segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A CONSTITUIÇÃO DE YORK

INTRODUÇÃO

Esta constituição foi publicada pela primeira vez na pre­ciosa obra da Ir\Krause conforme J. G. FindeI, sendo intitulada de "As três Constituições mais antigas da Sociedade dos Maçons". Foi ela apresentada sob o título de "A Antiga Constituição de York, ado­tada no ano 926, ou Constituição Legal das Lojas Maçônicas da Inglaterra" , segundo o original conservado na Grande Loja de York, traduzida em latim, em 1807, por um inglês, e do inglês para o alemão pelo Ir\ J. A. Schneider, com uma série de notas explicativas".
A autenticidade desta constituição, porém, foi posta em dúvida pelo Ir\ Klass, embora muitos historiadores como Krause, Schneider, Fessier e muitos outros a considerassem não somente autêntica, como também a mais antiga.
Em 1864, uma associação de maçons alemães mandou Fin­deI à Inglaterra para descobrir o original desse controvertido documento, e às provas que Klass e Asher apresentaram contra a autenticidade deste documento, FindeI acrescentou as seguintes:
1º Que não foi possível encontrar até o presente o origi­nal idêntico à tradução de Krause; 2º que não se fala nos róis de arquitetos da catedral de York, publicados pela Surtee's Society (em Darham, 1859) nem dele; nem de uma assembleia geral de maçons, nem da Constituição projetada nos tempos de Edwin ou Athelstan; 3º que o célebre arqueólogo e histo­riador de York, Ir\ Drake não faz alusão alguma em seu discurso de 1726 (invocado por Krause como prova da autenti­cidade do documento), nem à constituição Original, nem ao documento de Krause, e que, além disso, não revela nenhuma particularidade sobre este ponto; 4º que tão pouco se en­contra alusão alguma a respeito disso nem no processo verbal de 1761 sobre a reabertura da Grande Loja de York, nem no folheto manuscrito contra a Grande Loja de Londres; 5° que este documento não está registrado nem mencionado no inven­tário feito em 1777, que ainda existe nos arquivos da Grande Loja; 6° que uma das Grandes Lojas de Berlim, pediu faz uma dúzia de anos, informações a York sobre o documento de Krause e o tesoureiro da época, Ir\ Conling (past master) fez pesquisas infrutíferas na biblioteca da catedral, e interrogou dois arqueólogos de grande renome que negaram formalmente a existência de tal documento; 7° que Stockhouse, que certificou a identidade da tradução latina (outra prova invocada por Krause); é completamente desconhecido em York; 8º que não é certo ter existido em York, em 1806, uma sociedade ar­quitetônica. Mas se as palavras summa societas arquitectonica, que constam no certificado queiram dizer Grande Loja, então é preciso tomar em consideração que essa Grande Loja, tão pouco existia naquela época; 9° que as antigas constituições conhecidas até hoje, estão todas conformes ao seu espírito, o que equivale a um testemunho indireto contra o documento em questão.
"Não há outro remédio a não ser duvidar, conclui FindeI, já que não se queira negar, que exista um documento maçônico do ano 926. E ainda quando se encontrasse um documento ori­ginal idêntico à tradução de Krause, este documento não po­deria pretender ao título de Documento de York."


A CONSTITUIÇÃO DE YORK
PREÂMBULO

Que a onipotência do Deus Eterno, pai e criador do céu e da terra, a sabedoria do seu Verbo e a influência do espírito por Ele enviado, estejam conosco e com os nossos trabalhos e nos concedam a graça de nos conduzir, de modo a merecer a sua aprovação nesta vida e a vida eterna na outra, depois da nossa morte.

A TRADIÇÃO DA CORPORAÇÃO

Caros Irmãos e Companheiros! Nosso fim é relatar-vos como e de que maneira esta nobre e importante Arte começou e por­que foi protegida pelos maiores reis e muitas outras pessoas eminentes e honradas. Queremos também fazer conhecidos de todos os que o desejarem, os deveres que todo o maçom fiel deve cumprir, de consciência e por vontade própria.
Há sete ciências livres: a gramática, a retórica, a dialética, a aritmética, a geometria, a música e a astronomia, as quais se fundam todas em uma, que é a geometria, por meio da qual o homem aprende a medir e a pesar o que é indispensável não só ao comerciante como aos membros de todas as outras corporações.
O princípio de todas as ciências foi descoberto pelos dois filhos de Lameque: Jabal, o mais velho, descobriu a Geometria e Tubal-Cain, a arte de forjar. Eles inscreveram os resultados de suas descobertas sobre dois pilares de pedra, a fim de que pudessem ser encontrados depois do Dilúvio. Hermes encontrou um desses pilares, estudou as indicações neles contidas e ensi­nou, em seguida, a outros o que havia conseguido aprender. Quando se construiu a Torre de BabeI, a maçonaria começou a ganhar uma importância extraordinária, e o próprio rei Nimrod era maçom e testemunhava uma grande predileção por esta nobre Arte. Quando se tratou de construir a cidade de Nínive e outras cidades no Oriente, Nimrod enviou trinta ma­çons nessa direção fazendo-lhes diversas recomendações entre as quais esta: "Sede fiéis uns para com os outros, servi fiel­mente àqueles que tiverem autoridade sobre vós, a fim de que para mim, vosso mestre, e para todos vós, resulte honra". A confusão das línguas, que caiu, como castigo, sobre os obreiros da Torre de BabeI pela sua desmedida vaidade, foi, a princípio, um obstáculo para a propagação das leis, artes e ciências. Tor­nou-se necessário então, explicar por sinais aquilo que a pa­lavra não podia mais ensinar: daí o hábito de explicar por sinais, que foi levado para o Egito por Mizraim, filho de Cam, quando este foi habitar o vale do Nilo e, em seguida, espa­lhado por todos os países estrangeiros. Hoje só os sinais feitos com as mãos são usados pelos maçons, sendo os outros apenas conhecidos por uma restrita minoria.
Enfim, quando Abraão veio com sua mulher para o Egito, ensinou aos egípcios as sete ciências e tiveram um discípulo, de nome Euclides, que se distinguiu extraordinariamente nesses estudos. Euclides tornou-se um mestre das sete ciências; ensi­nou principalmente a geometria e estabeleceu uma regra de conduta, nos seguintes termos: Em primeiro lugar, sedes fiéis ao rei e aos países a que pertenceis: em seguida, amai-vos uns aos outros e sede fiéis e dedicados entre vós. Dai-vos o nome de Irmão ou Companheiro. É ao mais sábio que todos devem escolher para Mestre, e é expressamente proibido fazer a sua escolha por amizade, por qualidade de nascimento ou pela ri­queza; não deveis permitir que outro, senão o mais capaz seja eleito. Deveis comprometer-vos por um solene juramento, a observar todas estas prescrições.
Muito tempo depois, o rei David empreendeu a Construção de um Templo, em Jerusalém, que foi chamado o Templo do Senhor. Ele muito amava os maçons e lhes comunicou os regulamentos e usos que Euclides lhe havia transmitido. Depois da morte de David, Salomão acabou a construção do Templo; mandou maçons a diversos países e conseguiu reunir 40.000 obreiros de pedra, aos quais também denominou maçons. Entre eles escolheu 3.000, que foram chamados mestres e dirigiam os trabalhos.
Havia ainda num outro país, um rei que seu povo chamava de Hiram o qual forneceu toda a madeira para a cons­trução do Templo. Salomão ratificou todos os regulamentos e costumes que seu pai tinha introduzido entre os maçons. Deste modo, a Arte da maçonaria firmou-se no país, em Jerusalém e em muitos outros reinos. Membros inteligentes dessas asso­ciações viajavam para o estrangeiro tanto para se instruírem, como para ensinarem. Foi assim que um excelente maçom Ninus Graecus (Mannon), veio para a França, e aí fundou a Maço­naria.
A Inglaterra ficou privada de qualquer instituição deste gênero até o tempo de Santo Albano. Nesta época, o rei de Inglaterra, que era pagão, cercou a cidade de Santo Albano de uma zona murada. Foi a Santo Albano que ele confiou a direção desses trabalhos. Ele deu aos maçons um bom salário e obteve para eles, do rei, permissão para se reunirem em assembléia geral. Ele auxiliou a recepção de novos maçons e lhes ditou regulamentos e leis.
Pouco tempo depois da morte de Santo Albano, muitas nações estrangeiras fizeram guerra à Inglaterra, de sorte que esses regulamentos cessaram, pouco a pouco, de estar em vigor, até o reinado de Athelstan. Este era um digno príncipe; paci­ficou seu reino e ordenou a edificação de muitas abadias, de numerosas cidades e executou outros grandes trabalhos, sem­pre muito amigo dos maçons. Porém seu filho Edwin, que praticava muito a Arte da geometria, ainda os favoreceu mais. Foi recebido maçom e obteve do rei seu pai a autorização de convocar, todos os anos, todos os maçons em assembleia geral em local de sua conveniência, a fim de se comunicarem, reci­procamente, as faltas que tivessem cometido e as transgressões de que se tornassem culpados e de puni-Ias. Ele próprio pre­sidiu em York uma dessas assembleias, recebeu novos maçons deu-lhes regulamentos e prescreveu-lhes usos. Quando se reuniu a assembleia, ele convidou todos os maçons, tanto os velhos como os novos, a darem ciência a seus companheiros daquilo que podiam conhecer dos usos e das obrigações impostas aos maçons, que residissem no reino, ou no estrangeiro. E quando, para responder a este apelo, fizeram-se os escritos para esse fim, foram encontrados alguns em francês, outros em grego em inglês e em outras línguas, os quais foram reconhecidos, absolutamente idênticos quanto ao fim a que se propunham. Depois foram todos reunidos em um livro que indicava, do mesmo modo, como esta descoberta tinha sido feita. Ele reco­mendou que este livro fosse lido e comentado, cada vez que fosse recebido um novo maçom, antes de lhe fazer conhecer as obrigações que lhe seriam impostas. Desde esse dia, até a época atual os usos e práticas dos Maçons se têm conservado sob a mesma forma, dentro dos limites do poder humano.
Nas diversas assembleias foram estabelecidas diversas leis e ordenações, reconhecidas necessárias ou úteis, pelo critério dos mesmos e dos principais companheiros. Eis a antiga tradição:

LEIS E OBRIGAÇÕES PRESCRITAS AOS MAÇONS PELO PRÍNCIPE EDWIN

1º.  Vosso primeiro dever é honrar a Deus e observar as leis dos noaquitas, porque são preceitos divinos, aos quais todos os homens devem obediência. Deveis evitar todas as heresias, e não ofender a Deus, escutando-as.
2º.  Sereis fiéis ao vosso rei e nunca o deveis trair; e, qualquer que seja o lugar onde estiverdes, deveis submeter-vos lealmente à autoridade. Nunca pratiqueis o crime de traição e, se descobrirdes uma conspiração, denunciai-a ao rei.
3º.  Estai sempre prontos a vos ajudardes mutuamente e uni-vos todos, pelos laços de uma verdadeira amizade; nunca encontreis um empecilho para este fim, na diferença de reli­gião ou de opinião.
4º.  É, principalmente, em relação uns com os outros, que deveis manter vossa fidelidade, ensinai-vos mutuamente os progressos que adquiristes na nobre Arte e ajudai aos menos esclarecidos; não vos calunieis e agi para com vossos irmãos como desejaríeis que agissem para convosco. Se acontecer que algum irmão falte aos seus deveres para com o outro, ou mesmo para com qualquer pessoa, ou que se torne culpado de outra falta, todos devem auxiliá-lo a reparar o mal e a se corrigir.
5º.  Deveis alinhar-vos exatamente com as disposições e decisões tomadas em loja, e não confiar, senão a um membro da confraria, seus sinais particulares.
6º.  Cada qual deve abster-se escrupulosamente de qual­quer deslealdade, pois a honra e a fidelidade são indispensáveis à manutenção da confraria, e uma boa reputação é um grande tesouro. É preciso, também, não descuidar do interesse do Senhor ou do mestre ao qual obedeceis, e concluir sempre, de modo satis­fatório, a obra empreendida.
7º.  É necessário, igualmente, pagar integralmente tudo a que for devido e, sobretudo, nunca contrair dívidas que compro­metam a honra da confraria.
8º.  Notai bem que nenhum mestre deve empreender um trabalho se não for capaz de executá-lo, porque se tal acon­tecesse, ele causaria o maior prejuízo à nobre Arte e confraria. O mestre deve estipular um salário conveniente, que lhe per­mita viver e pagar razoável e equitativamente a seus obreiros.
9º.  Ninguém deve procurar ambicionar ao outro; deve-se deixar a cada qual o trabalho que arranjou, a menos que fique provado ser incapaz de executá-lo.
10º.              Ademais, nenhum Mestre deve admitir um Aprendiz, senão com a condição de se comprometer por sete anos, e só pode recebê-lo maçom com o consentimento de seus Irmãos.
11º.              É necessário, para um Mestre ou um Compa­nheiro propor uma pessoa à admissão na confraria e para que se possa aceitá-la, que esta pessoa tenha nascido livre, seja de uma reputação sem mácula, que possua todas as capacidades exigidas e seja sã de corpo e de espírito.
12º.              Em seguida, dá-se por fortemente recomendado aos Com­panheiros que não critiquem o trabalho dos outros, se ele não sabe executá-lo melhor do que aquele a quem repreende.
13º.              Todo Mestre deve submeter-se às observações que lhe faz o presidente dos trabalhos, da mesma sorte os Companheiros em relação a seus mestres devendo todos agir encadeamente.
14º.              Todos os maçons devem obedecer a seus superiores e estarem sempre prontos a executar o que eles determinarem.
15º.              Além disso, cada maçom deve acolher os Compa­nheiros que vindos de fora e fazer os sinais de reco­nhecimento apropriados. Em seguida, deve cuidar deles como está prescrito: deve ainda levar socorro aos seus irmãos desafortunados, logo que tenha conhecimento das suas necessidades.
16º.              Nem os Mestres, nem os Companheiros podem dar ingresso na Loja a qualquer pessoa que não tenha sido iniciada maçom para aprender a arte da forma, ou deixá-lo trabalhar na pedra, ou enfim mostrar-lhe o compasso e o esquadro; e muito menos ensinar-lhe o seu uso.

Eis os deveres e obrigações que são bons e úteis de se observarem. Tudo o que, para o futuro, for também julgado e reconhecido bom e útil, deverá ser registrado sempre, pelos superiores, que darão conhe­cimento disso aos outros, para todos os irmãos serem instruídos sob essas prescrições.

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