domingo, 10 de novembro de 2013

O CONSTRUTOR DE JOTUNHEIM: O Gigante Maçom



 É necessário de sabedoria para aquele que peregrina, pois em casa, tudo é fácil.
- O Havamal

INTRODUÇÃO


 O Mestre Construtor

Na confluência de tradições que formaram os Augustos Mistérios e Lendas Maçônicos contemporâneos, é possível notar nos anais maçônicos a influência e recortes egípcios, gregos, fenícios, israelitas dentre tantos outros. Dada à origem britânica da Maçonaria Especulativa Moderna em 1717 com a fundação da Grande Loja de Londres, é natural que alguma influência do país viesse a contribuir na composição desses Mistérios e Lendas. Por sua vez os antigos mistérios daquele reino surgem de outra confluência, vinda da interação de vários povos como pictos, celtas (e druidas), romanos, anglos, nórdicos (e saxões) e outros.
Tomando como indício o Rito Escocês (apesar dos debates sobre sua procedência de fato) é possível rastrear até aquela região do Reino Unido as origens da Maçonaria Moderna e seus ritos, e na família Sinclair (senhores de Roslin e próximos aos Templários) os ditames iniciais da Sociedade Maçônica contemporânea.
William Sinclair o Conde de Orkney e Caithness, Grande Almirante da Escócia em 1436 e deste modo construtor, foi renomado em 1441 por James II, mestre e protetor dos Maçons Escoceses, uma função hereditária aos Sinclair até 1736, em que outro W. Sinclair renunciou por não poder ocupar-se, sendo eleito o primeiro Grão-Mestre da Escócia por votação unânime dos representantes das 33 Lojas maçônicas.
Os Sinclair de então, não eram apenas Maçons-Livres Especulativos, mas também  Operativos, construtores ativos e proficientes na aplicação de geometria, engenharia e arquitetura. A família advinha de origem nórdica por meio dos duques da Normandia e dos Jarls (condes) de Orkney. Sendo os Sinclair de origem nórdica, haveria no berço desta linhagem que conduziu as gêneses da Maçonaria Especulativa Moderna algo familiar ao Ofício?


OS AESIRES E O CONSTRUTOR
Nos primeiros dias dos assentamentos Aesires[1], quando eles haviam constituído a Terra-dos-Homens[2] e erigido o Valhalla[3], veio até eles um Construtor[4] que se ofereceu para fazê-los em 3 estações[5] uma fortificação[6] extraordinária. Esta fortificação seria tão forte e vigorosa que os protegeria mesmo dos ataques de Gigantes-da-Montanha, Gigantes-do-Gelo[7] e até daqueles que erravam pela Terra-dos-Homens.
Para isso, o Construtor impôs como salário ter a mão de Freyja[8] além de possuir o Sol e a Lua. Logo, os Aesires entraram em debate e houve uma assembleia, então uma aposta[9] foi proposta ao Construtor. Ele ganharia aquilo que desejava se conseguisse construir as fortificações em apenas um inverno, contudo, se no primeiro dia do verão a construção ainda estivesse inacabada, nada lhe seria pago, além disso, não poderia receber a ajuda de ninguém nas obras. Quando lhe formalizaram estes termos, contudo, ele lhes contrapôs para que tivesse ajuda ao menos de seu cavalo, que era conhecido como Svadilfari[10], por sua vez, Loki[11] aconselhou aos Aesires que isso lhe fosse permitido e a aposta foi então selada.
O Construtor começou as obras das fortificações já no primeiro dia de inverno, e a noite aproveitou seu cavalo para transportar as pedras até a obra. Os Aesires ficaram assombrados com o enorme tamanho das pedras que o cavalo transportava, ele laborava duas vezes mais do que os já redobrados esforços do Construtor!
Testemunhas respeitáveis foram convocadas para formalizar a aposta que, além disso, havia sido consolidada sob muitos juramentos, pois o Construtor não considerava seguro estar entre os Aesir sem um salvo-conduto[12], sobretudo se o intimidante Thor[13] estivesse presente, mas, naquele momento ele havia ido ao oriente para combater os Trolls[14].
Com o inverno chegando ao fim, às obras das fortificações haviam feito um bom progresso, era tão alta e forte que não poderia ser tomada de assalto. Quando faltavam apenas três dias para o verão, o trabalho havia quase alcançado os portões das fortificações.
Os Aesires logo tomaram seus assentos de assembleia e buscaram por uma saída, perguntaram-se uns aos outros quem havia dado tal conselho que lhes tomariam Freyja num casamento[15] e arruinariam os ares e o céu pela perda do Sol e da Lua[16] para um Construtor forasteiro. Todos concluíram que quem deu os maus conselhos fora Loki[17], ele havia inventado aquilo, eles então proferiram que Loki mereceria uma morte terrível se não arranjasse para que o Construtor perdesse a aposta e consequentemente seu salário, e o ameaçaram violentamente. Loki entrou em pânico, no entanto, prometeu em juramento que, custasse o que custasse, ele iria arranjar as coisas de modo que o Construtor perderia a aposta.
Na mesma noite, quando o Construtor estava transportando pedras com seu cavalo Svadilfari, uma égua correu para fora da floresta até o garanhão relinchando e para ele. Quando o garanhão notou a tal fêmea, tornou-se frenético e rompendo suas rédeas, partiu no encalço da égua[18] que já havia rumado de volta à floresta, o Construtor por sua vez os perseguia. O Construtor queria retomar o garanhão, mas os cavalos galoparam por toda a noite e o trabalho naquele turno havia sido então perdido.
No dia seguinte, à mesma porção de trabalho não havia sido feita como o de praxe. O Construtor então concluiu que a obra não seria terminada a tempo entrando num colérico furor-de-gigante[19]. Quando os Aesires tomaram ciência de que era um Gigante-da-Montanha[20] que ali estava, não deram mais nenhum respeito aos seus juramentos e Thor foi convocado.
Thor chegou de pronto e imediatamente arremessou seu martelo Mjolnir[21]. Thor pagou ao Construtor, não com o Sol ou a Lua, nem sequer o permitiu retornar a Terra-dos-Gigantes[22], pagou sim, com um único golpe na fronte de tal forma que seu crânio sacolejou em fragmentos e seus restos por fim, foram despachados para as profundezas das Terras-das-Brumas[23]...

CRUZANDO CONSTRUÇÕES


 A Encenação da Lenda de Hiram
A compilação de Sagas[24] ou Eddas nórdicas chamadas Gylfaginning (A Visão de  Gylfi) possivelmente traz a lenda em que figura o ofício da maçonaria operativa mais proeminentemente. De fato essa lenda apresenta alguns paralelismos com a própria Lenda de Hiram (e, portanto com o Martírio de St. Reinold) as coincidências não são muitas, entretanto, inegavelmente precisas nos seus detalhes. De alguma forma esta peça do folclore nórdico[25] veio a contribuir com elementos para a formação da Lenda de Hiram? Através da linhagem dos Sinclair talvez?
Apesar do cenário mítico exibido em Gylfaginning, o mesmo não é tão avesso às narrativas encontradas nos livros do antigo testamento e seus contemporâneos quais predominam elementos nos Ritos Maçônicos. Antes do Dilúvio é narrado que a terra era habitada por raças como os Nefilins e os Giborins tal qual é visto no Gylfaginning com Aesires e Jotuns!
Em ambas as narrativas (A de Hiram e a do Construtor) são visto um Maçom Operativo que se põe a trabalhar numa construção divina (O Templo de Salomão e a Asgard) em terras estrangeiras (Israel e Godheim). Na Fenícia de onde Hiram era oriundo, o iniciado encenava o hiero gamos (ou Casamento Sagrado) com a sacerdotisa/divindade que regia vida,  juventude, erotismo e fertilidade (Inana) tal qual era Freyja com a quem desejava casar-se o Construtor, além disso, ambas as divindades proviam cuidados a um jardim sagrado.
Freyja era associada ao planeja Vênus (como Inana) que forma a Estrela Flamígera Maçônica (Stella Pitagoris)[26], e que junto com o Sol e a Lua (os outros itens do salário do Construtor) são os 3 maiores luminares do firmamento e os astros mais proeminentemente retratados nas Lojas Maçônicas. No Cântico dos Cânticos, poema atribuído ao Rei Salomão (que conviveu com Hiram) ainda lemos “Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol(...)” uma possível analogia de Vênus (A Estrela D’Alva) com a Rainha de Sabah.
O Construtor requer o tempo mínimo de 3 estações para a conclusão da obra, tal qual em algumas Obediências Maçônicas o Aprendiz leva (minimamente) para completar sua obra em torna-se Mestre, mas como prazo recebe o fim do inverno, passagem do ano dedicada a São João, o patrono da Maçonaria Especulativa.


No Martírio de St. Reinold, outra história extremamente semelhante à Lenda de Hiram, figura o ganharão mágico Bayard, também de potência quadriplicada (serve de montaria aos 4 Filhos de Aymon simultaneamente), que acaba fugindo para as florestas (em Ardennes) nos remetendo a Svadilfar.
         Assim como o povo de Israel assombrou-se com os modos de trabalho no Templo, os Aesires assombraram-se com os trabalhos em Asgard,  e por isso, ambos os personagens sofrem um ardil, Hiram por seus Irmãos-Construtores (Jubelas, Jubelos e Jubelum) e o Construtor por seu Irmão-Jotun (Loki). Os Aesires envolvidos na narrativa são 3 e aludem a Hiram e os três companheiros que o assassinaram, que são correspondentes aos três signos do inverno Libra, Escorpião e Sagitário (Jubelas, Jubelos e Jubelum), assassinos do Sol (luminar gigante do firmamento) e de Hiram.
         Por fim os personagens são assassinados por uma martelada na fronte (Malhete e Mjolnir) e tem seus corpos despachados (enterrado sob a Acácia e sob as profundezas de Niflheim).
         Bem, se os Gigantes não fossem figuras normalmente (mas não sempre) antagônicas nas antigas literaturas europeias, não seria surpresa que a história continuasse com a busca do corpo do Construtor por seus associados...

Thor destrói o Gigante

DA SAGA AO RITO

É importante notar que os personagens dos gigantes nem sempre figuravam como vilões e que se pensava na época que eles fossem os autores das construções megalíticas como Ggantija a "Torre dos Gigantes" e Stonehenge, referido em escritos medievais como "Dança dos Gigantes". Por sinal tais construções megalíticas normalmente eram orientadas a observação de Vênus (Freyja) a Lua e Sol o que inaugurou a era das construções associadas aos Mistérios.
O Livro de Enoch, um texto apócrifo que foi trazido primeiramente ao ocidente por um Maçom e posteriormente também encontrado em Qumran nos traz o personagem bíblico de Enoch (personagem proeminente nos Graus Filosóficos da Maçonaria). Este livro narra como alguns Elohim (um grupo de divindades) se renegaram e passaram coabitar com as filhas dos homens, de suas relações nasceram os Gigantes. Azazyel os ensinou a fabricarem ferramentas, Barkayal a observarem as estrelas, Tamiel a astronomia e Asaradel o movimento da lua. Posteriormente os Gigantes acabam dominando a Terra, mas são combatidos e vencidos por outros Elohim.
Por sua vez, Irlanda e Escócia possuíam lendas semelhantes, os Tuatha Dé Danann combatiam os Gigantes Fomorians. Dagda um dos principais Tuatha controlava os elementos e carregava um martelo que podia matar num único golpe. Curiosamente o termo “Tuatha Dé” também era empregado para se referir aos israelitas em textos irlandeses do início da era cristã.
Os Sinclair como os Maçons Operativos que eram, poderiam muito bem ter tido contato com todas estas narrativas que podiam ter tomado outros usos e conotações devido à predileção dos maçons aos elementos que os melhor os servissem para seus ritos cotidianos. Por fim poderiam ter trazido à lenda do Construtor de Orkney e posteriormente e a agregado as Tradições Maçônicas da época. Em dado momento diversos elementos das Tradições foram selecionados para ajudar a preencher as “lacunas” do que é narrado em Crônicas e Reis sobre a construção do Templo de Salomão e da trajetória de Hiram.
De qualquer forma, o Construtor assim como Hiram, através de Alegoria e Mistério deu importantes lições com sua morte pelas mãos Aesires:

                                I.            Não devemos omitir ou ocultar sobre quem e o que somos;
                              II.            Não devemos distrair de onde e com quem estamos e relacionamos;
                            III.            Não devemos cobiçar pelo que é alheio, e por fim;
                          IV.            Não devemos ceder a vícios ou paixões tal como a fúria.

Autoria de Tiago Roblêdo M\ M\
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REFERÊNCIAS



Grau dos Mestre Eleito dos Nove, Jorge Adoum
A Linhagem Do Santo Graal, Laurence Gardner
O Livro de Hiram, Christopher Knight e Robert Lomas
A Máquina de Uriel, Christopher Knight e Robert Lomas
A.S.Franchini, Carmen Seganfredo, As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica


[1] Ainda Æsir ou Ases, segundo a mitologia nórdica, é um clã divino que residia em Asgard (em nórdico arcaico Ásgarðr).
[2] Midgard (em nórdico arcaico Miðgarðr) é o nome do reino dos humanos na mitologia nórdica, correspondendo a Terra como então era conhecida.
[3] Valhala, Valíala, Valhalla ou Walhala (em nórdico arcaico Valhöll) o "Salão dos Mortos", é um majestoso e enorme salão situado em Godheim, dominado pelo Aesir Odin. Escolhidos por Odin, os que faleciam em combate eram levados para Valhalla após a morte pelas Valquírias.
[4] Em algumas vezes é traduzido como “pedreiro”, em versões desta estória sua identidade é conhecida de início pelos Aesires, em outras é revelada apenas ao fim desta Saga.
[5] O tema constante do passar das estações refletem a cultura pagã da época e o caráter cíclico de suas lendas.
[6] Traduzida ainda em algumas versões como “murro” ou “cidadela”, poderia ser uma referência à construção da cidade divina de Asgard em Godheim, a “Terra-dos-Deuses” ou a reconstrução da mesma ou de suas fortificações (muros) após conflitos com a raça dos Vanires que habitavam Vanaheim.
[7] Os Jotuns são uma raça mitológica nórdica de gigantes que oriunda de Jotunheim, um dos nove mundos da cosmologia nórdica.
[8] Freyja (às vezes retratada como Vanir, outra raça mitológica nórdica) regia a vida,  juventude, erotismo e fertilidade, cuidava do jardim sagrado onde brotavam as maçãs a juventude, graças às quais os Aesires permaneciam sempre jovens e saudáveis.
[9] A moral nórdica em muito difere das morais grega e judaico-cristã que permeiam a contemporaneidade, ao invés de benevolência e retidão, as virtudes valorizadas eram a coragem e sagacidade.
[10] Na mitologia nórdica Svadilfari (em nórdico arcaico Svaðilfari) que significa "Infeliz Viajante" ou ainda “Servo” era um cavalo mágico de força e vigor descomunais.
[11] Ainda Loke ou Lothur é um gigante da mitologia nórdica que foi adotado como filho por Odin e vivia entre os Aesires. Regia a trapaça e a travessura, também estava relacionado à magia e podia assumir a forma que quisesse. É frequentemente considerado um símbolo da maldade, traiçoeiro, de pouca confiança. Embora suas artimanhas geralmente causem problemas aos Aesires em curto prazo, estes frequentemente se beneficiam ao fim das travessuras de Loki.
[12] Esse receio da proximidade aos Aesires sugere que o construtor omitia sua naturalidade de Jotunheim temendo algum tipo de represaria.
[13] Na mitologia nórdica Thor (em nórdico arcaico Þórr) é o Aesir que regia os trovões, relâmpagos, tempestades e força.
[14] Troll é uma criatura da mitologia nórdica descrita desde tamanhos gigantes a diminutos e dizia-se que vivia em cavernas ou grutas subterrâneas também lhes foram atribuídas outras características, como a transformação em pedra caso expostos à luz solar.
[15] Se as intenções do Construtor era tomar Freyja para privar os Aesires das maçãs que lhe proviam imortalidade ou simplesmente por sua beleza inigualável o texto não deixa claro, de todo caso, a possibilidade certamente deixou os Aesires fortemente preocupados.
[16] O Sol e a Lua de alguma forma parecem contribuir para o equilíbrio e manutenção do firmamento.
[17] Loki frequentemente figurava nas narrativas da mitologia nórdica em situações na qual recorria a tramas e trapaças que acabavam por deixá-lo enrascado.
[18] Tal égua era o próprio Loki transformado que sabotava o trabalho do Construtor para salvar-se da punição ameaçada pelos Aesires. Loki possuía o dom da mudança de forma o que constantemente é visto nas narrativas que descrevem suas (des) venturas. De fato, o mesmo era oriundo da raça dos gigantes de Jotunheim, mas se passava normalmente como um Aesir.
[19] Os nórdicos possuíam um conceito chamado de “Berserker”, era um estado de furor mental que normalmente era entrado em combate a fim de potencializar as investidas dos guerreiros.
[20] Ao entrar em “berserker” o Construtor por descuido acaba revelando sua naturalidade omitida que até então permanecia ignorada aos Aesires que execravam aos Gigantes ou Jotuns.
[21] Na mitologia nórdica o Mjolnir (em nórdico arcaico Mjölnir) significa “Aquilo que Esmaga” é o martelo de Thor forjado a partir do material mágico chamado Uru, a arma estava associada ao controle de elementos como o raio e do trovão.
[22] Na mitologia nórdica Jotunheim (em nórdico arcaico Jötunheim)  é o reino das raças de gigantes coletivamente chamados de Jotuns. O próprio Construtor como Loki também era um Jotun e aparentemente também tinha a capacidade para se “camuflar” entre os Aesires até então.
[23] Niflheim ou "Reino das Brumas" é o reino do gelo e do frio na mitologia nórdica, lá residem às almas daqueles que não morreram em batalhas, Niflheim é governada pela rainha do inferno Hela.
[24] Na literatura, o termo Saga ou Edda refere-se a histórias narradas em prosas originárias dos países nórdicos na mediavalidade. Estas Sagas, geralmente anônimas, misturam aspectos históricos com mitologia, religião e moral.
[25] Parra se ter noção da influência nórdica no pensamento inglês, até hoje os nomes usados para designar os dias da semana nessa língua foram escolhidos em honra a divindades nórdicas.
[26] Estrela Flamígera ou Stella Pitagoris seria uma Estrela Filosofal (tal qual a Pedra Filosofal) que materialmente estaria associada à conjunção de Vênus e Mercúrio formando aparentemente um único astro noturno de brilho ímpar que por sua vez estaria correlacionado a Shekhinah bíblica.

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