INTRODUÇÃO
Esta constituição foi publicada pela primeira vez
na preciosa obra da Ir\Krause conforme J. G. FindeI, sendo intitulada de "As três Constituições
mais antigas da Sociedade dos Maçons". Foi ela apresentada sob o título de
"A Antiga Constituição de York, adotada no ano 926, ou Constituição Legal
das Lojas Maçônicas da Inglaterra" , segundo o original conservado na
Grande Loja de York, traduzida em latim, em 1807, por um inglês, e do inglês
para o alemão pelo Ir\ J. A. Schneider, com
uma série de notas explicativas".
A autenticidade desta constituição,
porém, foi posta em dúvida pelo Ir\
Klass, embora muitos historiadores como Krause, Schneider, Fessier e muitos
outros a considerassem não somente autêntica, como também a mais antiga.
Em 1864, uma associação de maçons alemães mandou
FindeI à Inglaterra para descobrir o original desse controvertido documento, e
às provas que Klass e Asher apresentaram contra a autenticidade deste
documento, FindeI acrescentou as seguintes:
1º Que não foi possível encontrar até o presente o
original idêntico à tradução de Krause; 2º que não se fala nos róis de
arquitetos da catedral de York, publicados pela Surtee's Society (em Darham, 1859) nem dele; nem de uma assembleia
geral de maçons, nem da Constituição projetada nos tempos de Edwin ou
Athelstan; 3º que o célebre arqueólogo e historiador de York, Ir\ Drake não faz alusão alguma em seu discurso de 1726 (invocado por
Krause como prova da autenticidade do documento), nem à constituição Original,
nem ao documento de Krause, e que, além disso, não revela nenhuma
particularidade sobre este ponto; 4º que tão pouco se encontra alusão alguma a
respeito disso nem no processo verbal de 1761 sobre a reabertura da Grande Loja
de York, nem no folheto manuscrito contra a Grande Loja de Londres; 5° que este
documento não está registrado nem mencionado no inventário feito em 1777, que
ainda existe nos arquivos da Grande Loja; 6° que uma das Grandes Lojas de
Berlim, pediu faz uma dúzia de anos, informações a York sobre o documento de
Krause e o tesoureiro da época, Ir\
Conling (past master) fez pesquisas infrutíferas na biblioteca da catedral, e
interrogou dois arqueólogos de grande renome que negaram formalmente a
existência de tal documento; 7° que Stockhouse, que certificou a identidade da
tradução latina (outra prova invocada por Krause); é completamente desconhecido
em York; 8º que não é certo ter existido em York, em 1806, uma sociedade arquitetônica.
Mas se as palavras summa societas arquitectonica,
que constam no certificado queiram dizer Grande Loja, então é preciso tomar em
consideração que essa Grande Loja, tão pouco existia naquela época; 9° que as
antigas constituições conhecidas até hoje, estão todas conformes ao seu
espírito, o que equivale a um testemunho indireto contra o documento em
questão.
"Não há outro remédio a não ser duvidar,
conclui FindeI, já que não se queira negar, que exista um documento maçônico do
ano 926. E ainda quando se encontrasse um documento original idêntico à
tradução de Krause, este documento não poderia pretender ao título de
Documento de York."
A CONSTITUIÇÃO DE YORK
PREÂMBULO
Que a
onipotência do Deus Eterno, pai e criador do céu e da terra, a sabedoria do seu
Verbo e a influência do espírito por Ele enviado, estejam conosco e com os
nossos trabalhos e nos concedam a graça de nos conduzir, de modo a merecer a
sua aprovação nesta vida e a vida eterna na outra, depois da nossa morte.
A TRADIÇÃO DA CORPORAÇÃO
Caros Irmãos e Companheiros! Nosso fim é relatar-vos
como e de que maneira esta nobre e importante Arte começou e porque foi
protegida pelos maiores reis e muitas outras pessoas eminentes e honradas.
Queremos também fazer conhecidos de todos os que o desejarem, os deveres que
todo o maçom fiel deve cumprir, de consciência e por vontade própria.
Há sete ciências livres: a gramática, a retórica, a
dialética, a aritmética, a geometria, a música e a astronomia, as quais se
fundam todas em uma, que é a geometria, por meio da qual o homem aprende a medir
e a pesar o que é indispensável não só ao comerciante como aos membros de todas
as outras corporações.
O princípio de todas as ciências foi descoberto
pelos dois filhos de Lameque: Jabal, o mais velho, descobriu a Geometria e
Tubal-Cain, a arte de forjar. Eles inscreveram os resultados de suas
descobertas sobre dois pilares de pedra, a fim de que pudessem ser encontrados
depois do Dilúvio. Hermes encontrou um desses pilares, estudou as indicações neles
contidas e ensinou, em seguida, a outros o que havia conseguido aprender.
Quando se construiu a Torre de BabeI, a maçonaria começou a ganhar uma
importância extraordinária, e o próprio rei Nimrod era maçom e testemunhava uma
grande predileção por esta nobre Arte. Quando se tratou de construir a cidade
de Nínive e outras cidades no Oriente, Nimrod enviou trinta maçons nessa
direção fazendo-lhes diversas recomendações entre as quais esta: "Sede
fiéis uns para com os outros, servi fielmente àqueles que tiverem autoridade
sobre vós, a fim de que para mim, vosso mestre, e para todos vós, resulte
honra". A confusão das línguas, que caiu, como castigo, sobre os obreiros
da Torre de BabeI pela sua desmedida vaidade, foi, a princípio, um obstáculo
para a propagação das leis, artes e ciências. Tornou-se necessário então,
explicar por sinais aquilo que a palavra não podia mais ensinar: daí o hábito
de explicar por sinais, que foi levado para o Egito por Mizraim, filho de Cam,
quando este foi habitar o vale do Nilo e, em seguida, espalhado por todos os
países estrangeiros. Hoje só os sinais feitos com as mãos são usados pelos
maçons, sendo os outros apenas conhecidos por uma restrita minoria.
Enfim, quando Abraão veio com sua mulher para o
Egito, ensinou aos egípcios as sete ciências e tiveram um discípulo, de nome Euclides,
que se distinguiu extraordinariamente nesses estudos. Euclides tornou-se um
mestre das sete ciências; ensinou principalmente a geometria e estabeleceu uma
regra de conduta, nos seguintes termos: Em primeiro lugar, sedes fiéis ao rei e
aos países a que pertenceis: em seguida, amai-vos uns aos outros e sede fiéis e
dedicados entre vós. Dai-vos o nome de Irmão ou Companheiro. É ao mais sábio
que todos devem escolher para Mestre, e é expressamente proibido fazer a sua
escolha por amizade, por qualidade de nascimento ou pela riqueza; não deveis
permitir que outro, senão o mais capaz seja eleito. Deveis comprometer-vos por
um solene juramento, a observar todas estas prescrições.
Muito tempo depois, o rei David empreendeu a
Construção de um Templo, em Jerusalém, que foi chamado o Templo do Senhor. Ele
muito amava os maçons e lhes comunicou os regulamentos e usos que Euclides lhe
havia transmitido. Depois da morte de David, Salomão acabou a construção do
Templo; mandou maçons a diversos países e conseguiu reunir 40.000 obreiros de
pedra, aos quais também denominou maçons. Entre eles escolheu 3.000, que foram
chamados mestres e dirigiam os trabalhos.
Havia ainda
num outro país, um rei que
seu povo chamava de Hiram o qual forneceu toda a madeira para a construção do
Templo. Salomão ratificou todos os regulamentos e costumes que seu pai tinha
introduzido entre os maçons. Deste modo, a Arte da maçonaria firmou-se no país,
em Jerusalém e em muitos outros reinos. Membros inteligentes dessas associações
viajavam para o estrangeiro tanto para se instruírem, como para ensinarem. Foi
assim que um excelente maçom Ninus Graecus (Mannon), veio para a França, e aí
fundou a Maçonaria.
A
Inglaterra ficou privada de qualquer instituição deste gênero até o tempo de
Santo Albano. Nesta época, o rei de Inglaterra, que era pagão, cercou a cidade
de Santo Albano de uma zona murada. Foi a Santo Albano que ele confiou a
direção desses trabalhos. Ele deu aos maçons um bom salário e obteve para eles,
do rei, permissão para se reunirem em assembléia geral. Ele
auxiliou a recepção de novos maçons e lhes ditou regulamentos e leis.
Pouco tempo depois da morte de Santo Albano, muitas nações estrangeiras
fizeram guerra à Inglaterra, de sorte que esses regulamentos cessaram, pouco a
pouco, de estar em vigor, até o reinado de Athelstan. Este era um digno
príncipe; pacificou seu reino e ordenou a edificação de muitas abadias, de
numerosas cidades e executou outros grandes trabalhos, sempre muito amigo dos
maçons. Porém seu filho Edwin, que praticava muito a Arte da geometria, ainda
os favoreceu mais. Foi recebido maçom e obteve do rei seu pai a autorização de
convocar, todos os anos, todos os maçons em assembleia geral em local de sua
conveniência, a fim de se comunicarem, reciprocamente, as faltas que tivessem
cometido e as transgressões de que se tornassem culpados e de puni-Ias. Ele
próprio presidiu em York uma dessas assembleias, recebeu novos maçons deu-lhes
regulamentos e prescreveu-lhes usos. Quando se reuniu a assembleia, ele convidou
todos os maçons, tanto os velhos como os novos, a darem ciência a seus
companheiros daquilo que podiam conhecer dos usos e das obrigações impostas aos
maçons, que residissem no reino, ou no estrangeiro. E quando, para responder a este
apelo, fizeram-se os escritos para esse fim, foram encontrados alguns em
francês, outros em grego em inglês e em outras línguas, os quais foram
reconhecidos, absolutamente idênticos quanto ao fim a que se propunham. Depois foram todos reunidos em
um livro que indicava, do mesmo modo, como esta descoberta tinha sido feita.
Ele recomendou que este livro fosse lido e comentado, cada vez que fosse
recebido um novo maçom, antes de lhe fazer conhecer as obrigações que lhe
seriam impostas. Desde esse dia, até a época atual os usos e práticas dos
Maçons se têm conservado sob a mesma forma, dentro dos limites do poder humano.
Nas diversas assembleias foram estabelecidas
diversas leis e ordenações, reconhecidas necessárias ou úteis, pelo critério dos mesmos e dos principais
companheiros. Eis a antiga tradição:
LEIS E OBRIGAÇÕES PRESCRITAS AOS MAÇONS PELO PRÍNCIPE EDWIN
1º. Vosso primeiro dever é honrar a Deus e observar as leis dos noaquitas,
porque são preceitos divinos, aos quais todos os homens devem obediência.
Deveis evitar todas as heresias, e não ofender a Deus, escutando-as.
2º. Sereis fiéis ao vosso rei e nunca o deveis trair; e, qualquer que seja o
lugar onde estiverdes, deveis submeter-vos lealmente à autoridade. Nunca
pratiqueis o crime de traição e, se descobrirdes uma conspiração, denunciai-a
ao rei.
3º. Estai sempre prontos a vos ajudardes mutuamente e uni-vos todos, pelos
laços de uma verdadeira amizade; nunca encontreis um empecilho para este fim,
na diferença de religião ou de opinião.
4º. É, principalmente, em relação uns com os outros, que deveis manter vossa
fidelidade, ensinai-vos mutuamente os progressos que adquiristes na nobre Arte
e ajudai aos menos esclarecidos; não vos calunieis e agi para com vossos irmãos
como desejaríeis que agissem para convosco. Se acontecer que algum irmão falte
aos seus deveres para com o outro, ou mesmo para com qualquer pessoa, ou que se
torne culpado de outra falta, todos devem auxiliá-lo a reparar o mal e a se
corrigir.
5º. Deveis alinhar-vos exatamente com as disposições e decisões tomadas em
loja, e não confiar, senão a um membro da confraria, seus sinais particulares.
6º. Cada qual deve abster-se escrupulosamente de qualquer deslealdade, pois
a honra e a fidelidade são indispensáveis à manutenção da confraria, e uma boa
reputação é um grande tesouro. É preciso, também, não descuidar do interesse do
Senhor ou do mestre ao qual obedeceis, e concluir sempre, de modo satisfatório,
a obra empreendida.
7º. É necessário, igualmente, pagar integralmente tudo a que for devido e, sobretudo,
nunca contrair dívidas que comprometam a honra da confraria.
8º. Notai bem que nenhum mestre deve empreender um trabalho se não for capaz
de executá-lo, porque se tal acontecesse, ele causaria o maior prejuízo à
nobre Arte e confraria. O mestre deve estipular um salário conveniente, que lhe
permita viver e pagar razoável e equitativamente a seus obreiros.
9º. Ninguém deve procurar ambicionar ao outro; deve-se deixar a cada qual o
trabalho que arranjou, a menos que fique provado ser incapaz de executá-lo.
10º.
Ademais, nenhum Mestre deve admitir um Aprendiz,
senão com a condição de se comprometer por sete anos, e só pode recebê-lo maçom
com o consentimento de seus Irmãos.
11º.
É necessário, para um Mestre ou um Companheiro propor
uma pessoa à admissão na confraria e para que se possa aceitá-la, que esta
pessoa tenha nascido livre, seja de uma reputação sem mácula, que possua todas
as capacidades exigidas e seja sã de corpo e de espírito.
12º.
Em seguida, dá-se por fortemente recomendado aos Companheiros
que não critiquem o trabalho dos outros, se ele não sabe executá-lo melhor do
que aquele a quem repreende.
13º.
Todo Mestre deve submeter-se às observações que lhe
faz o presidente dos trabalhos, da mesma sorte os Companheiros em relação a
seus mestres devendo todos agir encadeamente.
14º.
Todos os maçons devem obedecer a seus superiores e
estarem sempre prontos a executar o que eles determinarem.
15º.
Além disso, cada maçom deve acolher os Companheiros
que vindos de fora e fazer os sinais de reconhecimento apropriados. Em
seguida, deve cuidar deles como está prescrito: deve ainda levar socorro aos
seus irmãos desafortunados, logo que tenha conhecimento das suas necessidades.
16º.
Nem os Mestres, nem os Companheiros podem dar
ingresso na Loja a qualquer pessoa que não tenha sido iniciada maçom para
aprender a arte da forma, ou deixá-lo trabalhar na pedra, ou enfim mostrar-lhe
o compasso e o esquadro; e muito menos ensinar-lhe o seu uso.
Eis os deveres e obrigações que são bons e úteis de
se observarem. Tudo o que, para o futuro, for também julgado e reconhecido bom
e útil, deverá ser registrado sempre, pelos superiores, que darão conhecimento
disso aos outros, para todos os irmãos serem instruídos sob essas prescrições.
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