quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O CÓDIGO MAÇÔNICO: As Normas de Lausanne



A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade.
 - Emmanuel Kant


O Código Moral Maçônico é um conjunto de regras de conduta ética, moral e social, seus alicerces foram lançados já ano 1717, quando aconteceu a primeira reorganização oficial de Lojas Maçônicas. Naquele momento criou-se a Grande Loja de Londres e Westminster, que com o passar dos anos conformaria a Grande Loja Unida da Inglaterra. Contudo, este Código Moral, foi decisivamente desenvolvido e aprovado pelo Congresso de Lausanne (Suíça), acontecido entre 6 e 22 de setembro de 1875. Para a laboração dos trabalhos, além da própria a Suíça, comprometeram-se os corpos maçônicos da Inglaterra e País de Gales, Bélgica, Escócia, França, Itália, Peru, Portugal, Grécia, Hungria e Cuba. Entretanto a Grécia e Escócia se retiraram previamente, e o documento final foi assinado pelos nove Supremos Conselhos que tinham permanecido representados[1].


Contando com algumas variantes (dadas as diferentes traduções), a versão utilizada para esta tradução foi publicado no José Antonio Ferrer Benimeli, La Masonería española: La Historia en sus textos, Madrid, 1996, pp. 103-104 encontrada em http://www.diariomasonico.com/historia/codigo-masonico-1916 (em 09/09/2014), sua edição original é de Zaragoza, 5 de fevereiro de 1916. A opção por uma fonte em língua espanhola se deu pela maior concordância (do que a língua inglesa) das versões publicadas pelas Grandes Lojas reconhecidas (no Brasil) nessa língua. As normas do Código Moral Maçônico seriam as seguintes:

Venera ao Grande Arquiteto do Universo.

A verdadeira reverência que se dá ao Grande Arquiteto consiste nas boas obras.

Tenha sempre sua alma em um estado puro para comparecer dignamente diante sua consciência.

Ama a seu próximo como a ti mesmo.

Não faça o mal para esperar o bem.

Faz o bem por amor ao próprio bem.

Estima aos bons, ama aos fracos, evade dos maus, mas não odeie a ninguém.

Não lisonjeie a seu irmão, pois é uma perfídia; e se seu irmão te lisonjeia, teme que te corrompa.

Escuta sempre a voz de sua consciência.

Seja o pai dos pobres; o pranto que sua severidade os arrancou, será como outras tantas maleficências que cairão sobre ti.

Respeita ao visitante local ou forasteiro; ajude-lhe, sua pessoa deve ser sagrada para ti.

Evita as querelas, previne os insultos, deixa que a razão fique sempre de seu lado.

Partilha com o faminto seu pão, já aos pobres e aos peregrinos acolha-os em sua casa; quando vê o nu, cobre-o e não desprecie tua carne na sua.

Não se apresse em te irar, porque a ira repousa no seio do néscio.

Detesta a avareza, porque quem ama as riquezas nenhum fruto tirará delas, pois isto também é vaidade.

Evade dos ímpios, porque sua casa será arrasada, mas, as Lojas dos justos florescerão.

No caminho da honra e da justiça está a vida, mas no caminho do desvio estará à morte.

O coração dos sábios está onde se pratica a virtude, e o coração dos néscios, onde se festeja a vaidade.

Respeita às mulheres, não abuse jamais de sua fragilidade e muito menos pense as desonrar.

Se tiver um filho, te regozije, mas teme pelo tanto que se te confia. Faz com que até os dez anos te tema, até os vinte te ame e até a morte te respeite. Até os dez anos seja seu professor, até os vinte seu pai e até a morte seu amigo. Pensa em lhe dar bons princípios antes de belas maneiras, que te deva retidão esclarecida e não frívola elegância. Faz um homem honesto antes de um homem hábil.

Se te envergonhar de seu destino, tenha orgulho; pensa que se este nem te honra e nem te agrada, deve cumpri-lo de modo que te traga uma coisa ou outra.

Lê e aproveita, vê e imita, reflete e trabalha, te ocupe sempre no bem de seus Irmãos e trabalhará para ti mesmo.

Te contente de tudo, por tudo e com tudo.

Não se apresse em julgar as ações dos homens, não reprove e elogie menos; antes procura sondar bem os corações para poder apreciar suas obras.

Seja entre os profanos livre sem permissividade, grande sem orgulho, humilde sem baixeza; e entre os Irmãos, firme sem ser tenaz, rigoroso sem ser inflexível e dócil sem ser servil.

Fala moderadamente com os grandes, prudentemente com seus iguais, sinceramente com seus amigos, docemente com os pequenos e eternamente com os pobres.

Justo e valoroso defenderá ao oprimido, protegerá a inocência, sem esperar nada dos serviços que prestar.

Exato apreciador dos homens e das coisas, não atenderá mais que ao mérito pessoal, sejam quais forem suas classes, status e a riquezas.

O dia que se generalizem estas máximas entre os homens, a espécie humana será feliz, e a Maçonaria terá terminado sua tarefa e cantado seu triunfo regenerador.

Autoria de Tiago Roblêdo M\ M\

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REFERÊNCIAS




[1] Os Supremos Conselhos dos Estados Unidos (jurisdição sul), Argentina e Colômbia deram seu assentimento, mas não puderam enviar respectivos representantes, quanto ao Chile, havia comunicado que daria seu assentimento às resoluções do Conclave. Neste ínterim foi apresentada uma relação dos Supremos Conselhos regularmente reconhecidos no mundo, a saber, Estados Unidos (Jurisdição Norte e Sul), Costa Rica, Inglaterra, Bélgica, Canadá, Chile, Cuba, Escócia, Colômbia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, México, Peru, Portugal, Argentina, Suíça, Uruguai e Venezuela. O Brasil apesar de contar com um dos mais antigos Conselhos do mundo, não figurava nesta relação, possivelmente como consequência por não ter participado das conversações. Apenas na ata da décima sessão se faria menção à questão do reconhecimento do Brasil

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