Construtores e a Sociedade dos Maçons.
A teoria de Krause sobre este assunto se encontra
principalmente em sua obra intitulada “Die drei altesten kunsterkunde”. Afirma
ele que a doutrina da Maçonaria tal como existe agora, com todas as suas
características religiosas e sociais, políticas e profissionais, sua
organização interior, suas formas de ideias e ações, se deve aos Colégios de
Artífices ou Collegii Artificium de los Romanos, que passaram com muito poucas
mudanças às Corporationen Von Baukunslern, os “Grêmios Arquitetônicos”, da
Idade Media até a organização inglesa de 1717.
É a Numa Pompílio, o segundo rei de Roma a quem os
historiadores, após Plutarco, atribuem à primeira organização dos Colégios de Ofícios
Romanos; embora segundo algumas conjecturas razoáveis, seja provável que uma
organização semelhante existisse anteriormente entre os habitantes albaneses,
compreendendo assim os artífices toscanos residentes. Porém é de admitir-se que
Numa lhes proporcionou essa forma que foi conservada sucessivamente.
Numa Pompílio, ao subir ao trono, encontrou os
cidadãos divididos em várias nacionalidades, as que provinham dos romanos, os
sabinos e os habitantes originados de outros povos e lugares próximos de pouca
importância, a quem por um ato de preferência ou pela força, se lhes fez trocar
de residência para as beiras do Tibre. Isto deu origem a uma separação de ideias
e opiniões e a uma ideia constante de desunião. Porém, o objetivo de Numa era o
de destruir por completo estes elementos rivais e de estabelecer uma identidade
perfeita de sentimento popular, de tal maneira que poderíamos usar a frase de Plutarco,
que são apropriadas: “a distribuição dos povos pode constituir uma mescla
harmoniosa de todos e para todos”.
Com esse objetivo estabeleceu uma religião comum e
dividiu os cidadãos em cúrias e tribos consistindo assim um corpo mesclado
indiferentemente dos romanos, sabinos e de outros estrangeiros naturalizados de
Roma.
Conduzido pela mesma sagacidade política,
distribuiu aos artesãos em vários grêmios e corporações com o nome de Collegia
ou “colégios”. A cada colégio foram alistados artesãos de ofício particular
e cada um tinha seus regulamentos locais, seculares e religiosos. Estes
colégios se desenvolveram com a mesma rapidez que a República, estabelecendo Numa
desde o início, nove Colégios, sendo estes o Colégio de Músicos, de Ourives, de
Carpinteiros, Pintores, Sapateiros, Curtidores, Forjadores, de Oleiros e o nono
composto de todos os artesãos que não eram aptos a estes ofícios, e que por
isso não estavam compreendidos nos títulos anteriores, e que posteriormente
aumentaram em grande número. É certo que foram abolidos, ou trataram de aboli-los
por volta dos anos oitenta antes da era cristã, por um Decreto do Senado que
observou com zelo sua influência política, porém voltaram vinte anos depois,
estabelecendo-se de novo através de uma lei do tribuno Cláudio, que revogou a
anterior. Continuaram ativos no baixo império, estendendo-se nas províncias e
sobreviveram até a decadência e queda do Império Romano.
Bem, agora, investiguemos a forma e a organização
destes colégios e ao mesmo tempo tratemos de determinar a analogia que existe
entre eles e as Lojas Maçônicas.
A primeira regulamentação, que era indispensável,
consistia em que nenhum Colégio poderia se formar com menos de três membros.
Tão indispensável era essa regra que a expressão três faciunt collegium (três
formam um colégio), chegou a ser uma máxima da lei civil. Era, do mesmo modo,
tão rígida a aplicação desta regra que o corpo de cônsules que eram nomeados
“colegas”, e que possuíam e exerciam todos os direitos colegiados, nunca foram reconheci-os
legalmente como Colégio, pela razão de que eram constituídos somente dos seus
membros. Se surpreenderá facilmente o leitor com a identidade entre este regulamento
dos Colégios e os da Maçonaria, que com igual rigor requeria três Maçons para abrir
a Loja. O Colégio e a Loja requerem igualmente três membros para se tornarem
legais. Um número maior pode proporcionar-lhe mais eficiência, no entanto não
pode fazê-la mais legítima. Isto, então, é a primeira analogia que existe entre
as Lojas dos Maçons e os Colégios romanos.
Esses colégios tinham seus respectivos oficiais, a
quem se assemelhavam muito singularmente em condições e deveres aos Oficiais da
Loja maçônica. Cada Colégio era presidido por um chefe ou presidente, cujo
título de Mestre se traduz exatamente pela palavra inglesa “Master”. Os
oficiais imediatos eram os “decuriones”. Esses decuriones eram análogos aos
“Vigilantes” maçônicos, pois cada um dos “decúrios” presidia uma seção ou
divisão do Colégio do mesmo modo em que encontramos na maior parte dos rituais
ingleses antigos e continentais, a Loja dividida em duas “colunas”, onde cada
uma delas é presidida por um dos Vigilantes, através dos quais se transmitia as
ordens do Mestre aos Irmãos da sua coluna. Havia também nos Colégios um
Escrivão ou “Secretário” que lavrava o registro dos procedimentos; um
Tesoureiro, que tinha seu cargo situado ao fundo da Loja ou da “comunidade”; um
Tabelião ou guardador dos arquivos, equivalente ao arquivista moderno
(Chanceler) e finalmente, como estes Colégios combinavam a adoração religiosa e
singular com seus trabalhos ordinários, havia para cada um deles um sacerdote
que dirigia as cerimônias religiosas e era exatamente equivalente ao Capelão (Orador)
da loja maçônica. Em tudo isso, encontramos outra analogia entre estas
instituições antigas e nossos corpos maçônicos.
E mais outra se encontrará na distribuição ou
divisão de classes que existia nos Colégios Romanos. Assim como nas Lojas
Maçônicas que tem seus Mestres Maçons, seus Companheiros Maçons e seus
Aprendizes, do mesmo modo os Colégios tinham seus Seniores (superiores), os
diretores de ofício e seus trabalhadores e aprendizes. Os membros não eram chamados
da mesma forma que os maçons de “Irmãos”, porque este termo foi adaptado
primeiramente nos grêmios ou corporações da Idade Média e na realidade é a
descendência do sentimento cristão; contudo como observa Krause, estes Colégios
eram dirigidos sob o sistema de uma família, ou de forma familiar, de onde vem à
afirmação de irmão que se encontra no relacionamento familiar.
O caráter parcialmente religioso dos Colégios
Romanos de Artífices constituía uma analogia muito singular entre eles e as
Lojas Maçônicas. A história demonstra que se tinha outorgado um caráter
eclesiástico a esses Colégios quando de sua organização por Numa Pompílio.
Muitas oficinas desses artífices foram construídas nas proximidades de um
templo e sua cúria, o lugar de reunião, se comunicava geralmente com o Templo.
A deidade a que se consagrava o templo era adorada de forma peculiar pelos
membros do Colégio adjacente e se constituía no deus protetor de sua arte ou
ofício. No transcurso do tempo, havendo sido abolida a religião pagã e
modificado o caráter religioso desses Colégios, os deuses pagãos foram
substituídos pela nova religião pelos santos cristãos, um dos quais se adaptava
sempre como o protetor dos grêmios modernos, o que, na Idade Média, tomou o
lugar dos Colégios Romanos, e desta origem provém entre os maçons à dedicação
de suas Lojas a São João decorrente do costume semelhante que existia nas
Corporações de Arquitetos.
Esses Colégios tinham pessoas que trabalhavam de
forma secreta na investigação dos neófitos antes de suas iniciações na
fraternidade e das instruções místicas e esotéricas a seus aprendizes e
obreiros. Eram neste conceito, sociedades secretas semelhantes às Lojas
Maçônicas.
Seus membros tinham o costume de contribuir de
forma periódica ou mensalmente para o sustento do Colégio, por cujos meios se
acumulavam um fundo comum para a ajuda daqueles irmãos indigentes ou para auxiliar
estranhos desprovidos e pertencentes à mesma sociedade. O governo lhes permitia
que tivessem sua Constituição e também Estatutos e Regulamentos. Esses
privilégios cresceram paulatinamente ampliando seus direitos de tal modo que
nos últimos dias do império os Colégios de Arquitetos se encontravam investidos
de poderes extraordinários referentes à vigilância e a direção dos
construtores. Mesmo assim a distinção tão popular que se encontra na
jurisprudência maçônica entre as Lojas “legalmente constituídas” e as “Lojas
clandestinas”, parece encontrar uma semelhança neste caso; porque dos Colégios
que haviam sido estabelecidos por autoridade legal e que pelo mesmo tinham
direito ao gozo dos privilégios de acordo com as instituições, se diziam
“collegia licita” ou “colégios legais”, entretanto aqueles que formavam
associações voluntárias não autorizadas por decreto expresso do senado ou do
imperador se chamavam “collegia ilícita” ou “colégios ilegais”; Os termos
lícito e ilícito equivaliam exatamente em sua importância às Lojas constituídas
e as Lojas clandestinas da maçonaria.
Nos Colégios os candidatos à admissão eram eleitos
do mesmo modo que nas Lojas maçônicas, através da votação de seus membros. Em
relação a este assunto a palavra latina que se usava para expressar a arte da
admissão ou recepção é digna de consideração. Sempre que alguma pessoa era
admitida na Fraternidade do Colégio, se considerava cooptado pelo colégio.
Ademais, o verbo cooptar, empregado quase que exclusivamente pelos romanos para
significar a eleição no Colégio, provém da palavra grega optomai que significa
“ver, contemplar”. Esta mesma palavra dá origem, em grego, à palavra opoptes,
espectador ou observador, ou aquele que adquiriu o último grau nos mistérios
Eleusianos; em outras palavras, iniciado. Assim é que, sem exagerar muito a
ingenuidade etimológica, poderíamos dizer que cooptatus in collegiu significava
“ser iniciado no Colégio”. Isto é ao menos singular, pois a interpretação mais
geral de cooptatus é “admitido ou aceito na Fraternidade”, ou o mesmo que
“livre para os privilégios do grêmio ou corporação” e resulta que a ideia é a
mesma tal como se transmite entre os maçons o titulo de “livres e
aceitos”.
Sabemos por Krause que estes Colégios de obreiros
faziam uso das ferramentas de sua arte ou profissão na forma simbólica, em
outras palavras, que cultivavam a ciência do simbolismo; é neste sentido, com
efeito, mas que em nenhum outro se encontra numa analogia surpreendente entre
os colegiados e as instituições maçônicas. O que temos manifestado não pode ser
negado, pois como a organização dos Colégios estava envolta, como já foi
demonstrado, do caráter religioso, e tal como se admite que toda a religião do
paganismo era eminentemente simbólica, em consequência toda a associação que
estava baseada ou cultivava este sentimento mitológico ou religioso, deve
cultivar também o princípio do simbolismo.
Na organização e no modo de governo e das práticas
dos Colégios Romanos existe uma analogia entre eles e as Lojas maçônicas
modernas que é evidentemente mais que acidental. É de supor-se que muito depois
da dissolução dos Colégios, a maçonaria, na fundação de suas Lojas,
intencionalmente adaptou a organização colegiada como um modelo pelo qual
estabelecera seu próprio sistema, ou pode acontecer que dita semelhança tem
sido o resultado de uma sucessão de associações originadas entre si nas mesmas
que figuram no primeiro momento do término dos Colégios Romanos. Porém ainda
não se conseguiu determinar se as Lojas devem sua origem aos Colégios só por
sua forma ou pela forma e conteúdo.
No tempo de Numa Pompílio, os Colégios Romanos eram
apenas nove. Nos anos subsequentes à República o número aumentou
consideravelmente e quase todos os graus e profissões tinham o seu colégio
particular. Com o progresso do império, seu número foi muito maior e seus privilégios
se estenderam notavelmente ao ponto de constituir um elemento importante nos
corpos políticos.
Os romanos se distinguiram pelo espírito de
colonização. Tão logo com suas armas vitoriosas haviam subjugado a um povo,
antes de tudo se designava uma parte do exército para que fosse formada uma
colônia. Então, o barbarismo e a ignorância dos habitantes ativos eram substituídos
pela civilização e pelo progresso de seus conquistadores romanos.
Os Colégios de Construtores, ocupados nas obras de
edifícios seculares e religiosos, se expandiram da grande cidade até os
municípios e províncias, Sempre que se construía uma nova cidade, um templo ou
palácio, os membros destas corporações eram convocados pelo Imperador dos
pontos mais distantes para que a comunidade de trabalhadores tomasse parte da construção.
Os obreiros eram empregados no mesmo sentido que os “peões de cargo” do templo judaico
nos trabalhos mais grosseiros e humilhantes, porém a vigilância e a direção das
obras eram confiadas unicamente aos “membros aceitos” – “os cooptati” – dos
Colégios.
As colonizações do Império Romano foram dirigidas
pelos soldados legionários do exército. A cada legião se agregava um Colégio ou
corporação de artífices que se unia com a legião em Roma, a que acompanhava nas
campanhas, acampando onde a legião acampava e marchando sempre a seu lado, e
quando colonizava permanecia na colônia para plantar a semente da civilização
romana e ensinar os princípios de sua arte. Os membros do colégio construíam
fortificações para a legião no tempo de guerra, e em tempo de paz, ou quando a
legião permanecia estacionária, construíam templos, casas e infraestrutura de
irrigação.
Semelhante à Grécia, os artesão romanos ocupavam um
lugar humilde na sociedade romana. Porém, os Colégios eram muito diversos e
assim temos os COLLEGIA PONTIFICUM com fins religiosos, COLLEGIA
MUNICIPIUM com fins governamentais e COLLEGIA FABRORUM integrado por
profissionais e artesãos, que incluíam os construtores e outros ofícios
humildes como os lixeiros, pescadores, sapateiros, cozinheiros, etc. O
COLLEGIA FUNERARIUM se dedicava a dar sepultura digna aos corpos.
Issac
Asimov, na obra O Império Romano – Alianza Editorial S/A – Madri, 199, pag.
93-96, nos relata a trama central de um fato que marcaria o início de mudanças
importantes no mundo. Nos referimos ao Concílio de Nicéa, onde foram unificados
diversos livros santos, transmitidos de forma oral e secretamente pelos
Apóstolos e pelas Santas mulheres (herdeiros da tradição misteriosa trazida por
Cristo), que não formavam um corpo homogêneo, que estavam divididos em grande
número de pequenos grupos, de cenáculos, de capelas, de conventos, de
sociedades secretas, mantendo relações uns com os outros, porém às vezes
opostos entre si. Foi por essa razão que se convocou o Primeiro Concílio
Ecumênico em Nicéa. No curso de suas sessões, mantidas desde 20 de maior até o
dia 25 de julho de 325 d.C., os bispos se pronunciaram.
Fonte: Maçonaria - Origem e Desenvolvimento do Ir\ Herbert Ore Belsuzarri
Texto com informações preciosas. Gostei muito ,e, motiva-me ainda mais aos estudos sobre fascinante tema...grato . TFA, Ronaldo José Luiz.
ResponderExcluirrealmente histórico e importante para entender o papel da escola.
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