segunda-feira, 11 de novembro de 2013

OS QUATRO SANTOS COROADOS: Os Mártires Maçons



INTRODUÇÃO



Existem três coroas: a coroa da sabedoria, a coroa do sacerdócio e a coroa da realeza. Mas a coroa de uma boa reputação excede todas essas.

― Frases Judaicas
 
 Quattour Coronati (Quatro Coroados)

        Os Quatro Santos Coroados, na literatura hagiológica são os chamados "Santi Quatro Incoronato" quem tinham os nomes de Cláudio, Nicóstrato, Castório e Sinfrônio que foram torturados e depois martirizados em Panônia (hoje Hungria), pois se recusaram a esculpir uma estatua de uma divindade greco-romana para o Imperador Diocleciano (243-305). Um quinto mártir chamado Simplício também morreu com eles. Mas a Igreja celebra apenas 4 deles.
A versão mais comum da história conta que eles eram exímios trabalhadores em pedra e laboravam juntos. O Imperador Diocleciano já e os admirava e havia adquirido certo número de suas obras. Outros com inveja de seus talentos e da predileção dada por Diocleciano persuadiram o imperador a encomendar uma escultura de Esculápio sabendo que eles discretamente mantinham a fé cristã e iriam recusar o pedido.


Os escultores de fato recusaram a realizar tal obra. Eles foram então ordenados a fazerem sacrifícios ao Deus Sol, como forma de retratação, o que seria ainda menos aceitável para eles. Quando o oficial de Diocleciano de nome Lampadius, que estava tentando convencer os escultores a oferecer os sacrifícios, morreu subitamente, os seus parentes culparam os escultores pela sua morte os acusando da prática de magia. Para aplacar seus parentes influentes, Diocleciano ordenou que eles depois de torturados e “coroados” com pregos martelados em suas cabeças, fossem amarrados vivos dentro de caixões de chumbo e jogados no rio.
Mais tarde seus corpos foram recuperados e enterrados a três quilômetros de Roma, posteriormente o Papa Gregório Magno mencionou pela primeira vez na Igreja os "Quatro Mártires Coroados". Estes mártires foram (e ainda são até certo ponto) reverenciados na Maçonaria Especulativa Inglesa visto que os Maçons Operativos da Idade Média tinham os quatro mártires em alta. Existe ainda uma capela dos "Quatro Mártires Coroados" em Canterbury, Inglaterra, erigida em 619.


A LENDA DOS QUATRO SANTOS COROADOS

Aqui começa a paixão dos Santos Mártires Cláudio, Nicóstrato, Sinfrônio, Castório e Simplício, aos VI dias dos idos de Novembro.

Nos dias em que Diocleciano[1] foi à Panônia[2], onde ele devia estar presente na coleta de vários metais das montanhas, aconteceu que, quando ele se reuniu com os trabalhadores de metal, ele encontrou entre eles alguns homens, por nome Cláudio, Castório, Sinfronio e Nicóstrato[3]. Dotados de grande habilidade artística, trabalhadores maravilhosos na arte da escultura. Eles eram cristãos em segredo, guardavam os mandamentos de Deus, e qualquer trabalho que eles fizessem na arte da escultura, eles o faziam em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
Isso aconteceu em um determinado dia, quando Diocleciano estava dando ordens aos trabalhadores de esculpir uma imagem do sol, com sua carruagem, cavalos e tudo a partir de uma única pedra[4], que, naquela época todos os trabalhadores deliberando com os filósofos começaram a lustrar sua conversa sobre esta arte; e quando eles tinham chegado a uma enorme pedra do metal de Thasos, sua arte de escultura não tinha utilidade, de acordo com o comando de Diocleciano Augusto.
E por muitos dias, houve uma disputa entre os operários e os filósofos. Mas em um determinado dia, todos os trabalhadores reuniram-se em um só lugar, setecentos e vinte e dois, com os cinco filósofos, à superfície da pedra e começaram a examinar os veios da pedra, e houve um efeito maravilhoso entre os trabalhadores e os filósofos. Ao mesmo tempo Sinfrônio, confiando na fé que ele tinha, disse aos seus companheiros: Peço-vos, a todos, que confiem em mim, e eu descobrirei, com meus discípulos, Cláudio, Nicóstrato, Castório e Simplício. E, examinando as veias do metal, eles começaram sua arte da escultura em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. E seu trabalho teve sucesso, de acordo com os comandos de Augusto.
Ao mesmo tempo, Diocleciano Augusto se deliciava com a arte e tomado com um amor excessivo por ela, deu ordens que colunas ou capitéis das colunas, deveriam ser cortados do pórfiro pelos operários. Ele chamou Cláudio, Sinfrônio, Nicóstrato, Castório e Simplício e, recebendo-os com alegria, disse-lhes: Eu desejo que os capitéis das colunas possam ser talhados do pórfiro. E por sua ordem, partiram com a multidão de operários e os filósofos, e quando eles chegaram à montanha de pórfiro, que é chamada ardente, eles começaram a cortar a pedra em quarenta e um pés.
Cláudio fazia tudo em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, e sua arte lhe servia em boas condições. Mas Simplício, que era um gentio, tudo o que ele fazia era inútil. Mas, certo dia, Nicostratus disse a Simplício: Meu irmão, como é que sua ferramenta se quebrou? Simplício disse: Peço que você a tempere para mim, para que ela não se quebre. Cláudio respondeu e disse: Dá-me todos os utensílios de sua arte. E quando ele lhe havia dado suas ferramentas de escultura, Cláudio disse: Em nome do Senhor Jesus Cristo que este ferro seja forte e apto para trabalhar. E a partir daquela hora Simplício começou sua escultura com sua própria ferramenta, como Sinfrônio, bem e corretamente.
E assim, eles se esforçaram para esculpir objetos de variada obra de talha e sua arte os serviu adequadamente, no plano de quem nada fazia senão pela habilidade da arte da filosofia, mas realizava um trabalho requintado em nome de Cristo. Quando os filósofos viram isso, fizeram uma sugestão a Diocleciano Augusto, dizendo: Poderoso Príncipe, adorno dessa época, grande é a sagacidade de seu comando e a clemência neste trabalho de escultura da montanha, que a pedra preciosa deve ser talhada para o adorno maravilhoso do seu Reino; e muitas belas obras foram feitas em metal das colunas e com o trabalho maravilhoso de sua Alteza. Diocleciano Augusto disse: Estou verdadeiramente encantado com a habilidade desses homens. E ele determinou que todos os cinco fossem trazidos à sua presença, a quem, em sua alegria ele falou: Pelo poder dos deuses, vou elevar vocês com riquezas e presentes; apenas esculpam primeiro, imagens desta montanha de pórfiro. E ele pediu que fizessem imagens de Vitória[5], Cupidos[6] e mais conchas[7], mas especialmente uma imagem, a de Esculápio[8].
E eles esculpiram conchas, vitórias e cupidos, mas não fizeram uma imagem de Esculápio. E depois de alguns dias eles ofereceram o seu trabalho de imagens com sua ornamentação variada. Diocleciano Augusto estava igualmente satisfeito com a sua habilidade no trabalho de cantaria. Ele disse a Cláudio, Sinfrônio, Nicóstrato, Castório e Simplício: Alegro-me muito na habilidade da sua arte, no entanto, por que vocês não mostraram seu amor esculpindo uma imagem de Esculápio, o deus da saúde? Agora vão em paz e deem sua atenção a esta imagem e esculpam leões derramando água e águias e veados e semelhantes de muitas nações.
Então, eles foram embora e fizeram de acordo com seus costumes e realizaram todo o trabalho, exceto a imagem de Esculápio.
Mas depois de alguns meses, os filósofos sugeriram a Diocleciano Augusto que ele deveria ver o trabalho dos operários. E ele ordenou que tudo fosse trazido a um lugar público; e quando eles trouxeram, a imagem de Esculápio que Diocleciano Augusto tinha ordenado não foi exibida, e quando ele, em seu desejo excessivo a exigiu, os filósofos fizeram uma sugestão a Diocleciano Augusto, dizendo: Glorioso e augusto César, que ama todos os homens e a arte, e um amigo da paz, deixe sua clemência saber que estes homens a quem você ama são cristãos e realizam tudo o que lhe é ordenado em nome de Cristo. Diocleciano Augusto respondeu e disse: Se é sabido que todas as suas obras são magníficas pelo nome de Cristo, não é uma questão de reprovação, mas sim de admiração. Os filósofos responderam e disseram: Não sabeis altíssimo imperador, que eles não obedecem aos seus gentis comandos devido a um conhecimento repreensível e, portanto não exibiriam o esplendor da sua arte na construção de uma imagem do Deus Esculápio. Diocleciano Augusto disse: Tragam estes homens à minha presença.
E quando Cláudio, Sinfrônio, Castório, Nicóstrato e Simplício tinham sido convocados, Diocleciano Augusto lhes disse: Sabeis com que carinho e favor nossa graça os ama, e como eu vos incentivei com uma consideração amorosa? Por que não obedeceis nossos comandos de que deveis esculpir uma imagem do deus Esculápio em pórfiro? Cláudio respondeu: Generosíssimo Augusto, nós obedecemos vossa graça e fomos subservientes ao seu poder, mas uma imagem daquele mais miserável homem nós jamais faremos, pois está escrito, “aqueles que a fizerem são como eles, e assim são todos aqueles que depositam sua confiança neles.”.
Então, os filósofos ficaram enfurecidos contra eles, dizendo a Diocleciano: Reverendíssimo Augusto, vês a sua perfídia, como eles responde a vossa graça com palavras arrogantes. Diocleciano Augusto disse: Artífices qualificados não devem ser odiados, mas, ao invés, honrados. Mas os filósofos disseram: Portanto fazei com que eles obedeçam vosso comando ou encontraremos outros para fazer de acordo com vossos desejos. Diocleciano Augusto disse: Homens mais habilidosos nesta arte podem ser encontrados? Os filósofos disseram: Nós procuraremos homens suportados pelo amor dos deuses. Diocleciano Augusto diz: Se vocês obtiverem homens para realizar a imagem do deus Esculápio deste metal (e ele os constrange com a punição de sacrilégio), eles também serão grandes através de nossa generosidade.
Então, os filósofos começaram a discutir com Cláudio, Sinfrônio, Nicóstrato, Castório e Simplício, dizendo: Por que vocês não obedecem aos comandos do nosso venerabilíssimo mestre e fazem a sua vontade? Cláudio respondeu e disse: Não blasfemamos contra nosso Criador e nos confundimos, para que não sejamos considerados culpados aos seus olhos. Os filósofos disseram: É evidente vocês são cristãos? Castório disse: Verdadeiramente, somos cristãos.
Então, os filósofos escolheram outros trabalhadores em cantaria e eles esculpiram Esculápio diante de seus olhos. E quando eles viram a imagem do mármore preconisso e a trouxeram aos filósofos, depois de trinta e um dias os filósofos anunciaram a Diocleciano Augusto que a imagem de Esculápio estava terminada.
E Diocleciano ordenou que a imagem lhe fosse apresentada. E ele maravilhou-se e disse: Este é o gênio dos homens que nos agradaram com sua arte da escultura. Os filósofos disseram: Sacratíssimo e sempre augusto príncipe, seja conhecido por vossa clemência que estes homens quem vossa graça declara serem os mais hábeis na arte da cantaria, ou seja, Cláudio, Sinfrônio, Nicóstrato, Castório e Simplício são hereges cristãos, e pelos encantos de encantamentos, toda a raça humana se humilhada para eles. Diocleciano disse: Se eles não obedecem aos comandos da justiça, e a palavra de sua acusação é verdadeira, falam com que suportem o julgamento do herege.
E ele ordenou a um certo tribuno de nome Lampadius[9], que os ouvisse, juntamente com os filósofos, com palavras temperadas, dizendo: Julgai-nos com um exame justo. E em quem for descoberta denúncia de falso testemunho, deixai-os ser ferido com a punição da culpa.
Ao mesmo tempo, Lampadius, o tribuno, ordenou que um tribunal fosse preparado no mesmo lugar, diante do templo do Sol e fossem reunidos todos os trabalhadores, Sinfrônio, Cláudio, Nicóstrato, Castório, Simplício e os filósofos. A quem, publicamente e com uma voz forte, Lampadius, o tribuno, disse: Nossos reverendíssimos senhores e príncipes deram este comando, para que a verdade entre os filósofos e mestres, Cláudio, Sinfrônio, Castório, Nicóstrato e Simplício possa tornar-se conhecida, e esteja claro se esta acusação é verdadeira.
Então, todos os trabalhadores, instruídos pelos filósofos através de inveja, gritaram: Pela segurança de nosso reverendíssimo César, fora com os hereges, fora com os Magos. Mas, Lampadius, o tribuno, vendo que os trabalhadores estavam clamando devido à inveja, disse: O julgamento ainda não está concluído; como posso dar uma sentença. Os filósofos disseram: Se eles não são magos, deixe-os adorar a deus de César. Imediatamente, Lampadius, o tribuno, ordenou que Sinfrônio, Cláudio, Castório, Nicóstrato e Simplício adorassem o Deus Sol e assim destruíssem o propósito dos filósofos. Eles, respondendo, disseram: Nunca adoramos o trabalho de nossas mãos, mas adoramos o Deus do céu e da terra, que é o eterno soberano e eterno Deus, o Senhor Jesus Cristo. Os filósofos disseram: Assim, tu aprendeste a verdade. Diga a Cesar. Então Lampadius, o tribuno, ordenou que eles fossem arrastados para a prisão comum.
Mas, depois de nove dias, a tranquilidade tendo sida restaurada, eles levaram o assunto a Diocleciano Augusto; no mesmo dia, também, os filósofos os acusaram, por inveja, ao Príncipe, dizendo: Se estes homens escaparem, o culto aos deuses está destruído. Diocleciano Augusto, irado, disse; Pelo próprio Sol, mas se eles nãos sacrificarem ao Deus Sol[10] de acordo com o costume e não obedecer às minhas instruções, eu os consumirei com várias torturas requintadas.
Então, Lampadius levantou-se do seu lugar de julgamento, considerando o comando de Diocleciano e novamente levou o assunto a Diocleciano Augusto. Então, Diocleciano Augusto, considerando a arte deles, ordenou a Lampadius, o tribuno, dizendo: A partir de agora, se eles não sacrificarem e consentirem em adorar o Deus Sol arrebate-os com o açoite. Mas se eles consentirem traga-os à nossa graça.
Mas, depois de cinco dias, ele novamente sentou-se no mesmo lugar em frente ao templo do Sol e ordenou que fossem conduzidos pela voz do arauto. E mostrou-lhes os terrores e os diferentes tipos de tortura. A quem Lampadius falou assim, dizendo: Escutem-me e escapem da tortura, sejam caros e amigos de nobres e príncipes e sacrifiquem ao Deus Sol. Porque agora devo falar a vocês em palavras suaves. Cláudio respondeu, com seus companheiros, com grande confiança: Não tememos terrores, nem é nosso objetivo sermos quebrados por palavras suaves, mas tememos os tormentos eternos. Assim, faça Diocleciano Augusto saber que somos cristãos e que nunca abandonaremos Seu culto.
Lampadius, o tribuno, enfurecido, ordenou que fossem despidos e açoitados, por proclamação do arauto, dizendo: Não desprezem os comandos dos nossos príncipes.
Naquela mesma hora, Lampadius, o tribuno, foi tomado por um espírito maligno e rasgando suas roupas, expirou sentado em sua cadeira. Quando sua esposa e família ouviram isso, eles correram até os filósofos com grande pranto, para que isso fosse informado a Diocleciano Augusto. Quando Diocleciano Augusto ouviu isso, ficou violentamente furioso e disse com fúria excessiva: Que sejam feitos caixões de chumbo, sejam eles encerrados vivos dentro deles e lançados no rio.
Então, Nicetius, um certo cidadão, que se sentava ao lado de Lampadius executou a ordem de Diocleciano Augusto e fez caixões de chumbo e encerrou-os todos, vivos, neles e ordenou que fossem lançados no rio[11]. Mas o santo Quirillus, o Bispo, quando ouviu falar sobre isso na prisão, ficou profundamente entristecido e passou ao Senhor, os quais sofreram no sexto dia dos idos de novembro.
Naqueles mesmos dias Diocleciano Augusto partiu dali para Syrme[12]. Mas depois de quarenta e dois dias, um certo Nicodemos, um cristão, içou os caixões com os corpos dos Santos e os colocou em sua própria casa. Mas, Diocleciano Augusto vindo de Syrme, depois de onze meses entrou em Roma e imediatamente ordenou que um templo de Esculápio fosse construído nos Banhos de Trajano[13], e uma imagem fosse feita a partir da pedra esquadrada de preconisso.
Quando isto tinha sido feito, ele ordenou que todos os soldados que viessem até a imagem de Esculápio fossem obrigados a oferecer incenso com sacrifícios, especialmente à milícia da cidade. E quando todos foram obrigados a sacrificar, certos quatro oficiais corniculários[14] de ala foram obrigados, mas quando eles resistiram isso foi comunicado a Diocleciano Augusto. E ele então ordenou que fossem condenados à morte diante da própria imagem a golpes de flagelo. E quando eles foram espancados por um longo tempo, eles entregaram os espíritos, cujos corpos Diocleciano ordenou fossem lançados na rua para os cães. E seus corpos lá permaneceram por cinco dias.
Então, o abençoado Sebastião, com o santo Bispo Melquiades, recolheram seus corpos durante a noite e os enterraram na estrada para Lavica, a três milhas da cidade, com os outros homens santos no cemitério. Embora isso tivesse acontecido na mesma data, ou seja, no dia 6 dos idos de novembro, mas dois anos mais tarde: e seus nomes foram encontrados com dificuldade. O abençoado Melquiades, o Bispo, ordenou que seus aniversários devessem ser observados sob os nomes de Santos Mártires, Cláudio, Nicóstrato, Sinfrônio, Castório, Simplício e, nosso Senhor Jesus Cristo reinando, que com o Pai e o Santo Espírito vive e reina Deus através de toda a eternidade. Amém!


(Tradução do Inglês por José Filardo, Baseada no Manuscrito Arundel – Publicada no AQC Vol 1 – p 60, retirado de http://bibliot3ca.wordpress.com/a-lenda-dos-quatro-santos-coroados)

ANALOGIA A ALEGÓRIA

Assim como outras narrativas lendárias incorporadas a literatura maçônica (como o Martírio de St. Reinold), o martírio dos Quatro Santos Coroados conserva algumas similitudes com a maçônica lenda do Assassínio de Hiram Abiff e/ou com as práticas ritualísticas da maçonaria.
A princípio ao iniciar/realizar os trabalhos os Quatro Santos Coroados os dedicam ao nome ou glória do Princípio Superior qual reverenciam, neste caso a Jesus Cristo, como ainda hoje é praticado pelos Maçons Especulativos de forma universalizada a Glória do Grande Arquiteto do Universo (possivelmente uma herança de práticas operativas).
O tema astrológico é emergente na narrativa, Esculápio, divindade qual Diocleciano quer homenagear com a estátua é filho de Apolo, divindade greco-romana que regia o Sol e Corônis, uma mortal. Teria nascido de cesariana após a morte de sua mãe, e levado para ser criado pelo centauro Quíron que representa a constelação de Sagitário. Outra Corônis das lendas greco-romanas foi transformada em uma vaca (representação de Touro) por Ártemis, irmã de Apolo e divindade que regia a Lua. O Sol em carruagem por sua vez, pode ser referencia a Hélio, uma divindade greco-romano que também é coroada (por uma auréola solar). Ele circula a terra com a carruagem do Sol atravessando o céu. Por outro lado, esta lenda cristã, poderia ter sido agregada a literatura também como forma de afugentar a ideia de cultos solares dentro dos Templos Salomônicos (tal quais as Lojas Maçônicas são), uma pratica assinalada pelo profeta Ezequiel desde a época do cativeiro na Babilônia, “e com faces voltadas ao oriente; e eles, virados para o oriente adoravam o Sol” (8:16). O número dos mártires em quatro (assim como o número dos Filhos de Aymon  na narrativa de St. Renold) aludem a Hiram e os três mestres que o reergueram. Johaben é um nome desconhecido na Bíblia, e apesar disso, significa “Filho de Deus Pai” e era o chefe dos eleitos a honrar a morte de Hiram. Stolkin planta o ramo de acácia sobre o montículo de terra recém-movida, sob o qual foram descobertos os restos de Hiram. Zerbel ou Zerbal é o terceiro, aquele que entre os mestres conseguiu levantar Hiram por meio da palavra da Vida, acompanhada pelo quíntuplo contato de perfeição. Johaben se identifica com o signo zodiacal de Áries; Stolkin com Touro e Zerbel ou Zerbal com Gêmeos, os três signos da primavera que são opostos à Libra, Escorpião e Sagitário, assassinos do Sol e de Hiram (Jubelas, Jubelos e Jubelum). Estes três mestres representam os três primeiros números cifrados, que têm o papel mais importante em certos Graus Filosóficos da Maçonaria.
Quanto à simbologia maçônica, Diocleciano solicita aos Quatro Santos Coroados a elaboração colunas ou capitéis das colunas, deveriam ser cortados do pórfiro pelos operários. Essa peça de arquitetura em especial é particularmente figurante nas alegorias e ritualísticas maçônicas. É dito que as ciências foram preservadas do Dilúvio ao serem inscritas em 2 colunas, o Templo de Salomão (e consequentemente as Lojas Maçônicas) foi erigido com 2 colunas especiais em sua entrada, as Luzes da Loja também são simbolizada por 3 colunas de diferentes ordens, as alas ocidentais das Lojas são chamadas de colunas, além da ornamentação por 12 colunas zodiacais nas paredes da Loja...
622 trabalhadores são reunidos quando os Quatro Santos Coroados são aclamados ao assumirem os trabalho, simples coincidência ou não, curiosamente o dia 6/11 nos anos bissextos é o 311 dia do ano, metade do primeiro número, seria algum tipo de chave numérica (outro martírio então acontece 2 anos depois no mesmo dia, dando 622 exatos)?
Na questão ritualística, Simplício, que era um gentio (ou ao menos até então um descrente, ou melhor, um profano) e por isso não seria celebrado junto aos demais mártires. Ele não havia sido totalmente instruído nos "mistérios" como os demais, portanto não sabia utilizar as ferramentas corretamente quebrando-as. Simplício então após ter sido instruído, passa utilização correta utilização dessas ferramentas, como é feito em Maçonaria no Grau de Companheiro Maçom, a soma de Simplício aos Quatro Santos Coroados formam 5, o número desse Grau maçônico.
Por fim[15], os Quatro Santos Coroados são traídos por invejosos Irmãos de Ofício, acusados de heresia e prática de magia por cobiça. Os Quatro Santos Coroados, os mesmo são “coroados” com pregos (ponta do compasso) por marteladas (malhetes) na cabeça, mesma ferramenta empregada para o Assassínio de Hiram. Os Quatro Santos Coroados cruelmente assassinados por manterem-se fiéis aos seus ideais, seus corpos são descartados e depois recuperados por homens justos que lhes dão o devido tratamento, tal qual acontecera com o Amado Mestre Hiram Abiff...




Autoria de Tiago Roblêdo M\ M\
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REFERÊNCIAS



Grau dos Mestre Eleito dos Nove, Jorge Adoum



[1] Imperador romano de 284 a 305.
[2] A Panónia ou Panônia é uma região da Europa Central, banhada pelo rio Danúbio, correspondendo à parte ocidental da Hungria e oriental da Áustria. Na Antiguidade, era habitada pelos Panônios, povo de origem ilírica.
[3] Os nomes dos Quatro Santos Coroados tendem a variar de narrativa a narrativa.
[4] Sugere ser uma representação de Hélio, divindade greco-romano quem tem a sua cabeça é coroada por uma auréola solar. Circula a terra com a carruagem do sol atravessando o céu para chegar, à noite, ao oceano onde os seus cavalos se banham.
[5] Vitória  era, na mitologia romana, a personificação/deusa da vitória, corresponde à deusa grega Nice.
[6] Cupido, também conhecido como Amor, era o deus equivalente em Roma ao deus grego Eros. Filho de Vênus e de Vulcano, (o deus do fogo e do fero), andava sempre com seu arco, pronto para disparar sobre o coração de homens e deuses.
[7] O mito do nascimento de Vênus (a divindade greco-romana do Amor e da Beleza) conta que surgiu de dentro de uma concha de madrepérola, tendo sido gerada pelas espumas (aphros, em grego).
[8] Esculápio ou Asclépio  para os gregos é a divindade da Medicina e da cura.
[9] Tribuno (magistrado eleito como chefe de cada uma das tribos) do império de Diocleciano.
[10] Apolo foi uma das divindades principais da mitologia greco-romana, e regia o Sol, era um dos deuses olímpicos. Filho de Zeus e Leto, e irmão gêmeo de Ártemis, possuía muitos atributos e funções, e possivelmente depois de Zeus foi o deus mais influente e venerado de todos os da Antiguidade clássica.
[11] Tal evento também ocorre com St. Renold e Osíris.
[12] Ainda Smyrne ou Esmirna, foi uma antiga cidade localizada num ponto central e estratégico sobre o mar Egeu na costa da Anatólia.
[13] Ou Termas de Trajano, iniciadas em 104 pelo arquiteto grego Apollodorus para o imperador Trajano, eram um complexo termal e de lazer da Roma Antiga que, à semelhança das termas de Tito, reaproveitavam algumas das ruínas do palácio dourado de Nero (a Domus Aurea).
[14] Soldado romano, que ia á frente de uma pequena divisão militar, era um oficial inferior, adjunto a um centurião.
[15] O martírio posterior dos milicianos corniculários pode ter se dado por inspiração pelo sacrifício dos trabalhadores em pedra, ou inda ser uma inserção posterior para "encaixar" e exaltar, outro Ofício na narrativa...

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