domingo, 29 de dezembro de 2013

HIRAM: O Faraó



Acontecia, pois (que) a terra do Egito (estava) na aflição, (já que) não havia um Senhor (vida, prosperidade, saúde para ele!) como rei da(quela) época.
-A Contenda de Apepi e Seqenenre (Papiro Sallier I)

APRESENTAÇÃO


A busca pela alegórica Palavra Perdida move e envolve a todo Maçom ávido de esclarecimento. Esta palavra teria sido perdida com a morte do mestre simbólico da Maçonaria chamado de Hiram Abiff, personagem que figura nos livros de Reis e Crônicas do Velho Testamento e que teria chefiado a construção do Templo de Salomão em Jerusalém.
Um ponto de partida para a busca dessa palavra (ou para o que ela simboliza) seria a busca antes, por seu último detentor, mas, os vestígios históricos sobre os ancestrais israelitas são parcos, quase inexistentes, tanto que alguns pesquisadores passaram a interpretá-los como versões da história de outros povos próximos.
Seguindo essa vertente, o Egito dado sua proximidade geográfica e histórica dos israelitas seria um viável candidato para (tentar) corroborar até certo ponto as narrativas bíblicas, logo, haveria no Egito um possível candidato a Hiram Abiff[1] histórico?
Em 1996 os autores Christopher Knight e Robert Lomas lançaram uma obra intitulada de “A Chave de Hiram”, que viria a inovar as teorias acerca de uma possível origem histórica para a Lenda de Hiram Abiff. Valendo-se de algumas descobertas históricas mais recentes e algumas ideias um tanto heterodoxas, propunham que tal Lenda na verdade era uma versão da trajetória de um rei egípcio chamado Seqenenre Tao II.
Dum trecho desta obra podemos extrair:

Quando em Julho de 1881 Emil Brugsch descobriu a múmia do Faraó Ramsés II, no mesmo nicho estava outro corpo real, pelo menos 300 anos mais velho que o de Ramsés. De acordo com as marcas esse era o corpo de Seqenenre Tao II, um dos senhores nativos do Egito forçados a viver no extremo sul de Tebas durante o período dos hicsos, e como era patente até para os olhos menos treinados, Seqenenre Tao II havia encontrado um fim violento. O centro de sua testa havia sido afundado... outro golpe havia fraturado a órbita de seu olho direito, o lado direito de seu maxilar e seu nariz. Um terceiro golpe havia sido dado atrás de sua orelha esquerda, quebrando o mastoide até a primeira vértebra do pescoço. Era aparente que em vida tinha sido jovem alto e elegante com cabelos negros encaracolados, mas a expressão fixa em sua face mostrava que havia morrido em agonia. Após a morte parece não ter sido bem cuidado, pois seu corpo tem todos os sinais de haver sido abandonado por algum tempo antes da mumificação. Registros egípcios são silenciosos quanto à morte de Seqenenre Tao II, mas quase certamente foi pelas mãos dos hicsos/canaanitas. Os terríveis ferimentos no crânio de Seqenenre Tao II foram causados por pelo menos duas pessoas atacando-o com uma adaga, um machado, uma lança e possivelmente um maço.

Ora, tal descrição do ocorrido com o rei egípcio de fato apresenta semelhanças em detalhes com a narrativa vista na Lenda de Hiram Abiff:

  • Estavam em terras das quais não eram nativos;
  • Foram então atacados por mais de um agressor;
  • Posteriormente teriam sido golpeados até a morte por estes agressores;
  • Haviam sofrido ferimentos idênticos nestes ataques;
  • E, tiveram seus cadáveres temporariamente relegados.

Mas quem teria sido esse rei que a trajetória de fato apresentava tanta semelhança com o herói maçônico conhecido como Hiram Abiff?

SEQENENRE TAO II

A 17ª Dinastia ocorreu durante o Segundo Período Intermediário da história do antigo Egito, época, em que o país havia sido dominado por povos estrangeiros. Seqenenre Tao II havia sido um dos reis deste período e foi morto enquanto transcorriam os conflitos contra esses povos, nas imagens abaixo é possível ver sua múmia em uma disposição atípica e quase poética:




Seqenenre Tao II teria sido vítima de algum tipo de atentado ou uma baixa de guerra, sua múmia foi identificada em 1886 pelo egiptólogo Gaston Maspero[2], que supôs: “Dois ou três homens, sejam assassinos ou soldados, devem ter o cercado e o matado antes que qualquer ajuda fosse possível.”.
Um exemplo bem preservado deste período belicoso, a múmia do rei Seqenenre Tao II (atualmente no Museu do Cairo) apresenta ferimentos na cabeça infligidos muito provavelmente numa luta. Infere-se como consequência daqueles tempos aguerridos[3] o descuido no embalsamamento de seu corpo. Os órgãos internos foram extraídos através de uma incisão no lado esquerdo do abdómen e a cavidade foi preenchida com linho. A cabeça não recebeu qualquer tratamento, encontrando-se o cérebro ainda exposto.
O momento histórico no qual Seqenenre Tao II estava inserido se deu por volta de 1775 a 1580 A.C., nesta época povos asiáticos que ficariam conhecidos como hicsos, pastores de origem semita, tomaram aos poucos o país. Este foi um período no qual ocorreram diversas transformações, da sabedoria tradicional para uma mais cultura formal, neste contexto, o emprego da escrita tornou-se de vital importância. Exaltou-se a técnica instrutiva priorizando-se a habilidade manual na grafia.
O domínio estrangeiro até trouxe de fato, algumas inovações técnicas para o Egito, os hicsos introduzem a utilização do bronze, da cerâmica e dos teares, instrumentos de guerra diversos que incorporavam o uso de cavalos e das carruagens, e estilos musicais, assim como novas raças de animais e métodos de colheita.
Entretanto, o domínio deste povo estrangeiro foi forçado e se deu, sobretudo pelo uso elementos militares que os egípcios desconheciam. Usavam instrumentos de guerra estranhos aos egípcios, como veículos de tração animal, armaduras e novos tipos de armas de bronze. No primeiro século de ocupação, o povo hicso limitou-se a ocupar a porção oriental do delta do rio Nilo, mas, após a fundação da cidade de Avarís submeteram todo o delta e parte do Alto Egito. Os hicsos exerceram domínio na região até 1570 A.C., quando, liderados por Amosses, os egípcios iniciaram sua investida de retomada e expansão, iniciando, assim, uma nova dinastia e inaugurando o novo período da história egípcia, o Império Novo.

CAOS E ORDEM

A religião egípcia sempre foi adjacente aos fluxos astrológico-astronômicos e como tal o Sol figurava como elemento central em suas narrativas. Este astro sempre foi associado às maiores divindades da época como , Amon, Osíris, Hórus e Aton, o Sol impunha organização à influência dos céus sobre o mundo e aos ciclos da natureza sobre a terra.
A ausência do Sol por sua vez, logicamente estaria associada ao caos, que era normalmente simbolizado por divindades ofídicas como Seth e Apep, que não recebiam culto de praxe, mas na realidade, eram execradas pela população.
O povo hicso, de alguma forma parecia render alguma predileção pelo culto a divindades ofídicas, mas, se este era um costume primitivo antes da migração ao Egito ou se lá foi (provocantemente) assumido é incerto. O fato é, que dado ao “caos” (em oposição à velha ordem) trazido pela a ocupação hicsa e sua aberta predileção por divindades tipicamente execradas, a contenda entre esses povos deixou de ser apenas politica e passou também a um teor espiritual.
O rei hicso contemporâneo (e opositor) a Seqenenre Tao II havia tomado para si o nome de Apepi (I), que derivava da divindade Apep[4], uma criatura em forma de serpente que combatia o deus [5] (divindade solar) ao cair de cada noite, sendo sempre morta, mas sempre ressuscitando. Apep é a personificação do próprio caos, destruição e do mal na religião egípcia. Para os egípcios, quando ocorria um eclipse, era o corpo gigantesco de Apep, oprimindo o Sol e sua luz, enquanto tentava destruir a Barca de e devorá-lo.
Como outra afronta, Apepi havia assumido o nome real egípcio de A-user-re ou "Grande e Poderoso como Rá", igualando-se a divindade principal do panteão egípcio e dileta na crença de Seqenenre Tao II, Apepi com isso reforçava o caráter espiritual (e ideológico) do conflito entre aqueles povos. No drama que se desenrolava, Seqenenre Tao II acabou por naturalmente assumir um papel solar em oposição a Apepi.
Apesar de possuírem o poder de fato, a realeza hicsa ainda não o possuía de direto sobre o Egito, o que de certa forma ameaçava seu domínio. Para sobrepor a esta situação os estrangeiros precisavam avidamente do conhecimento dos mistérios reais próprios à realeza egípcia “oficial”, no intuito de validar e/ou formalizar o direito divino de governo sob o Egito conforme os costumes da época.
Tal intenção fica evidente com a tentativa de “sabotagem ritualística” perpetrada por Apepi contra Seqenenre Tao II. O rei hicso numa irônica correspondência a Seqenenre Tao II solicita que este dê jeito no ruído gerado pelos hipopótamos que habitavam suas terras (que estavam a quilômetros de distância). A primeira vista, esse pedido pode parecer uma simples provocação, mas os hipopótamos eram elemento fundamental num ritual de sagração real. O propósito desse ritual era comemorar a vitó­ria de Hórus[6] sobre seus inimigos, sua coroação como Rei das Duas Terras[7] e seu triunfo definitivo sobre aqueles que a ele se opusessem. Apepi novamente tentava minar Seqenenre Tao II no plano espiritual.

O ASSASSÍNIO DO REI

O rei Seqenenre Tao II estava em meio a uma grande batalha espiritual contra Apepi, que para ele representava a força das antigas trevas (a serpente Apep), e para isso ele precisava de todo o poder (solar) de para tornar-se vitorioso. Todos os dias deixaria o palácio real de Malkata para visitar o Templo de Rá ao meio-dia, quando o sol estava em seu meridiano e um homem não projetava praticamente nenhuma sombra ou nódoa de escuridão na terra. Com o sol em seu zênite o poder de estava em seu ápice e o da serpente das trevas Apep ao socairo[8].
Numa ocasião que Seqenenre Tao II estaria desavisado e desprotegido, conspiradores (ou traidores) enviados por Apepi tentaram arrancar os mistérios reais dos dois sumo-sacerdotes[9] de e, tendo falhado em seus intentos, os assassinaram, passando a espreitar pelo próprio rei, cada um em uma das diferentes saída do Templo de Rá.
Quando Seqenenre Tao II teria terminado suas preces ele se dirigido para a porta do sul, teria sido abordado pelo primeiro dos três homens, que lhe exigiu os segredos dos mistérios. Ele teria permanecido firme e enfren­tado a todos. A cerimônia do 3° Grau maçônico relataria o que aconteceu nesse dia há três mil e quinhentos anos no Templo de Rá em Tebas[10]:

...terminadas suas orações, preparou-se para sair pelo Portal Sul, onde foi abordado pelo primeiro desses rufiões que, na falta de melhor arma, havia se armado com uma régua. De maneira ameaçadora exigiu de nosso Mestre, Seqenenre Tao II, os verdadeiros segredos reais, avisando-o de que a morte seria a consequência de sua recusa: mas fiel à sua obrigação este replicou que esses segredos eram conhecidos apenas por três homens em todo o mundo, e que sem o consentimento dos outros dois ele não poderia e nem efetivamente os divulgaria...
E que falando por si mesmo, preferia sofrer a morte a trair a sagrada confiança nele depositada.
Esse retorno não sendo satisfatório, o rufião deu um forte golpe na cabeça de nosso Mestre, mas abalado por sua postura firme, apenas conseguiu acertar-lhe a têmpora direita, ainda assim com força suficiente para que ele pendesse e caísse ao chão sobre o joelho esquerdo.
Recobrando-se dessa situação, ele correu ao Portal Ocidental, onde foi oposto pelo segundo rufião, a quem respondeu como antes, ainda com firmeza não diminuída quando o rufião, que armado com um esquadro aplicou-lhe um violento golpe na têmpora esquerda que o fez cair ao solo sobre seu joelho direito.
Percebendo que todas as chances de escapar por esses dois portões estavam perdidas, nosso Mestre cambaleou fraco e sangrando, até o Portal Oriental onde o terceiro rufião estava colocado. O rufião recebendo uma resposta idêntica às suas insolentes exigências, pois nosso Mestre permaneceu fiel à sua obrigação mesmo em seu momento mais difícil, deu-lhe um violento golpe no centro da testa com um pesado malhete de pedra, que o deixou sem vida a seus pés.

Os verdadeiros segredos reais haviam sido perdidos como a vida de Seqenenre Tao II, que preferiu morrer a confessar tais segredos que acabariam por dar posse do reino aos inimigos, morreu como mártir defendendo a Maat[11] e galgou o título de “O Intimorato”[12].

DE REI A ARQUITETO

Ian Wilson, em “The Exodus Enigma”, pondera sobre a múmia de Seqenenre Tao II: Essa descrição também se encaixa perfeitamente com nossa Lenda de Hiram, em todos os aspectos. Um detalhe interessante é que Seqenenre Tao II é a única múmia de rei que levou fim violento. Mais do que natural que se tornasse uma Lenda. Mas, questões pertinentes da ligação da Lenda de Hiram Abiff e a trajetória de Seqenenre Tao II ainda restam:

  • Por que Seqenenre Tao II é lembrado como um construtor?
  • Como se tornou associado à ideia do Templo de Salomão?

A primeira é que Seqenenre Tao II fora o protetor da Maat, o princípio de verdade e justiça que é representado pela construção das fundações niveladas e aprumadas de um Templo, além isso, como rei certamente foi patrono das obras de seu reino e em última instância dirigente dos trabalhos dos construtores.
Quanto à segunda parte, os israelitas possivelmente tiveram acesso direto a essa história dramática, que foi depois reencenada como substituta aos mistérios originais que foram perdidos e posteriormente usada pela Casa Real de David como sustentadora da estrutura de segredos reais que seus novos e desataviados monarcas não compartilhavam ou conheciam.
No período do cativeiro da Babilônia, numa investida de se manter coesa a identidade cultural daqueles israelitas, seus sacerdotes passaram a expurgar todos os estrangeirismos de suas práticas. O rei egípcio morto no Templo de Rá deveria ser substituído por um equivalente israelita. Então, quais (importantes) Templo e rei de sua história poderiam servir de cenário para essa recriação? Obviamente o Templo de Salomão em Jerusalém seria a melhor opção!
Entretanto, novo o herói da história judaica não poderia ser o Rei Salomão porque sua história era bem conhecida e não alinhava com todos os elementos necessários do rito. Portanto o inseriram num papel que seria a melhor opção depois disso, o construtor do grande Templo!
A nobre morte de Seqenenre Tao II teria marcado a ressurreição da maior civilização do mundo e o ponto no qual os verdadeiros segredos reais do Egito se perderam para sempre. Os segredos substitutos foram criados para prover o necessário rito de passagem para os futuros reis e seus sacerdotes mais próximos, mas o direito absoluto de reinar que estava embebido nos segredos originais e não poderia ser passado adiante pelos mistérios[13] que haviam restado...

OS NOVOS MISTÉRIOS

Com o assassínio dos sumos-sacerdotes e do rei os antigos mistérios reais estavam perdidos, mas, o inimigo hicso ainda existia e seria necessária uma liderança formal para unificar o povo e combatê-lo, um novo rei deveria ser feito para derrotar o caos e as trevas! Mas como, se os mistérios reais da feitura de reis haviam sido para sempre perdidos?
O rei foi morto sem que seu sucessor tivesse sido sagrado, haveria precedente para isso na história egípcia? Ora, tal ocorrido não só possuía um precedente como era célebre entre aquele povo: O Assassínio de Osíris!
Osíris era uma divindade solar qual teria unificado e governado as terras do Egito em tempos primitivos, ele havia sido morto por seu irmão Seth (como Hiram foi morto por um irmão-de-ofício), teve seu corpo (desmembrado e) ocultado e posteriormente resgatado (como Hiram). Após o resgate de seu corpo, Osíris foi temporariamente ressuscitado por sua esposa Isis para que pudessem gerar um sucessor que viria a ser Hórus.
Hórus reencarnando o rei antes morto, mesmo perdendo um olho em combate, derrota a serpente usurpadora Seth e retoma o governo do Egito restaurando a Maat e trazendo nova prosperidade ao reino. Osíris então passa a governar o reino espiritual enquanto Hórus governa o reino terreno.
Essa narrativa já servia a muito para embasar as sucessões políticas e espirituais dos faraós no Egito, e poderiam muito bem junto aos eventos da morte de Seqenenre Tao II preencher a lacuna ritualística da realeza que havia surgido. Um novo rito haveria sido constituído utilizando elementos de ambas narrativas e Seqenenre Tao II antes identificado com agora seria agora a representação de outra divindade solar, Osíris e seu sucessor um seria novo Hórus[14].
Kamose o filho mais velho de Seqenenre Tao II teria então sido “iniciado” num novo rito onde a morte de seu pai era reencenada junto a aspectos da morte de Osíris e onde ele mesmo assumia o papel de Hórus. Como um novo ritual de feitura de reis composto e concretizado o Egito já dispunha de uma liderança formal que pudesse reunir seu contingente para o combate contra os hicsos. Seqenenre Tao II torna-se o faraó do reino espiritual enquanto Kamose o faraó do reino terreno e assim a verdadeira dinastia prevaleceria.
Eventualmente tal ritual teria sido conhecido pelos ancestrais israelitas proeminentes (então habirus) que vivam no Egito[15] e que posteriormente o trouxeram ao cativeiro da Babilônia quando este sofreu modificações até se tornar uma primitiva Lenda de Hiram Abiff, qual veio alicerçar o ritual de exaltação dos maçons por todo o mundo...
 

 Autoria de Tiago Roblêdo M\ M\
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REFERÊNCIAS

As Chaves de Salomão: O Falcão de Sabá, Ralph Ellis
A Chave de Hiram, Christopher Knight e Robert Lomas




[1] Além do abordado nessa peça sobre uma possível origem egípcia para Hiram Abiff, é pertinente a observação das figuras históricas conhecidas como Neferhotep e Haremsaf, ambos construtores da antiguidade daquele país.
[2] Após 1881quando Emil Brugsch descobriu o nicho estavam diversos corpos reais.
[3] Um ponto interessante acerca da contenda refere-se a ser ela o primeiro texto cronologicamente de uma sequência de escritos, de diferentes civilizações e dos mais variados períodos históricos.
[4] Ou Apophis em grego, também conhecida como Apófis.
[5] Rá ou Ré é a divindade deus do Sol do Antigo Egito. No período da Quinta Dinastia se tornou uma das principais divindades da religião egípcia, identificado primordialmente com o Sol do Meio-Dia. O principal centro de seu culto era a cidade de Heliópolis (chamada de Inun, "Lugar das Colunas", em egípcio).
[6] Hórus nasceu da deusa Isis depois que ela recuperou as partes do corpo desmembrado de seu marido assassinado (por Seth, outra divindade ofídica) Osíris ressuscitando-o temporáriamente para conceber seu filho e sucessor. Hórus era associado ao céu e considerado conter também o Sol e a Lua sendo costumeiramente representado com a cabeça de um falcão. Muitos autores apontam similaridades da morte do pai de Hórus (que era o Filho de uma Viúva), Osíris, com a morte de Hiram Abiff além de associarem Hórus e Osíris aos santos João Evangelista e Batista (respectivamente o Sol nascente ou de verão e poente ou de inverno).
[7] Materialmente o Alto e Baixo Egito e espiritualmente a Terra dos Vivos e a Terra dos Mortos.
[8] Lenda de Hiram Abiff narra: "enquanto nosso Mestre Hiram Abiff se recolhia para prestar suas homenagens ao Mais Alto, como era seu costume, sendo a hora do meio-dia", no contexto de Seqenenre Tao II esta narrativa toma novo sentido, sendo o “Mais Alto” uma alegoria ao Sol do meio-dia.
[9] Em alusão aos 2 Vigilantes da Loja Maçônica.
[10] Para que a comparação se tornasse mais nítida os nomes originais foram alterados para os nomes egípcios.
[11] Uma das características do Egito antigo era a necessidade de ordem. As crenças religiosas egípcias não tinham grande conteúdo ético, mas em termos práticos havia um reconhecimento geral de que a justiça era um bem tão fundamental que era parte da ordem natural das coisas. O juramento solene do Faraó ao apontar seu vizir deixava isso bastante claro: a palavra usada, Maat (nome da divindade da ordem, justiça e verdade), significava alguma coisa mais compreensível que agir bem. Originalmente o termo era físico: significava nivelado, ordenado, e simétrico como as fundações de um templo, mais tarde passou a significar retidão, verdade, justiça num interessante paralelo com a Maçonaria Operativa e Especulativa.
[12] Adjetivo que significa sem temor, corajoso, destemido.
[13] Mistério vem do grego, mystérion, coisa ou conhecimento secreto, tem relação com a ação de guardar sigilo; o verbo é mýein, fechar, se fechar, calar, mýstes, que se fecha, o que guarda segredo, hermético, o iniciado.
[14] Coincidências ou não, existem, Seqenenre Tao II como Hórus perdeu o olho em combate contra a serpente tendo em jogo o governo da nação e a ordem do mundo (Maat). Outro ponto coincidente, o autor Ralph Ellis identifica que o nome de Hiram Abiff se trazido ao egípcio significaria “O Filho de Hórus”.
[15] Possivelmente pelo próprio Moisés, identificado como primeiro venerável ao presidir a primeira Loja no Tabernáculo (que serviria de modelo ao Templo de Salomão).

Um comentário:

  1. Poderoso Ir.´. gostaria de saber o motivo de não mais ter postados seus textos?, pois são de rara beleza e tenho usado, inclusive no meu blog, fazendo referência s seu nome.
    TFA
    José Roberto CARDOSO

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