INTRODUÇÃO
O
Manuscrito Halliwell ou Poema Régio é datado por volta de 1390 e composto de
794 versos com rima emparelhada em inglês arcaico, tratando do Ofício Maçônico
como era praticado na Inglaterra do Século XIV. Sua autoria não é totalmente
esclarecida, sendo usualmente atribuída a um clérigo que tenha sido capelão ou
secretário do Ofício. Foi publicado pela primeira vez em 1840 por James O.
Halliwell com o título “The Early History of Freemasonry in England”, atualmente
o manuscrito encontra-se no Museu Britânico, transferido da biblioteca real
(quando passou a ser conhecido por manuscrito régio) em 1757 por doação do rei
Jorge II.
A suma
importância dada a este manuscrito pela Tradição Maçônica vem do fato de este
ser comprovadamente o mais antigo documento de Maçonaria Operativa Insular que se tem
registro. Comprovadamente se frisa, pois há documentos de datação ou
pertinência contestada.
\
As
Obrigações Anglo-Normandas (1356), que se trata não de um documento da
Maçonaria em si, mas uma legislação sobre o ofício da mesma; http://pedraoculta.blogspot.com.br/2015/02/as-obrigacoes-anglo-normandas-o.html
\
Édito de
Rotário (Edictum Rothari) foi um édito promulgado (643) pelo rei da Lombardia,
Rotário, cujo apenas um trecho legisla sobre o Ofício; http://pedraoculta.blogspot.com.br/2013/11/o-edito-de-rotario.html
\
A Antiga
Constituição de York, adotada (926), ou Constituição Legal das Lojas Maçônicas
da Inglaterra qual o original (hodiernamente se tem ciência somente de uma tradução) não foi encontrado
e o texto difere um tanto dos “primos” mais próximos pondo em cheque sua datação.
http://pedraoculta.blogspot.com.br/2013/11/a-constituicao-de-york.html
\
A Carta
de Bolonha (1248), que por não ser de origem insular (Inglaterra/Escócia) e sim continental
(italiana), tem sua pertinência ao Ofício contestada. https://bibliot3ca.wordpress.com/a-carta-de-bolonha-de-1248-e-%C2%B4-v-%C2%B4/
A CONSTITUIÇÃO DO POEMA
O Poema
Régio, escrito em linguagem poética, possui uma constituição bem comum as
demais Antigas Obrigações e possivelmente tenha em certo grau, servido de inspiração
as mesmas ou possuindo uma fonte ancestral em comum. Seus tópicos podem ser
relacionados da seguinte maneira (em ordem):
Tradição
\
A
História do Ofício: Uma narrativa do porque e como o Ofício foi fundado, sua
chegada à Inglaterra e posterior regulamentação.
Legislação[1]
\
Os
Artigos: artigos legais que legislam, sobretudo, quanto às questões trabalhistas
da Maçonaria Operativa;
\
Os
Pontos: os pontos complementam os artigos e parecem ter sidos posteriormente
elaborados, além de outras questões trabalhistas, abordam também as relações entre
os trabalhadores do Ofício;
\
Outras
ordenanças: as “outras ordenanças” regula principalmente sobre a constituição
das Assembleias.
Moral
\
A Arte
dos Quatro Coroados: narra à lenda dos Quatro Coroados, mártires padroeiros do
Ofício como alusão a fidelidade maçônica;
\
(A Torre
da Babilônia): cita a passagem bíblia da “Torre de Babel” vista no Gênesis como
alusão a humildade e bom emprego do Ofício.
Instrução
\
(As Sete
Ciências): relaciona as sete artes e ciências clássicas e ressalta sua importância
na formação do Maçom.
Religiosidade
\
(A
adoração ao Senhor): fornece instruções quanto à prática da profissão de fé
pelo Maçom.
Conduta
\
(O bom
comportamento): provem regras de conduta e etiqueta em geral, principalmente sobre
os comportamentos entre superiores, pares e em eventos sociais.
SOBRE A TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO
O texto
original por se encontrar em linguagem poética no inglês arcaico apresenta
grande dificuldade para sua conversão em outra língua moderna, para auxílio
desta tarefa foram empregadas 2 adaptações para o inglês moderno e 2 para o
espanhol.
As rimas originais
não puderam ser adaptadas por predileção à clareza e fidelidade ao texto
original, alguns termos tiveram de ser traduzidos diferentemente, pois visto
seu contexto, se assemelhavam a palavras diferentes em nosso vernáculo.
Título
auxiliares para melhor segmentar o texto foram inseridos entre parênteses e não
fazem parte do manuscrito original, assim como, foram removidas algumas quebras
de linhas para dar uma melhor fluidez à leitura. Notas explicativas como de
costume, foram inseridas ao longo do texto conforme necessidade de esclarecer
determinadas passagens.
AQUI COMEÇAM AS CONSTITUIÇÕES DA ARTE DA
GEOMETRIA DE ACORDO EUCLIDES[2]
- Tradução e adaptação por Tiago Roblêdo
Quem
bem tanto ler quanto apreciar
Este
antigo livro, poderá encontrar gravado
Acerca
grandes lordes e também damas,
Quais
eventualmente conceberam muitas crianças;
Mas
não tiveram recursos para mantê-los consigo,
Nem
na cidade, no campo ou na mata fechada;
Contudo
reunidos, formaram uma Assembleia,
Para
deliberar em benefício dessas crianças,
Como
elas melhor poderiam levar sua vida
Sem
maiores moléstias, carências e conflitos;
E
também para as gerações que adviriam.
Então,
algumas dessas crianças buscaram grandes sábios,
Para
que os ensinassem as boas obras;
E
por elas foi rogado, pelo amor do nosso Senhor.
Para
que tais crianças tivessem algum trabalho a laborar,
Que
elas pudessem assim, ganhar a vida,
Tanto
bem quanto honestamente e em total segurança.
Quando
então, pela boa Geometria[3],
O
Ofício honesto da boa Maçonaria
Foi
para isto ordenado e cumprido,
Replicado
conjuntamente por esses sábios;
Nas
orações destes lordes que replicaram a Geometria,
E
deram-lhe nome de Maçonaria,
Para
o os Ofício mais honesto de todos.
As
crianças destes lordes nele se arrojaram,
A
fim de aprenderem tal Ofício da Geometria,
O
qual era ensinado, com todo afinco;
Pelas
as súplicas de seus pais e também de suas mães,
Neste
honesto Ofício foram empregados.
Aquele
que melhor aprendia, e possuía honestidade,
Qual
superava seus Companheiros em afinco,
E
se destacava no Ofício,
Deveria
ser mais venerado que os demais,
O
nome deste grande sábio foi Euclides,
Cheio
de alarde, seu nome era vastamente difundido.
Este
grande sábio ainda havia ordenado
Que
aquele que alcançasse maior avanço,
Que
devesse ensinar ao de menor faculdade
Para
que fosse aperfeiçoado nesse Ofício honesto;
E
assim cada um deveria ensinar ao outro,
E
se amarem mutuamente como irmão e irmã.
Além
disso, também havia ordenado,
Que
este fosse chamado de Mestre
A
fim de que fosse apropriadamente venerado,
Deveria
ser assim chamado;
Todavia
um Maçom nunca deveria chamar a outro
Dentre
todos aqueles do Ofício,
Nem
de sujeito, nem de vassalo, nem de meu querido irmão,
Porquanto
que nenhum não é melhor que o outro;
A
cada um dos outros Companheiros deverá chamar pela amizade,
Pois
de damas foram nascidos.
Desta
forma, pela boa ciência da Geometria,
Começou
o Ofício da Maçonaria;
O
sábio Euclides deste modo fundou,
O
Ofício da Geometria nas terras do Egito[4].
E
no Egito, ensinou amplamente,
Em
diversas terras e em todas as direções;
Muitos
anos depois, é sabido,
Antes
que o Ofício aqui chegasse.
Este
Ofício enfim chegara à Inglaterra, como é contado,
Nos
dias da época do bom rei Athelstane[5];
Ele
erigiu então, tanto salões quanto caramanchões[6],
E
altos templos de grande honra,
Para
ocupá-lo tanto de dia quanto de noite,
E
venerar seu Deus com toda sua força.
Este
bom lorde amou muito bem ao Ofício,
E
propôs fortalecê-lo em todos seus aspectos,
Dado
as diversas falhas que havia encontrado neste Ofício;
Ele
esquadrinhou sobre a terra
Em
busca de todos os Maçons do Ofício,
Para
que em todos a ele viessem diretamente,
A
fim de corrigir todas essas falhas
Pelo
bom conselho, se assim pudesse.
Uma
Assembleia, então, foi constituída
Com
diversos lordes em suas categorias,
Duques,
condes e também barões,
Cavaleiros,
escudeiros e muitos outros,
Além
dos grandes burgueses daquela cidade,
Todos
eles estavam lá em suas posições;
Cada
um certamente ali estava,
Para
deliberar os Estatutos dos Maçons,
Lá
demandaram por sua faculdade,
Como
poderiam os governar;
E
Quinze artigos lá demandaram,
Além
de quinze pontos que lá constituíram,
Aqui começa o primeiro artigo.
O
primeiro artigo desta Geometria;
O
Mestre Maçom deve ser de inteira confiança
Tanto
firme quanto fiel e verdadeiro,
Nunca
devendo se lamentar;
Pagando
a seus Companheiros segundo seu custo,
Conforme
viveres correntes de então, como é bem sabido;
E
os pagar fielmente, sobre a vossa boa fé,
O
que possam merecer;
E
que seu pagamento não tome mais,
Que
aquilo para qual puderam servir;
E
rechaçar pelo amor ou pelo temor,
Que
nenhuma parte aceite suborno;
Nem
de lorde, nem Companheiro, ou de quem quer que seja,
Deles
não se deve aceitar nenhuma espécie de propina;
E
como um juiz manter-se reto,
Então
farás a ambos a boa justiça;
E
em verdade, fazendo isto onde quer que vás,
Deverás
conquistar mais respeito e lucro.
Segundo artigo.
O
segundo artigo da boa Maçonaria,
Como
se deve agora especialmente atentar,
Que
todo Mestre, que seja um Maçom,
Deva
comparecer a convocação geral,
Para
que possa ser dada ciência satisfatoriamente
Onde
a Assembleia deverá ser realizada;
E
para tal Assembleia deverá comparecer,
A
menos que possua um motivo razoável,
A
não ser que seja desobediente ao Ofício
Ou
por dolo seja ludibriado,
Ou
então que adoeça tão gravemente,
Que
não possa vir a se reunir;
Qual
seria uma boa razão, apropriada,
E
sem engodo para cabular tal Assembleia.
Terceiro artigo.
O
terceiro artigo em verdade é,
Que
o Mestre não tome Aprendiz,
A
menos que possa garantir bom alojamento
Para
ele por sete anos, conforme é dito,
A
fim de proveitosamente aprender seu Ofício;
Em
um período inferior ele não estaria capacitado
Nem
para vantagem dos lordes, nem dele mesma
Como
podes por uma boa razão compreender.
Quarto artigo.
O
quarto artigo deve ser,
Qual
o Mestre bem deve observar,
De
não fazer nenhum vassalo um Aprendiz,
Que
não o faça por ambição alguma;
Pois
o senhor qual este esteja obrigado,
Poderia
retomar o Aprendiz, onde quer que esteja.
O
que se em Loja se acontecesse,
Muita
insatisfação ocorreria,
Caso
viesse a suceder,
Tal
coisa poderia insatisfazer alguns ou a todos.
Por
isso todos os Maçons que lá estejam
Deverão
todos em conjunto se opor.
Caso
o vassalo permaneça no Ofício,
Devido
os diversos infortúnios que se pode citar;
Então,
para maior tranquilidade e probidade,
Que
se faça um Aprendiz de condição mais elevada.
Nos
registros dos tempos antigos é encontrado
Que
um Aprendiz deveria ser de linhagem nobre;
E
assim por vezes, a descendência dos grandes lordes
Perfilhou
esta Geometria qual é de toda boa.
Quinto artigo.
O
quinto artigo é muito bom,
Que
o Aprendiz deva ser de descendência legítima;
Pois
o Mestre não deve, por qualquer vantagem,
Fazer
nenhum Aprendiz que seja inválido;
Isso
significa, como podeis atentar
Que
tenha todos os seus membros incólumes;
Para
o Ofício seria uma grande ignomínia,
Aceitar
um amputado e um coxo,
Pois
um homem deficiente de nascença
Seria
de pouca benesse ao Ofício.
Portanto,
deve ser de conhecimento geral,
Que
o Ofício requer um homem forte;
E
um homem aleijado qual não teria a força requerida,
Como
já é há tempos sabido.
Sexto artigo.
O
sexto artigo, dele não se deve extraviar
Que
o Mestre não dê ao lorde nenhum prejuízo,
Cobrando
do lorde por seu Aprendiz,
Como
em todo caso, cobraria por um de seus Companheiros,
Pois
estes neste Ofício foram plenamente aperfeiçoados,
Porém,
o outro não, e isto deve ser observado.
Logo,
seria contra a boa razão,
Cobrar
seu salário como faria a seus Companheiros.
Este
mesmo artigo, neste caso,
Ajuíza
ao Aprendiz a ganhar menos
Que
os Companheiros, qual foram plenamente aperfeiçoados.
Em
diversas matérias, se sabe em contrapartida,
O
Mestre pode instruir seu Aprendiz,
A
fim de que seu salário possa aumentar em breve,
E
antes que seu encargo chegue ao fim,
Seu
salário possa muito bem ser reajustado.
Artigo sétimo.
O
sétimo artigo, que então está aqui,
Por
completo bem contará a todos
Que
nenhum Mestre pelo favor ou temor,
Não
deverá vestir nem alimentar nenhum ladrão.
Ou
para ladrão algum deverá dar abrigo,
Nem
a aquele que matar um homem,
Nem
a alguém fama duvidosa,
Para
que não leve o Ofício a ignomínia.
Artigo oitavo.
O
oitavo artigo assim expõe,
Que
o Mestre poderia fazer bem.
Caso
possua qualquer homem do Ofício,
E
este não seja tão competente como deveria,
Poderá
então, o substituir de pronto,
E
escalar outro alguém mais competente.
Tal
homem por mero descaso,
Pode
prestar pouco respeito ao Ofício.
Artigo nono.
O
nono artigo expõe muito bem,
Que
o Mestre seja sábio e forte;
Que
não trabalhe em uma empreitada,
Qual
não possa tanto desempenhar quanto concluir;
E
que também seja proveitoso para os lordes,
E
para o seu Ofício, onde quer que vá;
E
que a obra qual trabalhe seja bem feita,
Que
nem ceda nem rache.
Artigo décimo.
O
décimo artigo é para saber,
Dentre
o Ofício, para um superior ou subalterno,
Nenhum
Mestre haverá de arvorar o outro,
E
sim estarem aliados como irmão e irmã,
Neste
interessante Ofício, todos e quaisquer,
Quais
estejam obrigados a um Mestre Maçom.
Não
deverão arvorar nenhum outro homem,
Qual
tenha assumido um trabalho,
A
pena para isso será muito severa,
Ela
custará nada menos do que dez libras,
A
menos que haja alguma infração comprovada,
Contra
aquele que antes havia pego o trabalho;
Salvo
isso, ninguém na Maçonaria
Deverá
arvorar a outro impunemente,
Contudo,
se o trabalho estiver sendo executado,
De
forma que a obra não progrida;
Então
um Maçom poderá requerer este trabalho,
Para
resguardar o proveito do lorde
Neste
caso, se insto ocorra,
Nenhum
Maçom devera se opor.
Em
verdade, aquele que iniciou a obra,
Se
Maçom bom e firme,
Terá
segurança em mente
Para
levar plenamente o trabalho a bom termo.
Artigo décimo-primeiro.
O
décimo-primeiro artigo proferido,
Que
é tanto justo quanto livre;
Pois
instrui, por sua força,
Que
nenhum Maçom deva trabalhar a noite,
Exceto,
se for para aperfeiçoar suas faculdades,
Caso
as possa aprimorar.
Artigo décimo-segundo.
O
décimo-segundo artigo é de alta honestidade
Todo
Maçom, onde quer que esteja,
Não
deverá depreciar o trabalho de seus Companheiros,
Caso
queira salvaguardar vossa honra;
Somente
por palavras honestas ponderará,
Pela
faculdade qual Deus proveu;
Senão
retificar da forma que se possa,
Um
ao outro sem nenhum melindre.
Artigo décimo-terceiro.
O
artigo décimo-terceiro, assim Deus conceda ajuda,
É,
caso o Mestre possua um Aprendiz,
Então
que o instrua plenamente,
Para
que aprenda o Ofício habilmente,
Onde
abaixo do sol, quer que esteja.
Artigo décimo-quarto
O
artigo décimo-quarto por uma boa razão,
Mostra
ao Mestre como deve agir;
Ele
não deve tomar Aprendiz para si,
A
menos que diversas tarefas tenha a realizar,
Qual
o possibilite dentro de sua estadia,
O
permitir aprender os diversos quesitos.
Artigo décimo-quinto.
O
artigo décimo-quinto põe um fim,
Para
o Mestre, ele é um aliado;
Pois
o assim ensina, que para com ninguém,
Deve
levar uma relação dissimulada,
Nem
manter seus Companheiros em seus equívocos,
Por
nenhum bem que possa vir a conseguir;
Nem
nenhum falso juramento os deixe fazer,
Por
temor a salvação de suas almas,
Para
que não leve Ofício a ignomínia,
E
a si mesmos uma severa culpa.
Constituições gerais.
Nesta
Assembleia foram ordenados mais alguns pontos,
De
grandes lordes e também Mestres.
Primeiro Ponto.
Quem
quiser aprender este Ofício e chegar a tal condição,
Deverá
sempre amar bem a Deus e santa igreja,
E
também ao Mestre com qual esteja,
Onde
quer que vá, no campo ou na mata fechada,
E
deverá amar ainda, aos vossos Companheiros,
Pois
é o que vosso Ofício requer que faças.
Segundo Ponto.
O
segundo ponto como é dito,
Que
o Maçom labore no dia de trabalho,
Tão
fielmente quanto puder,
A
fim de merecer seu salário para o dia de folga,
E
fielmente labutar em seu afazer,
Para
bem merecer a sua recompensa.
Terceiro ponto.
O
terceiro ponto deve ser rigoroso,
Como
o Aprendiz deve saber bem,
O
conselho de seu Mestre deve zelar e guardar,
Assim
como os de seus Companheiros por um bom propósito;
Os
segredos da câmara não dirá a ninguém,
Ou
o que quer que façam em Loja;
O
que quer que veja ou ouça lá ser feito,
Não
dirá a ninguém, onde quer que vá;
Os
conselhos do salão, ou mesmo do caramanchão,
Zela
bem, para que engrandeça vossa honra,
A
fim de que não traga desaprovação a si próprio,
E
leve ao Ofício grande ignomínia.
Quarto ponto.
O
quarto ponto também ensina,
Que
ninguém em seu Ofício seja dissimulado;
Que
não persista em nenhum erro
Qual
atente contra o Ofício, e sim o renunciar;
Nem
nenhum prejuízo deverá cometer
A
seu Mestre, nem também a seu Companheiro;
E
embora o Aprendiz possa ser relevado,
Ainda
assim, está submetido à mesma lei.
Quinto ponto.
O
quinto ponto é certamente,
Para
quando o Maçom tomar seu pagamento
Qual
o Mestre tenha designado,
Pleno
de humildade o deverá receber conforme apropriado;
No
entanto, o Mestre deve, por uma boa razão,
Legitimamente
o avisar antes do meio dia,
Caso
não vá mais o empregar,
Conforme
havia sendo feito;
Contra
essa ordem, não se deve opor,
Caso
pense bem em prosperar.
Sexto ponto.
O
sexto ponto é plenamente dado a conhecer,
Tanto
pelo superior quanto pelo subalterno,
Pois
tal caso poderia acontecer;
Com
todo e qualquer Maçom,
A
inveja ou o ódio mortal,
Amiúde
eriça uma grande contenda.
Então,
o Maçom deve caso possa,
Reunir
ambas as partes em um dia;
Porém
não deverão reconciliar nada,
Até
que o dia de trabalho seja cumprido,
Ou
que haja folga suficiente para fazer a reconciliação,
Afim
de que tal disputa não impeça seus trabalhos;
Os
reúna então para esse fim,
Para
que fiquem bem perante a lei de Deus
Sétimo ponto.
O
sétimo ponto, pode bem significar,
Sobre
a longa boa vida que Deus dá,
Como
claramente bem descrito,
Não
compartilharás o leito da esposa de vosso Mestre,
Nem
de vossos Companheiros, ou de ninguém,
Afim
de que o Ofício não o despreze;
Nem
mesmo a concubina de vosso Companheiro,
Faz
não menos do que queres que façam por vós.
A
pena sobre isso, saiba bem,
É
permanecer como Aprendiz por sete anos completos,
Caso
se perca em qualquer destas faltas
Deverá
então, logo ser castigado;
Pois
muita preocupação poderá advir,
Por
esta falta de pecado tão mortal.
Oitavo ponto.
O
oitavo ponto, certamente,
Sobre
caso tomes qualquer cargo,
Ao
vosso Mestre sejas fiel,
Sobre
este ponto nunca deves lastimar;
E
um verdadeiro mediador deverás ser
Ao
vosso Mestre e aos vossos Companheiros livres;
Faças
fielmente tudo o que vós puderes,
Por
ambas as partes, pois esta é a boa conduta.
Nono ponto.
O
nono ponto deve evocar,
Aquele
que é o servente[7] do
salão,
Se
a câmara estiver reunida,
Cada
um servirá ao outro com branda alegria;
Gentis
Companheiros, deveis saber,
Que
todos terão sua vez como serventes,
Semana
após semana, sem dúvida,
Todos
deverão ter sua vez como serventes,
Para
amigavelmente servir cada um dos outros,
Como
se fossem irmão e irmã;
Lá
não deverá cobrar nenhum gasto
Excetuando
a si mesmo desta regalia,
Contudo,
todos igualmente remidos
Nesse
gasto, deverão estar;
Sempre
observado a bem pagar qualquer um,
Qual
tenha fornecido quaisquer insumos consumidos,
Para
que nenhuma queixa seja feita para vós,
Nem
a vossos Companheiros em nenhuma instância,
Ao
homem ou a mulher, quem quer que seja,
Pague
bem e fielmente, pelo o que foi consumido;
Assim
como, de vosso Companheiro toma a conta correta,
Para
que faça um pagamento correto,
A
fim de não levar vosso Companheiro à ignomínia,
E
trazer a vós mesmo grande desaprovação.
Não
obstante, a conta correta deverá fazer
Das
coisas qual tenha adquirido,
Dos
bens de vossos Companheiros que foram gastos,
Onde,
como e para que fim;
Tais
contas deverás vir a prestar,
Quando
vossos Companheiros requererem que o faça.
Décimo ponto.
O
ponto décimo apresenta bem a boa vida,
Para
viver sem carências e conflitos;
Porque,
se o Maçom vive malignamente,
E
no seu trabalho for sabidamente dissimulado,
Que
por falsos argumentos
Venha
difamar seus Companheiros sem razão,
E
por falsas calúnias de tal infâmia
Possa
fazer o Ofício ser desaprovado.
E
fazendo ao Ofício tal vilania,
Para
este, nenhum favor será assegurado.
Nem
indulgencie sua vida maléfica,
Para
que não caia em carências e conflitos;
Ainda
assim, não o deverá dar trégua alguma,
Até
que esteja compelido,
A
comparecer onde quer que seja,
Onde
o for demandado, voluntariamente ou obrigado;
Na
próxima Assembleia que o convocarem,
Para
que compareça perante todos seus Companheiros,
E
a menos que perante eles compareça,
Deverá
renegar o Ofício;
Devendo
então ser punido conforme a lei
Que
foi estabelecida nos antigos dias[8].
Décimo-primeiro ponto.
O
ponto décimo-primeiro é o da boa discrição,
Como
por uma boa razão deveis saber;
Um
Maçom, se seu Ofício conhece bem,
Qual,
vendo o seu Companheiro desbastando uma pedra,
De
forma a estragar tal pedra,
Caso
possa, deve de pronto corrigir isto,
E
o ensinando então o fazer corretamente,
A
fim de que o trabalho do lorde não seja prejudicado,
O
ensinando brandamente a maneira correta,
Com
palavras justas, que Deus proveu;
Através
da graça de quem mora no alto,
Com
palavras doces cultive seu amor.
Décimo-segundo ponto.
O
ponto décimo-segundo é de grande majestade,
Onde
a Assembleia for constituída,
Deverão
estar presentes Mestres e também Companheiros,
E
muitos outros grandes lordes;
Deverão
ainda, estar lá presente, o xerife daquela terra,
E
também o prefeito daquela cidade,
Lá
haverão cavaleiros e escudeiros,
E
também vereadores, como se verá;
Tal
ordenança, que lá for constituída,
Deverá
ser obedecida na integra
Frente
a qualquer homem, quem quer que seja,
Qual
pertença ao justo e livre Ofício.
Se
qualquer infração cometer contra ela,
Será
posto sob custódia e ficará detido.
Décimo-terceiro ponto.
O
ponto décimo-terceiro é de todo desejo,
Deveis
jurar nunca se tornar um ladrão,
Nem
socorrer algum em seu falso Ofício,
Por
bem algum que o oferte,
Disto
saiba ou pecará,
Não
o cometa nem em benefício próprio nem por vossa família.
Décimo-quarto ponto.
O
ponto décimo-quarto é plena boa lei
Para
aquele que esteja vacilante;
Um
bom e fiel juramento deverá prestar
A
seu Mestre e Companheiros qual lá estejam;
Deve
ser firme e também fiel
Onde
quer que vá, a qualquer ordenança,
E
ao seu lorde soberano, o Rei,
Ser
fiel acima de tudo.
Aos
pontos integrais aqui citados
Quais
deves prestar juramento,
Todos
também deverão prestar
Qualquer
Maçom, voluntária ou relutantemente.
A
todos pontos aqui citados deverão jurar,
Quais
foram ordenados pelo bom cabedal.
Qualquer
um deverá ser esquadrinhado
Todo
vosso grupo, tão bem quanto se possa,
Caso
alguém vier a ser considerado culpado
Em
infringir qualquer um destes pontos em particular;
Que
se vá em seu encalço, seja que seja,
E
o submeta a Assembleia.
Décimo-quinto ponto.
O
ponto décimo-quinto é pleno bom cabedal,
Para
aqueles que prestaram juramento,
Foi
proposto em Assembleia esta ordenança
Pelos
grandes lordes e Mestres antes citados;
Sabidamente
reservada aos que cometeram infrações,
Atentando
contra uma ordenança vigente,
E
aos artigos nesta propostos,
Pelos
grandes lordes e Maçons em conjunto,
Sendo
considerados culpados
Por
um a um que componha a Assembleia,
E
se neguem a corrigir suas falhas,
Deverão
então se exonerarem do Ofício;
Sem
oposição dos Maçons deste Ofício,
E
ainda, jurarem nunca mais o exercer.
A
menos, que de fato se corrijam,
Nunca
deverão regressar ao Ofício;
E
em caso de descumprimento,
O
xerife logo deverá agir,
Os
detendo nas profundezas da prisão,
Devido
a transgressão que cometeram,
E
confiscar seus bens e seus rebanhos
Por
inteiros para as mãos do Rei,
Os
deixando lá, ainda detidos,
Até
quando seja vontade nosso Rei soberano.
Outra ordenança da Arte da Geometria.
É
decretado que uma Assembleia seja constituída,
Anualmente,
onde quer que seja,
Para
corrigir quaisquer faltas que venham ser conhecidas
Dentro
do Ofício por todo o país;
Todo
ano ou cada três anos, deverá ser constituída,
Em
cada lugar onde quer que se constitua;
Também
deverá ser comunicado hora e lugar,
E
qual local se dará a Assembleia,
Todos
convocados deverão ser membros do Ofício,
Além
de outros grandes lordes, como se verá,
Para
corrigir as faltas das quais se mencionou,
Caso
alguém as tenha cometido.
Lá
todos deverão prestar o juramento,
Qual
compete ao cabedal deste Ofício,
A
fim estabelecer cada um de seus estatutos
Quais
foram ordenados pelo rei Althelstane;
Tais
estatutos que aqui se encontram
São
ordenados a serem estabelecidos por todo o país,
Por
respeito à autoridade,
Que
foi impetrada pela dignidade.
Também
a cada Assembleia que seja reunida,
Que
venham ao seu bravo Rei soberano,
Requerendo
da sua graça,
Que
esteja coadunado em todo lugar,
Para
ratificar os estatutos do Rei Athelstane,
Que
por uma boa razão foram ordenados a este Ofício.
A Arte dos Quatro Coroados[9].
Oremos
agora a Deus todo-poderoso,
E
a sua resplandecente mãe Maria,
Para
possamos preservar esses artigos,
E
esses pontos integralmente,
Como
fizeram esses quatro santos mártires,
Quais
foram de grande honra neste Ofício;
Sobre
a terra foram os melhores Maçons que poderiam,
Também
foram gravadores e imagineiros.
Pois
eram dos melhores obreiros,
O
imperador os tinha alta conta;
E
havia requerido que fizessem um ídolo
Que
pudesse ser adorado em sua graça;
Tais
monumento existiam naquela época,
Para
condução do povo a outras leis que não a cristã.
Entretanto,
fiéis permaneceram a lei de Cristo,
E
ao seu Ofício confiantemente;
Adorando
bem a Deus e a toda sua sabedoria,
O
servindo cada dia mais.
Foram
homens da verdade naquela época,
E
viveram bem na lei de Deus;
Decidindo
que não fariam nenhum ídolo,
Por
nenhum bem qual pudessem ganhar,
Nem
adorariam nenhum ídolo como seu Deus,
Nada
disso fariam, embora pudessem enfurecer o Imperador;
Por
que eles não rejeitariam sua verdadeira fé,
E
não acreditariam na numa lei díspar,
Sem
demora, o imperador os arrebatou,
E
os prostrou nas profundezes de uma prisão;
Mas
lá, quanto mais intensamente os punia,
Mais
júbilo os era concedido pela graça de Cristo,
Logo,
quando viu que nada medrava,
Então
os enviou para morte;
Pelo
livro podem ser conhecidos
Nas
lendas dos santos,
Os
nomes dos Quatro Coroados.
Sua
festa é certamente,
No
oitavado dia após o Dia de Todos os Santos.
(A Torre da Babilônia[10])
Poder-se-á
ouvir sobre aquilo qual será narrado,
Que
por grande temor muitos anos depois
Da
a inundação de Noé ter desabado,
A
Torre da Babilônia foi começada,
Como
um trabalhado de pura cal e pedra,
Como
nunca havia se visto;
Foi
começada tão longa e comprida,
Que
sua altura sombreava sete milhas ao sol.
O
rei Nabucodonosor a fez erigir
Com
magna robustez para a graça do homem,
Pois
se outra inundação viesse a desabar,
Tal
a obra não poderia derrocar;
Por
ela tiveram muito orgulho e grande jactância
Porém
todo este trabalho foi arruinado;
Quando
um anjo os acometeu com diversas línguas,
De
modo que nunca se soubesse o que o outro estivesse falando.
(As Sete Ciências[11])
Muitos
anos depois, o bom sábio Euclides
Prodigiosamente
ensinou o Ofício da Geometria plena e amplamente,
Então
também o fez noutras ocasiões,
Com
os muitos outros Ofícios.
Pela
alta graça de Cristo no céu,
Ele
ingressou nas sete ciências;
Como
sabido, a gramática é a primeira ciência,
Abençoada
seja a dialética, a segunda,
Certamente
a terceira, a retórica,
Como
é dito, a quarta é a música,
Pelo
exclamado, a astronomia é a quinta,
Certamente
a Aritmética, a sexta,
Põe
um fim a sétima, a geometria,
Para
que sejas tanto humildade quanto cortês,
A
gramática em verdade é a raiz,
Quem
quer que seja, a aprenderia num livro;
Porém
a arte, supera tal instância,
Como
o fruto supera a raiz da árvore;
A
retórica afere beleza ao discurso,
E
a música é uma doce canção;
A
astronomia querido Irmão, enumera,
A
aritmética mostra como uma coisa é igual à outra,
A
geometria a sétima ciência é,
Aquela
que separa a mentira da verdade, como sabido
Estas
são as sete ciências,
Quem
bem as emprega, poderá alcançar o céu.
(A adoração ao Senhor)
Agora,
queridas crianças por vossas próprias faculdades
Abandonai
o orgulho e cobiça,
E
voltai vossa atenção à boa discrição,
Trazei
um bom comportamento, de onde quer que venham.
Agora
se roga para que prestem boa atenção,
Para
isso, deverão conhecer o necessário,
Porém,
ainda muito há mais a conhecer,
Além
daquilo que aqui encontrarem escrito.
Se
vossa faculdade vos faltar,
Orem
a Deus para a provenha;
Pois
como o próprio Cristo ensinou
Essa
santa igreja é a casa de Deus,
Esta
é constituída por nada mais
Do
que pela oração, conforme dita o livro;
Lá
o povo deve se reunir,
Para
orar e rogar por seus pecados.
Vigiem
para que não tardem a igreja,
Por
cometer libertinagens as suas portas;
Então
na igreja façam o devido,
Tendo
em mente cada vez mais
De
dia e de noite a adoração ao Senhor teu Deus,
Com
todas as vossas faculdades e até mesmo vossas forças.
Para
quando chegarem às portas da igreja
Dá
a água benta tomar um quinhão,
E
a cada gota que caia em vós
Por
certo se extirpe pecado venial.
Mas
primeiro convém baixar vossos capuzes,
Pelo
vosso amor a quem morreu na cruz.
Quando
forem à igreja,
Sem
demora, elevem vossos corações a Cristo;
Sobre
a cruz dirige vossos olhares, em seguida,
E
ajoelhem sobre os vossos joelhos unidos,
Então
orem a ele para vos empregar,
Sob
a lei da Santa Igreja,
Para
guardarem os dez mandamentos,
Qual
Deus deu a todos os homens;
E
para rezarem com voz branda
Para
vos salvarem dos sete pecados,
A
fim de que possam, nesta vida,
Resguardar-vos
bem das carências e conflitos;
Além
disso, que vos concedam a graça,
De
ter um lugar nas bênçãos do céu.
Que
na santa igreja renunciem as palavras vãs
De
falácias gracejosas e as faltas indecentes,
E
ponham de lado toda a vaidade,
E
orem vosso Pai Nosso e a vossa Ave Maria;
Cuida
também para que não façam balbúrdia,
Ao
invés, que sempre estejam em oração;
E
caso não estejam em oração,
Que
não a dificulte de modo algum a ninguém.
Lá,
nem fiquem de pé nem se sentem,
E
sim, ajoelhem-vos sobre o chão,
E
quando o Evangelho estiver sendo lido,
Levantem-vos
sem auxílio das paredes,
E
se benzam caso o possam,
Ao
começar a Gloria a Deus;
E
quanto o evangelho estiver concluído,
Mais
uma vez poderão se ajoelhar,
Em
ambos os joelhos levados ao chão,
Pelo
amor que nos remiu;
E
quando ouvir o bater do sino
Para
o santo sacramento,
Jovens
e velhos deverão se ajoelhar,
E
juntar ambas as mãos,
E
orar então desta forma,
Claro,
suave, sem ruído;
“Senhor
Jesus bem-vindo seja,
Em
forma de pão como o vejo,
Agora
Jesus pelo teu santo nome,
Protegei-me
do pecado e da vergonha;
Provêm-me
tanto Absorção quanto Eucaristia,
Antes
que daqui me vá,
Na
grande contrição pelas minhas falhas,
Que
eu nunca, Senhor, morra em pecado;
E
como tu advieste da virgem,
Espero
nunca me perder;
Contudo
quando daqui me for,
Concede-me
a benção eterna;
Amém!
Amém! Assim seja!
Agora
doce senhora orai por mim”.
Desta
forma poderão orar, ou de forma parecida,
Quando
ajoelharem durante o sacramento.
Para
galgar o bem, não vos contenham,
Em
adorar aquele que tudo operou;
Pois
um homem pode ser alegre neste dia,
Considerando
que em tal dia poderá ver Deus;
Coisa
certamente tão digna,
Que
virtude dela homem algum poderá balizar;
De
tamanho bem que esta visão fará,
Tanto
que, Santo Agostinho[12]
contou de pleno direito,
Que
no dia que verem o corpo de Deus,
Terão
plena segurança:
De
comer e beber conforme vossa necessidade,
E
nada vos fará falta neste dia;
Tanto
juramentos quanto palavras ociosas,
Deus
naquele dia também perdoará;
A
morte súbita neste mesmo dia
Não
ousarão temer de forma alguma;
Ainda
neste dia, é prometido,
Que
não perderão a visão dos olhos;
E
cada passo que então darem,
Para
ver aquela visão sagrada,
Serão
dados de volta em vossa direção,
Quando
vós estiverdes em grande necessidade;
Que
o mensageiro, o anjo Gabriel,
Guarde
bem a todos vós.
Desta
questão agora se pode passar,
Que
se conte agora, os maiores benefícios da missa:
Frequentem
mais a igreja se puderem,
E
ouçam a missa todos os dias;
Caso
não possam ir rotineiramente à igreja,
Onde
quer que estejam trabalhando,
Quando
ouvirem o sino da missa,
Orem
a Deus com coração plácido,
A
fim de contribuir com vossa parte para aquela profissão de fé,
Que
na igreja será realizada.
(O bom comportamento)
Além
disso, ainda é aconselhado a vós
E
a vossos Companheiros, a instruir-vos,
Sobre
quando estiveres perante um lorde,
No
salão, no caramanchão ou mesmo a mesa,
Devereis
retirar capuz ou gorro que use,
Antes
de ir a presença dele;
E
por duas ou três vezes, certamente,
Devereis
se curvar ante este lorde;
Fazendo-o
com o vosso joelho direito,
Assim
resguardará vosso respeito próprio.
Ainda
sobre retirar vosso gorro ou capuz,
Não
os ponha de volta até que vos seja concedido.
Durante
todo o tempo que vos dirigir a ele,
Mantenhas
o queixo alto com justeza e cortesia;
Assim,
após vos comportar conforme instruído,
O
encares gentilmente.
Mantenha
quietos pés e mãos,
E
age habilmente, sem vos arrastar ou tropeçar;
Evade
também de cuspir ou fungar,
Fazendo
tais necessidades apenas privadamente,
A
fim de seres sábio e discreto,
Grande
necessidade tem de vos governar bem.
Quando
fores entrar no salão,
Entre
bons e corteses cavalheiros,
Não
pressuponha acerca de nada,
Nem
sobre a estirpe ou instrução de alguém,
Nem
onde sentar ou repousar,
Este
é o comportamento bom e polido.
Não
deixes vosso semblante se abater,
Pois
o bom comportamento irá resguardar vossa condição.
Seja
quem for vosso pai ou mãe,
Boa
é a criança qual se comporta bem,
No
salão, na câmara ou onde quer que seja;
As
boas maneiras a farão um homem.
Atenta
com sabedoria a posição do teu próximo,
Prestando
comprimentos a cada um individualmente;
Evitando
cumprimentar a todos de vez,
A
não ser que vós não os conheçais.
Sobre
a refeição quando posta,
Comeis
justa e honestamente;
Primeiro,
atentai se vossas mãos estão limpas,
Verificai
se vossa faca está afiada e apontada,
Cortai
inteiramente vosso pão conforme a vossa carne,
E
comei da forma correta como o devido,
Caso
sentais próximo a uma dignidade,
Cuja
Arte seja superior à vossa,
O
espere servir-se da refeição primeiro,
Antes
de vós mesmo o fazer.
Não
vos sirva do melhor quinhão,
Apesar
de o desejar fazer;
Mantenha
as vossas mãos bem e asseadas,
E
nem sujes a toalha da mesa;
Não
a usando para vos limpar,
Nem
vossos dentes limpe na mesa;
Não
vos sirva em demasiado de vosso copo,
Ainda
que tenhas vontade de beber,
A
fim de que vossos olhos não lacrimejem,
Pois
isto não seria polido.
Atenta
que não esteja com a boca cheia de comida,
Quando
começares a beber ou falar.
Se
perceberes que alguém bebe vos espiando,
Tomai
cuidado com vossas palavras,
E
sem demora interrompe vossa fala,
Esteja
este, tanto bebendo vinho ou cerveja,
E
também atenta para não ignorar ninguém,
Sejam
quais forem as condições em que o depares;
Não
falai mal de ninguém,
Caso
almejais manter vosso respeito próprio;
Tais
falas não devem ser proferidas.
Isto
poderia vos pôr em uma situação ruim.
Contenha
vossa mão em vosso punho,
E
te resguarda bem do "se eu soubesse.".
Em
câmara, entre as cintilantes damas
Detenha
vossa língua e usa vossos olhos;
E
ria sem grande alarde,
Nem
incites jogos de teor indecente ou grosseiro.
E
jogues apenas com os vossos pares,
Não
tagareles tudo o que ouves;
E
nem se vanglorie de vossas ações,
Por
recompensa alguma ou deleite pessoal;
Mesmo
dizendo o que queira com um discurso justo,
Ainda
assim vós poderíeis vos prejudicar.
Quando
vós encontrares uma dignidade,
Não
deves permanecer de gorro ou capuz;
Na
igreja, mercado ou nas portas,
A
comprimente segundo vossa posição.
Se
acompanhares uma dignidade eminente
Cuja
Arte seja superior à vossa,
Deixe
que vá a frente e o siga logo atrás,
Pois
este é o comportamento bom e sem faltas;
Quando
falarem convosco, vos mantenha calado,
Quando
então se calarem, falais enfim o que quiseres,
Em
vosso discurso tenha discrição,
E
considera bem o que dirá;
Contudo
não interrompa a discurso de ninguém,
Mesmo
que este fale em virtude do vinho ou da cerveja.
Que
Cristo então, de sua alta graça,
Reserve-vos
tanto a faculdade quanto a oportunidade,
De
ler e conhecer bem este livro,
Para
obteres o Céu como recompensa.
Amém!
Amém! Assim seja!
Todos
nós digamos por caridade.
REFERÊNCIAS
[1]
Esta seção do texto
pode muito bem ter servido de base para a constituição dos Landmarks hoje utilizados
pela Maçonaria Especulativa.
[2] Euclides de Alexandria foi um
matemático platônico e escritor de possível ascendência grega e nascido na
Síria, muitas vezes referido como o "Pai da Geometria". Além de sua
principal obra, Os Elementos, Euclides também escreveu sobre perspectivas,
secções cónicas, geometria esférica, teoria dos números e rigor. A geometria
euclidiana metáfora do saber na antiguidade clássica qual se manteve incólume
no pensamento matemático medieval e renascentista, pois somente nos tempos
modernos puderam ser construídos modelos de geometrias não-euclidianas. Euclides
é a versão aportuguesada da palavra grega Εὐκλείδης,
que significa "Boa Glória".
[3]
Ainda hoje as
construções mais elaboradas (e mesmos as menos em certo grau) dependem de
cálculos geométricos em seu projeto para que se concretizem com fidelidade e
estabilidade. Logo, tal ciência estava irremediavelmente atada ao ofício da construção
justificando a importância qual era lhe dada pelos construtores.
[4]
Euclides havia vivido
em Alexandria, provavelmente no século III a.C.. Muito antes dele, a Geometria
já era assunto no Egito. Era usada para medir terrenos e projetar construções
como as pirâmides. Tão famosa era a Geometria egípcia, que matemáticos gregos
como Tales de Mileto e Pitágoras, iam ao Egito para ver o que havia de novo em
matéria de linhas e ângulos. Através de Euclides a geometria do Egito tornou-se
ainda mais importante, fazendo de Alexandria o centro mundial do compasso e do
esquadro, por volta do século III a.C.. Ele foi convidado a lecionar Matemática
na escola instituída em Alexandria por Ptolomeu Sóter ou Ptolomeu I, que governou
o Egito de 323 a.C. a 283 a.C., esta instituição também era conhecida era como “Museu”.
A influência da Tradição Egípcia ainda hoje é fortemente sentida na Maçonaria
Especulativa.
[5]
Athelstane ou Etelstano
foi o Rei dos Anglo-Saxões de 924 até 927, quando conquistou todo o território
inglês, passando a reinar como Rei dos Ingleses até sua morte. Era filho do rei
Eduardo, o Velho, e sua primeira esposa Ecgvina. Historiadores modernos o
consideram como o primeiro Rei da Inglaterra e um dos maiores reis anglo-saxões
da história. Foi um grande legislador, regulando inclusive na época, Ofícios
tais qual a Maçonaria. Dentro da Tradição Maçônica é tido como o organizado do
ofício operativo na Inglaterra.
[6]
Dá-se no nome de
caramanchão (bower) a uma construção utilizada em diversos espaços públicos,
nomeadamente em espaços verdes, com o intuito de poderem ser utilizados para
efeitos de descanso, abrigo, entre outros. Na sua construção é habitual serem
utilizados materiais como ripas, canas ou estacas, e servirem de suporte a
espécies vegetais tais como trepadeiras.
[7]
No original “steward”,
servente, mordomo ou provedor (um equivalente o Mestre de Banquetes no Rito
Escocês), era o encarregado pela alimentação e festas promovidas pelas Lojas
Operativas. Como curiosidade, “steward” era o epíteto de Owen Stuart (Stuart é
uma variação de Steward), o pai da dinastia escocesa Stuart era servente do
rei. Essa dinastia manteve estritos laços com a Maçonaria sendo seus herdeiros
também grão-mestres do Ofício na Escócia.
[8]
Talvez este trecho faça
uma menção velada às penalidades medievais do Ofício, que hoje simbólicas, são
aludidas no sinal de cada grau.
[9]
Foram escultores de
Sirmio que foram assassinados na Panônia por terem se recusado a fazer uma
estátua pagã para o imperador Diocleciano (ou, segundo outra versão, a realizar
sacrifícios aos deuses romanos). O imperador ordenou que os cinco fossem
colocados vivos em caixões de chumbo e atirados no rio Sava por volta de 287
(ou 305). Foram considerados durante algum tempo padroeiros do Ofício da
Maçonaria e seu martírio é considerado como uma das bases para a formação da
Lenda do Terceiro Grau e sua narrativa alude a fidelidade ao Ofício (e a
profissão de fá) que o Maçom deve resguardar.
[10]
Este história é inspirada
em Gênesis 11,1-9:
A terra inteira tinha uma só língua e usava as
mesmas palavras. Ao migrarem do oriente, os homens acharam uma planície na
terra de Senaar, e ali se estabeleceram. Disseram una aos outros: "Vamos
fazer tijolos e cozê-los ao fogo". Utilizaram tijolos como pedras e betume
como argamassa. E disseram: "Vamos construir para nós uma cidade e uma
torre que chegue até o céu. Assim faremos nome. Do contrário seremos dispersos
por toda a superfície da terra". Então o Senhor desceu para ver a cidade e
a torre que os homens estavam construindo. E o Senhor disse: "Eles formam
um só povo e falam uma só língua. Isto é apenas o começo de seus
empreendimentos. Agora, nada os impedirá de fazer o que se propuserem. Vamos
descer ali e confundir a língua deles, de modo que não se entendam uns aos
outros”. E o senhor os dispersou daquele lugar por toda a superfície da terra,
e eles pararam de construir a cidade. Por isso a cidade recebeu o nome de
Babel, Confusão, por que foi lá que o Senhor confundiu a linguagem de todo o
mundo, e de lá dispersou seres humanos toda a terra. Uma história parecida à da
Torre de Babel aparece na mitologia suméria chamada de “Enmerkar e o Senhor de
Aratta”, na qual Enmerkar de Uruk constrói um massivo zigurate em Eridu e os
dois deuses rivais, Enki e Enlil acabam por confundir as línguas de toda a
humanidade como efeito colateral da sua discussão. Aqui, alude ao perigo doa orgulho
da jactância humana contra a ordem divina e o mau emprego do Ofício.
[11]
As Ciências e Artes
liberais é o termo que define uma metodologia de ensino, organizada na Idade
Média, cujo conceito foi herdado da antiguidade clássica. Referem-se aos
ofícios, disciplinas acadêmicas ou profissões (“Ciências” ou "artes")
desempenhadas pelos homens livres. São compostas do Trivium (lógica, gramática,
retórica) e do Quadrivium (aritmética, música, geometria, astronomia). Tal
conceito foi posto em oposição às Artes Mechanicae (artes mecânicas)
consideradas próprias aos vassalos ou escravos. As Sete Ciências e Artes
liberais são mais fortemente trabalhadas no Ofício especulativo no Segundo Grau
aludindo um ideal intelectual para todo Maçom.
[12]
Agostinho de Cantuária
foi um monge beneditino que se tornou o primeiro arcebispo de Cantuária em 597.
Denominado o “Apóstolo da Inglaterra”, foi enviado ali em 596 pelo Papa
Gregório I, a fim de converter aquele país ao cristianismo, tento começado seu
encargo em Kent e se constituído arcebispo, tendo patrocinado a construção de
diversas igrejas e catedrais, é dito na Tradição Maçônica ter sido um dos
Mestres do Ofício naquele país.
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