segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O RITUAL DOS FRANCOS-MAÇONS OPERATIVOS: Um Testemunho das Práticas Tradicionais


Além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos.
- Albert Einstein

APRESENTAÇÃO


 Escudo de Armas dos Maçons  (Alemanha, 1515)

Em 1909 houve uma palestra para a Sociedade de Engenheiros de Leicester, com posterior publicação dum livreto intitulado Arte Tectônica , um estudo de quinze páginas dedicado à história das agremiações de construtores, à sua organização, a algumas das suas técnicas e às suas simbologias, seu autor foi um maçom chamado Clemente Stretton.

Stretton reafirmava que a Maçonaria Especulativa foi originada a partir da Maçonaria Operativa, entretanto os Maçons Aceitos Especulativos teriam sido recebidos apenas nos graus iniciais da Ordem, tendo apenas um conhecimento parcial ou incompleto. Stretton possuía uma posição ímpar da questão, além de Maçom Especulativo, era engenheiro de profissão e trabalhara na construção de diversas estruturas, dizia que ele próprio havia recebido de um remanescente destes Maçons Operativos as instruções da A Respeitável Sociedade de Pedreiros Livres, Pedreiros Brutos, Muradores, Telhadores, Calceteiros, Pavimentadores e Ladrilheiros.

Posteriormente Thomar Carr compilou e editou parte dessas instruções com permissão desta Sociedade e auxílio do próprio Sttrenton, e esta é a obra que segue traduzida. Para os trabalhos de tradução, foram utilizadas algumas edições em língua inglesa (a original) e outras em espanhola, cujas notas e parênteses relevantes foram mantidos e acrescidos junto a algumas considerações finais e explicativas sobre o texto.


FRONTISPÍCIO


 O RITUAL
DOS

FRANCOS-MAÇONS OPERATIVOS

(UM TESTEMUNHO PARA O RETORNO ÀS PRATICA TRADICIONAIS)

Dr. Thomas Carr


[The Ritual of the Operative Free Masons. Ann Arbor, Mich: The Tyler Pub. CO, 1911.]







































TESE

Este artigo foi escrito, em primeiro lugar, para provar que a Maçonaria Especulativa é derivada da Maçonaria Operativa e em segundo lugar, para prestar um testemunho sobre Francos-Maçons Operativos, seu ritual e seus costumes.






























A Respeitável Sociedade de Pedreiros Livres, Pedreiros Brutos, Muradores, Telhadores, Calceteiros, Pavimentadores e Ladrilheiros

Loja "Mount Bardon" Nº 110
Fundada 1831

Bardon Hill,
Leicestershire

A Loja acima Nº 110 da Divisão de York, aprovou a seguinte resolução em reunião realizada em 6 de Maio, 1911:

Que a matéria escrita por Thomas Carr de 9 Carlton Terrace, Blackpool, M.D., sobre O Ritual dos Francos-Maçons Operativos é um testemunho verdadeiro e acurado das cerimônias praticadas por essa da Loja, e o que se tem sobre a tradição transmitida a nós nas cerimônias originais que foram praticadas desde tempos imemoriais.

Que a referida matéria se baseia em informações fornecidas por nós ou por nossos membros credenciados e que o dito Thomas Carr recebeu a nossa permissão para publicar a matéria.

Que há muito mais sobre nosso ritual e cerimônias do que é descrito na matéria, mas dito que o testemunho na matéria é estritamente preciso na medida do possível.

Este Thomas Carr Isso é um membro correspondente desta Loja em plena capacidade e de boa reputação.

Assina, JOHN A. GRANT, 1º Mestre.
Assina, ROBERT WALTER GRANT, 2º Mestre.
Assina, WILLIAN GEORGE MAJOR BAILEY, 3º Mestre.

Assina, ROBERT B. GRANT, Secretário, I P. M., VIIº.

















I. INTRODUÇÃO


A maioria dos Francos-Maçons especulativos é ciente do fato de que uma Agremiação de Francos-Maçons Operativos continua existindo, tal qual A Companhia de Maçons de Londres.
É um fato comprovável que diversas Sociedades de Maçons Operativos existiram na Inglaterra, França e Itália durante a Idade Média, e que construíram as igrejas, pontes e catedrais que ainda hoje adornam tais países. Também na Alemanha floresceu um corpo bem organizado destes Maçons, conhecidos como os Steinmetzen.

O nome Franco-Maçom (Free Mason) foi utilizado pela primeira vez no Estatuto XXV de Eduardo III (1352). Diversos autores já demonstraram como os Maçons tinham de viajar para onde quer fosse necessário a fim de realizar seu trabalho, e como os Maçons ingleses trabalharam na França e os franceses na Inglaterra.

Quando a escrita estava limitada ao clero e os diplomas eram desconhecidos, a solução idônea para atestar como um desconhecido podia ser um hábil e autêntico artesão, foi possuir um sistema de palavras de passe e sinais. Esses lhes permitiriam demonstrar que tinham aprendido regularmente seu ofício e que não eram cowans[1] ou impostores. Os antigos Maçons Operativos da Idade Média, tanto na Inglaterra como no resto da Europa, tinham seus próprios procedimentos regulares para admitir a um leigo como Aprendiz, lhe ensinar o Ofício e qualificá-lo para sua prática.

Uma boa parte dos Antigos Deveres e Regulamentações daqueles tempos chegaram até nós. Cerca de oitenta documentos foram estudados e autentificados como tais, os quais podem ser estudados no excelente trabalho do ex-Venerável Baxter que consta no primeiro volume das “Transactions of the Quatuor Coronati Lodge”[2].

A relação que segue elenca alguns dos mais importantes desses como são geralmente chamados “Antigos Deveres”:

RELAÇÃO DE ALGUNS DOS ANTIGOS DEVERES.

Regius (Halliwell), c. 1390, British Museum, Royal Library 17 A i.
Cooke, Early isth Century, British Museum, Add. M.S. 23, 198.
Lansdowne, Before 1598, British Museum, No. 98, art 48, f 276 B.
Sloane No. i, 1646, British Museum, No. 3848.
Sloane No. 2, 1649, British Museum, No. 3323.
Harleian 1942, 17th Century, British Museum, Harleian No. 1942.
Harleian 2054, 17th Century, British Museum, Harleian No. 2054.
Harris No. 2, 1781, British Museum, Ephemerides, pp. 2493 g a a.
Grand Lodge No. i, 1583, Grand Lodge Library.
Grand Lodge No. 2, i7th Century, Grand Lodge Library.
Buchanan, 1670, Grand Lodge Library, (Copy in Gould's Book).
Colonel Gierke, 1686, Grand Lodge Library.
Thomas Foxcroft, 1699, Grand Lodge Library.
Stanley, 1677, W. Yorks, Masonic Library.
William Watson, 1687, W. Yorks, Masonic Library.
Taylor, Late 17th Centurj', W. Yorks, Masonic Library.
Plot, 1686, Published in Natural History of Staffordshire. Dr. Plot.
Bain, Bro. C. A. Wilson, Armley, Leeds.
Scarborough, Before 1705, Grand Lodge of Canada.
Inigo Jones, 1607, Prov. Grand Lodge, Worcestershire.
Wood, 1610, Prov. Grand Lodge, Worcestershire.
Lechmere, 17th Century, Prov. Grand Lodge, Worcestershire.
Phillips No. I, 17th Century, Rev. J. E. A. Fenwick, Cheltenham.
Phillips No. 2, 17th Century, Rev. J. E. A. Fenwick, Cheltenham.
Phillips No. 3, Early i8th Cent., Rev. J. E. A. Fenwick, Cheltenham.
Strasburg, 1459, M.S. at Strasburg (Findel).
Torgau, 1462, ? (Findel).
Kilwinning No. i, Late 17th Century, S. Michaels, Kilwinning,
Dumfries.
Kilwinning No. 2, 17th Century, S. Michaels, Kilwinning, Dumfries.
Kilwinning No. 3, Late 17th Century, S. Michaels, Kilwinning,
Dumfries.
Kilwinning No. 4, 1730-40, S. Michaels, Kilwinning, Dumfries,
(A. Q. C. 6).
Kilwinning No. 5, 1730-40, S. Michaels, Kilwinning, Dumfries.
Antiquity, 1686, Lodge of Antiquity.

De tais Antigos Deveres, obtemos evidências da utilização de Instruções Morais e de Sinais Secretos. Consequentemente desde tempos remotos um alto critério moral foi inculcado através deles. E no mais antigo de todos os Deveres, o Manuscrito Regius (cerca 1390), fazem-se recomendações ao modo das “verdades auto evidentes”.

O Manuscrito Harleian N.º 2054, que data do século XVII e originalmente pertenceu a Agremiação de Chester, entre outras coisas, diz que “existem muitas palavras e sinais de um Franco-Maçom” que não deverão ser comunicadas “a não ser aos Mestres e Companheiros da Sociedade de Franco-Maçons, assim Deus me ajude. Aqui segue o respeitável e pio juramento dos Maçons.”.

No século XVII, e provavelmente antes, cavalheiros (privategentlemen)[3] e oficiais do exército começaram a ser aceitos como membros da Sociedade de Francos-Maçons na Inglaterra e Escócia.

O advogado John Boswell, latifundiário, foi membro da St. Mary’s Chapel Lodge, de Edimburgo, em 1600. Robert Moray, Intendente Geral do Exército Escocês, foi constituído Maçom em Newcastle em 1641. Elias Ashmole, célebre antiquário, e o coronel Henry Manwaring foram constituídos Maçons em Warrington em 1646.

É interessante notar o fato que esses três homens, quais eram os primeiros Maçons Honorários ou Não-Operativos, ou em termos mais modernos Especulativos, foram constituídos na Inglaterra. Moray era presbiteriano e um partidário escocês em prol de um Parlamento Escocês autônomo, Ashmole era um católico realista que apoiava à Monarquia da Casa dos Stewart e Manwaring era o anglicano do grupo, tendo uma postura que defendia o Parlamento da Inglaterra e contrária à Casa dos Stewart. De modo que naqueles dias, a Maçonaria era um vínculo de união entre homens de diferentes religiões e opiniões políticas, e o continuou sendo inclusive nos tempos da Grande Guerra Civil Anglo-Escocesa.

Em 1647, o Dr. William Maxwell ingressou na Loja Maçônica de Edimburgo. Até onde se sabe, foi o primeiro médico que se tornou Maçom. Também devemos notar que nas atas da St. Mary’s Chapel Lodge, em Edimburgo, está registrado que, o já mencionado, Boswell assinou sua marca na reunião da Loja Maçônica ocorrida em 8 de junho de 1600. Os Earls de Cassilis e Eglinton foram iniciados na Loja Maçônica do Kilwinning em 1670 ou por volta disso. Tais cavalheiros como foram mencionados, começaram a ser conhecidos como Maçons Aceitos a partir de tais datas, e gradualmente aumentaram em número.

Em 1717, sob a influência do Dr. Anderson e coligados, alguns Franco-Maçons Operativos, junto a alguns Não-Operativos Aceitos (ou Francos-Maçons Especulativos), pertencentes a quatro Lojas Maçônicas de Londres, reuniram-se para formar a Primeira Grande Loja Maçônica. Uma variante na qual a Maçonaria Especulativa em vez da Operativa era o propósito principal. As ferramentas arquitetura e construção  se tornaram simbólicas, mas seu Ritual se apoiou no Ritual da Antiga Sociedade Operativa, do qual se tomou largos conteúdos.

Os graus de Aprendiz e de Companheiro do Ofício se fundaram sobre os correspondentes graus do sistema operativo.

Posteriormente, quando o grau de Mestre, não de Mestre da Loja e sim o de Mestre Maçom, foi acrescentado, Anderson e coligados inventaram uma cerimônia apoiada no Festival Anual dos Operativos, celebrado em 2 de Outubro para celebrar o assassinato de Hiram Abiff durante a construção do Templo do Rei Salomão.

Os verdadeiros segredos e o verdadeiro Ritual do grau operativo de Mestre não puderam ser incluídos, pois só uns poucos os conheciam, ou seja, somente aqueles que ostentavam o título de algum dos Três Mestres de VII° que regiam a Sociedade Operativa. Anderson, certamente, não era um deles, sua função tinha sido a de capelão, entretanto é possível que tivesse sido admitido como membro Aceito da Ordem alguns anos antes na Escócia[4].

II. A PROCEDÊNCIA DA FRANCO-MAÇONARIA ESPECULATIVA DA OPERATIVA


Se alguém ainda duvida do fato de que a formação da Franco-Maçonaria Especulativa se concretizou a partir da Franco-Maçonaria Operativa, seria singularmente singelo convence-lo de seu engano se tão somente estudasse o primeiro Livro das Constituições.

O primeiro Livro das Constituições é o original que Anderson foi comissionado para preparar. Ele foi instruído “para ordenar e arrumar as antigas Constituições Góticas sobre um novo e melhorado sistema”. E foi impresso e publicado sob a autoridade da Grande Loja Maçônica em 1723.

Apesar das múltiplas mudanças e novas edições, e sua completa revisão devido à União de 1813, a edição atual do Livro das Constituições continua mostrando inequivocamente sua origem operativa.

Os Antigos Deveres que aparecem na página 1 do atual Livro das Constituições, datado de 1909, são quase idênticos aos Antigos Deveres incluídos no primeiro Livro das Constituições publicado em 1723. As alterações são muito pequenas e quase insignificantes, e não há mudança alguma na Seção V que é a que se pode utilizar para corroborar a procedência da Franco-Maçonaria Especulativa da Franco-Maçonaria Operativa. A Seção V se titula “Do Regulamento da Corporação Durante os Trabalhos” e se poderá notar que os termos utilizados são nitidamente operativos.

DO REGULAMENTO DA CORPORAÇÃO DURANTE OS TRABALHOS.

1.      Todos os Maçons devem trabalhar honestamente nos dias úteis, para que possam viver honrosamente nos dias santos e no tempo determinado pela lei do país, ou conforme o costume qual deverá ser observado.
2.      O mais perito entre os Companheiros será escolhido e nomeado como Mestre ou Supervisor da obra do Senhor e este deverá ser chamado de Mestre por aqueles que trabalharão abaixo dele. Os Companheiros devem evitar toda a linguagem danosa e não devem chamar um ao outro por nenhum nome jocoso, mas sim por Irmão ou Companheiro e devem se comportar com cortesia dentro e fora da Loja.
3.      O Mestre, sabendo-se capaz de sagacidade, se comprometerá com a obra do Senhor o quão razoavelmente possível, tratando de fato os bens dele como se fossem os seus próprios e não dará mais remuneração para qualquer Irmão ou Aprendiz do que eles realmente mereçam.
4.      Ambos, o Mestre e os Maçons devem receber os seus salários de forma justa, devem ser fieis ao Senhor e concluir o seu trabalho honestamente, seja por tarefa ou jornada e nem proporão trabalho por tarefa quando se é o costume por jornada.
5.      Ninguém deverá invejar a prosperidade do Irmão, nem suplantá-lo, nem tirá-lo de um trabalho sendo ele capaz de terminá-lo, porque ninguém deve terminar o trabalho do outro senão para benefício do Senhor, de modo que tal, já esteja plenamente familiarizado com os desenhos e rascunhos que foram traçados.
6.      Quando um Companheiro é escolhido como Vigilante da obra pelo Mestre, este deverá ser fiel ao seu Mestre e aos Companheiros, cuidadosamente supervisionará o trabalho na ausência do Mestre, para o benefício do Senhor e seus Irmãos o deverão obedecer.
7.      Todos os Maçons empregados receberão seus salários humildemente, sem murmúrio ou revolta e não abandonarão o Mestre até que o trabalho seja concluído.
8.      Um Irmão mais novo deverá ser instruído no trabalho a fim de evitar que estrague materiais por falta de entendimento e também para fomentar e perenizar o amor fraterno.
9.      Todas as ferramentas utilizadas no trabalho deverão ser aprovadas pela Grande Loja.
10.  Nenhum operário deve ser empregado no trabalho próprio de um Maçom, nem Francos-Maçons trabalhar com aqueles que não são francos sem uma necessidade urgente, nem devem ensinar operários e maçons não aceitos como eles ensinariam a um Irmão ou Companheiro.

O Ritual Especulativo também nos fornece provas de sua procedência do Ritual Operativo:

1.      Quando apresentam as Ferramentas de Trabalho em cada um dos três graus: “Como nem todos somos Maçons Operativos, e sim francos e aceitos, ou especulativos.”;
2.      Os Maçons Operativos são mencionados na leitura sobre o primeiro Painel de Loja Maçônica quando as Joias Móveis são mencionadas e sua utilização explicada;
3.      Os Maçons Operativos são também mencionados nas leituras oficiais: Leitura 1, seção VII do Ritual de Emulação.

Em 6 de janeiro de 1911, uma nota histórica do Ex-Venerável John P. Simpson, B.A, Past Assistente do Grande Guarda Selos[5] foi publicada pela Grande Loja Maçônica, na qual o autor expressava: “Os Rituais da Franco-Maçonaria do Primeiro e Segundo graus derivam sem dúvida, em parte, das cerimônias da antiga Agremiação Operativa”. Simpson poderia haver dito mais acertadamente, que em sua maioria se derivavam das cerimônias operativas.

Deve-se adicionar que acontece o mesmo com o Terceiro Grau e também com o Grau da Marca.

A discussão sobre o grau de Mestre Maçom tornaria muito extenso o presente trabalho, mas será contemplada a publicação de um texto sobre “O Terceiro grau” em algum momento futuro. Aqui só deve-se dizer que o Terceiro grau é uma ideia tardia no que tange à Maçonaria Especulativa. Tal como o sistema foi formulado em 1717, e como pode ver-se no primeiro Livro das Constituições de 1723, não existia o Terceiro grau; um Maçom só chegava a ser intitulado “Mestre” quando alcançava a posição de Mestre da Loja. Os Antigos Deveres da edição atual do Livro das Constituições são suficientes para esclarecer este ponto, ainda quando este parágrafo é idêntico à aparição na primeira edição de 1723:

“Nenhum Irmão poderá ser Vigilante até que tenha passado do grau de Companheiro, nem Mestre até que tenha atuado de Vigilante, nem Grande Vigilante se não tiver sido Mestre de uma Loja Maçônica […] [§. IV, ¶. 2]”.

E na presente edição, de 1909, do Livro das Constituições existe uma nota acrescentada a esta seção que não aparecia no livro de 1723, mas que havia sido acrescentada em 1815:

“Em tempos antigos, nenhum Irmão, sem importar suas habilidades no ofício, era chamado Mestre Maçom até ter sido eleito para o trono de uma Loja Maçônica.”

O Terceiro grau especulativo, como já indicado, está, entretanto, apoiado no Ritual Operativo, como uma adaptação da Cerimônia Anual qual os operativos celebravam em 2 de outubro, para solenizar o assassinato do Terceiro Mestre, Hiram Abiff, um mês antes da Dedicação do Templo, que se celebrava em 30 de outubro[6].

III.   OS FRANCOS-MAÇONS OPERATIVOS EXISTENTES


O nome completo da existente Sociedade de Franco-Maçons Operativos, cujo Ritual está a se referir, é o de “Respeitável Sociedade de Pedreiros Livres, Pedreiros Brutos, Muradores, Telhadores, Calceteiros, Pavimentadores e Ladrilheiros”.

Os Pedreiros Brutos (Maçons Brutos) e os Muradores eram os artesãos inferiores que faziam um trabalho mais pesado que o dos Pedreiros Livres (Maçons Livres ou Franco-Maçons). Eles não eram Companheiros das Lojas Maçônicas de Franco-Maçons, mas sim, considerados como “Associados”, tendo, entretanto, suas próprias cerimônias. Eram considerados como “desbastadores” (scabblers)[7] e seu trabalho não ia “em linha”. Era-lhes permitido ingressar no primeiro grau de Aprendiz Murador (Apprentice Stone Yard ou Waller), mas não ao segundo de Companheiro Murador (Fellow’s Yard ou Waller).

Os Telhadores, Calceteiros, Pavimentadores e Ladrilheiros eram, certamente, ofícios distintos.

Em Londres os Pavimentadores, Calceteiros e Ladrilheiros eram de fato três companhias claramente separadas e diferenciadas.

Uma Sociedade que compreenda tão diversos ofícios é à primeira vista algo curioso, mas depois de uma investigação se encontrará que não era algo fora do comum segundo os costumes imperantes no século XVII.

Em Kendal, em 1667, a 12ª Companhia de Comércio estava integrada por Maçons Livres, Maçons Brutos, Muradores, Calceteiros, Telhadores e Carpinteiros.

Em Oxford, uma Companhia foi incorporada em 1604 e chamada de “A Companhia de Maçons Livres, Carpinteiros, Montadores e Telhadores da cidade de Oxford”. Em Gateshead a mais curiosa associação de ofícios foi incorporada por uma patente de Cosin, bispo de Durham, em 1671. Os ofícios enumerados eram: Maçons Livres, Espeleólogos, Desbastadores, Escultores, Trabalhadores de pedreira, Rejuntadores, Ladrilheiros, Vidreiros, Pintores, Fundidores, Chaveiros, Esculpidores, Encanadores, Maquinistas, Correeiros, Brideros, Baúzeiros e Destiladores.

Em Edimburgo, a Companhia de St. Mary’s Chapel ao mesmo tempo abrangia uma grande quantidade de ofícios, tais como Trançadores, Ourives, Tapeceiros, Arqueiros, Telhadores, Vidreiros, Pintores, Encanadores e Operários, além de Maçons. Mais tarde permaneceram apenas dois ofícios na União, os Operários e os Maçons que se apartaram depois constituindo separadamente distintas corporações. O maior interesse, entretanto, centra-se na cidade de Durham, onde se encontra a mesma combinação de ofícios que da Sociedade qual se aborda.

Em 1594 o bispo Mathew Hutton incorporou a Sociedade de “Maçons Brutos, Muradores e Telhadores”. Em 1609 o bispo James confirmou seus Regulamentos (Bye Laws) e Ordenanças nas quais eram denominados “Maçons Brutos, Muradores, Telhadores, Pavimentadores, Cobridores e Revocadores”. Em 16 de abril de 1638, o bispo Morton outorgou uma nova patente “À Companhia Associada e a Fraternidade de Maçons Livres, Maçons Brutos, Muradores, Telhadores, Pavimentadores, Revocadores e Ladrilheiros”.

Os bispos de Durham foram condes palatinos[8], assim as patentes provinham deles.

Estes Operativos chegaram a ser homens livres da cidade, o que lhes conferia muitos direitos e privilégios, e muitos cavalheiros (gentry) do condado chegaram a ser membros honorários de tal Sociedade, o que reconheciam como uma distinta honraria. Tal como hoje em dia, muitos membros da classe mercantil e profissional se tornam homens livres e agremiados (“freemen and liverymen”) da Companhia de Comércio de Londres.

A Companhia de Maçons de Londres se incorporou no segundo ano do reinado do Henrique IV (1411), que lhe outorgou seu brasão, qual seria usado no 12º ano do reinado do Eduardo IV (1473).


Brasão da “Companhia de Maçons de Londres” que foi outorgado por Eduardo IV durante o 12º ano de seu reinado (1472-3). Seu mote: No Senhor está toda nossa confiança.

Os Telhadores de Londres, também possuíam brasão, embora não fosse uma companhia legalmente reconhecida; os Pavimentadores eram uma pequena companhia londrina, os Revocadores foram incorporados em 1501 enquanto que os Cobridores e os Ladrilheiros em 1508.

Em Londres, surgiram disputas entre estas diversas companhias e outras de natureza similar sobre qual era seu respectivo trabalho, estas questões foram particularmente severas por volta de 1356, e se podem encontrar muitas referências às mesmas nos antigos registros. Novamente em 1615 e 1632 surgiram dificuldades similares.

Sem sombra de dúvidas, a mesma coisa ocorreu fora de Londres, e a incorporação serve para regular tais disputas.

No ano 1677 “A Respeitável Sociedade de Maçons Livres da cidade de Londres” traçou um mapa da Inglaterra como referência para todos os Francos-Maçons Operativos, qual mostrava o país dividido em oito distritos:

1.      Londres;
2.      Westminster;
3.      Southern;
4.      Bristol;
5.      Chester;
6.      Ilha de Anglesey;
7.      Lancaster;
8.      York;

Tempo atrás, aparentemente, Durham também foi um distrito independente.

A Respeitável Sociedade de Maçons Livres, Maçons Brutos, Muradores, Telhadores, Pavimentadores, Calceteiros e Ladrilheiros, utiliza um brasão, que ainda permanece no Guild Hall de Durham, e que é realmente a combinação das armas das diferentes associações distintas.

No lado esquerdo, há o brasão dos Maçons, ao centro o dos Telhadores, do lado direito o dos Pavimentadores, abaixo, à esquerda, o dos Revocadores, à direita, o dos Cobridores e os Ladrilheiros.

Os brasões em cada caso são similares, se não idênticos, aos das distintas Companhias de Londres.

A data do brasão é 1784, mas a Sociedade se incorporou, como já mencionado, em 1638.


Brasão da “Respeitável Sociedade de Maçons Livres, Maçons Brutos, Muradores, Telhadores, Pavimentadores, Calceteiros e Ladrilheiros” (1784). Seu mote: Deus é nosso guia.

Em Londres, deixou-se de utilizar a palavra Livre no título dos Maçons Livres (Franco-Maçons) em meados do século XVII, devido possivelmente a não mais haver distinção quando os membros das demais Companhias de Londres também se tornaram Livres. Até onde se sabe tanto os Franco-Maçons de Londres como os de Westminster deixaram a Associação junto com outras corporações por volta de 1655-6. Isto deve tomar-se como uma mera hipótese, já que é muito difícil ter conhecimento exato do assunto, embora possivelmente a Divisão de York pudesse ter uma informação mais precisa sobre o caso.

O Ex-Venerável Stretton relatou que quando ele tomou sua obrigação como Aprendiz Aceito na Sociedade Operativa em 1867, Maçons Brutos, Muradores, Telhadores, Pavimentadores, Revocadores e Ladrilheiros estiveram presentes. Mas quando foi passado ao grau de Companheiro de Ofício em maio de 1874, somente Franco-Maçons estiveram presentes, o mesmo quando foi passado ao Terceiro grau de Supercompanheiro.

A legalização dos sindicatos de 1871 foi à causa da separação dos Maçons Brutos, Muradores, Telhadores, Revocadores e Ladrilheiros dos Maçons Livres na Divisão de York.

Estas corporações começaram a separar-se dos Francos-Maçons em 1871, assim que a legalização dos sindicatos começou, e pelo final de 1883 não havia mais nenhum na Loja Maçônica N° 91 nem na N° 110 e o Ex-Venerável Stretton informou que não existiu mais nenhuma corporação filiada à Divisão de York por vários anos.

Certamente desde 1883 não se incluiu nenhuma das corporações antigamente afiliadas nas reuniões dos Francos-Maçons, mas eles seguiram reunindo-se por sua conta. E os Maçons Operativos relataram que alguns dos antigos Rituais continuaram em uso em alguns dos sindicatos, e embora não houvesse a oportunidade de verificá-lo, isto é aceito como tal. Os antigos membros operativos da Divisão de York ainda hoje (1911) reconhecem aos Maçons Brutos, etc., como Associados ou Irmãos Livres, mas não como Companheiros. Permitem-se trocar com eles a Saudação e a Palavra do Primeiro Grau, e inclusive podem lhes convidar a determinadas celebrações, mas não lhes consideram como Companheiros ou Aprendizes Aceitos, e nem podem lhes ensinar nada do ofício.

Estes Francos-Maçons Operativos se encontram divididos em duas categorias, e cada uma delas, por sua vez, em sete graus.

As duas categorias são a dos Maçons Retos ou do Esquadro (Straight or Square Masons) e a dos Maçons Rotundos ou do Arco (Round or Arch Masons).


Brasão da “Respeitável Sociedade de Maçons Livres, Maçons Brutos, Muradores, Telhadores, Pavimentadores, Calceteiros e Ladrilheiros” emoldurado por um Maçom do Arco e outro do Esquadro (1731). Seu mote: Deus é nosso guia.

Podia-se pertencer só a alguma das duas categorias, a do Esquadro ou a do Arco, nunca a ambas, embora alguém pudesse ser transferido de uma a outra, usualmente do Esquadro ao Arco, se o Mestre assim o ordenava quando oportuno. Quando alguém era aceito como Aprendiz selecionava qual das duas classes pretendia seguir.

O “Esquadro” é o símbolo dos Maçons Retos (daí sua designação como Maçons do Esquadro) e o Compasso dos Maçons Rotundos ou do Arco (daí, também, sua designação como Maçons do Compasso). O azul era a cor dos Maçons do Esquadro e o vermelho o dos Maçons do Arco ou Compasso.


Brasão utilizado pela “Primeira Grande Loja Maçônica da Inglaterra (dos ‘Modernos’)”, derivado do escudo da “Companhia de Maçons de Londres”, o selo mais antigo data de 1732. Seu mote grego diz: No princípio era o Verbo.

Um grande conjunto de hipóteses muito elaboradas foi escrito nos anos recentes sobre a origem das cores na Maçonaria Especulativa, a Ordem da Liga (onde se utilizava a cor azul) e a Ordem do Banho (que utilizava o vermelho) foram sugeridas como protótipos para a utilização destas cores. Muito tempo e escritos imaginativos poderiam ser economizados caso se fizesse referência aos usos e costumes dos Operativos. O brasão original dos Francos-Maçons foi outorgado por Eduardo IV, mas o escudo, um mescla das corporações, ao qual não se pode outorgar data alguma, tem duas figuras de apoio. Um dos tais apoios, o do lado esquerdo, sustenta um “esquadro” e seus indumentos são azuis. O outro, o do lado direito, sustenta um “compasso” e é um Maçom do Arco de indumento vermelho.
Cada uma destas grandes categorias dos Maçons do Esquadro e do Arco se divide a sua vez em sete graus, com segredos e regras de trabalho especiais assim como instruções técnicas restritas a cada um dos graus.

1.      Aprendizes do Ofício dos Francos-Maçons;
2.      Companheiros do Ofício dos Francos-Maçons;
3.      Supercompanheiros que possuíam sua própria Marca;
4.      Supercompanheiros que eram também Construtores no canteiro (de obras) do Templo;
5.      Intendentes e Superintendentes dos Trabalhos ou Menatzchim;
6.      Aqueles que tinham aprovado a Instrução Técnica para a posição de Mestres. Mestres Certificados, conhecidos como Past Mestres (Passed Masters). Também conhecidos como Harodim, particularmente em Durham e no Norte;
7.      Os Grandes Mestres, quem só podia haver três.

Era possível para alguém de alta posição social, ao chegar aos dois graus superiores, VI e VII, ser Mestre Aprovado ou Grande Mestre tanto na Maçonaria do Esquadro como na Maçonaria do Arco.


Brasão da “Grande Loja Maçônica em Londres dos Livres e Aceitos Maçons de acordo aos Antigos Princípios”, 1775. Seu mote: Santidade ao Senhor.

As Lojas Maçônicas operativas N° 91 e a N° 110, são ambas localizadas em Leicester, mas pertencentes à Divisão de York, não por sua posição geográfica, mas sim por sua origem, já que realmente se encontram na parte inglesa que pertence a Westminster. A Loja Maçônica Nº 91 foi fundada em 1761 em Leicester, sob a autoridade da Respeitável Sociedade de Maçons Livres da Cidade e da Divisão de York de Maçons Livres que foi enviada de York para reparar as igrejas de Leicester em tal ano. E já anteriormente tinha sido em sua maioria, empregada na catedral de York. Esta Loja Maçônica se manteve em condições precárias de 1883 a 1909 reunindo-se tão somente uma vez ao ano, mas se encontra em boas condições de novo, com reuniões mensais regulares, reunindo-se no meio do dia de cada segunda quinta-feira do mês.


Terceiro e último selo da “Grande Loja Maçônica em Londres dos Livres e Aceitos Maçons de acordo aos Antigos Princípios”, 1792.

A Loja Maçônica especulativa Nº 279 sob a Grande Secretaria da Inglaterra (Grand Register of England) foi formada em 1790 como uma cisão da Loja Maçônica operativa N° 91, Charles Horton, o então Primeiro Mestre da Loja Maçônica operativa sucedeu o Venerável Mestre da Loja Maçônica especulativa N° 562, hoje N° 279.

A outra Loja Maçônica operativa é a Loja Maçônica Mount Bardon N° 110, com mais de 300 membros, e que trabalha nas pedreiras do Bardon Hill. Foi fundada pelo George Stephenson em 1831, quando as linhas ferroviárias do Leicester e Swannington foram construídas.


Brasão utilizado atualmente pela Grande Loja Maçônica Unida da Inglaterra (Grande Loja Maçônica Especulativa resultado da fusão das Grandes Lojas maçônicas dos “Antigos” e dos “Modernos” em 25 de novembro de 1813). Seu mote: Ouvir, ver e calar.

O Ex-Venerável Clement E. Stretton, engenheiro civil de Leicester, é o Past Primeiro Grande Vigilante Provincial do Leicester, Past Mestre de Loja Maçônica, Past Zorobabel 279 do Capítulo do Real Arco especulativo e Past Terceiro Grande Mestre da VII° na Divisão operativa de York. Como já mencionado, da introdução ao sindicalismo às agremiações operativas perderam sua supremacia. Em 1867 havia mais de 2.300 Maçons Operativos pertencentes à Sociedade em Leicestershire, mas em 1910 havia menos de 500.

IV.   O PRIMEIRO GRAU DE APRENDIZ


A idade usual para o ingresso de um Aprendiz é de 14 ou 15 anos, depois do qual, durante sete anos, mantém-se compromissado a seu Mestre que lhe ensina o Ofício.

A admissão como Aprendiz, que se corresponde à Iniciação especulativa, é uma cerimônia formidável para alguém em tão tenra idade.

Primeiro se tem que pedir permissão à Sociedade para ser aceito como Aprendiz, e logo, se a permissão é aprovada, assina-se a seguinte petição que deve fixar-se na entrada da pedreira ou lugar de trabalho por 14 dias. Em três ocasiões, a começar ou finalizar os trabalhos da pedreira, o solicitante deve permanecer de pé junto a sua solicitação para que possa determinar-se se alguém conhece alguma questão contra ele, a qual caso então ser reportado e investigado.


SOLICITAÇÃO PARA O SUPERINTENDENTE DOS TRABALHOS DA RESPAITÁVEL SOCIEDADE DE MAÇONS LIVRES, MAÇONS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, PAVIMENTADORES, CALCETEIROS E LADRILHEIROS

Eu, _______________________, sendo o filho de um Homem Livre, e de _____ anos de idade, humildemente rogo ser feito Aprendiz do Antigo e Honorável Ofício.
Fui postulado por um parecer favorável prévio da Fraternidade e pelo desejo de conhecimento para me permitir trabalhar no Negócio.
Eu ainda prometo e juro que eu vou estar de acordo com todos os usos e costumes antigos estabelecidos pela Ordem.
Testemunhado por minha mão neste dia __________ de __________.

Assina ____________________________
Testemunha _______________________

Formulário A

O fato de que o solicitante deve declarar que é filho de um Homem Livre nos remete ao caso de que a origem deste procedimento data de quando nem todos os homens eram livres.

A condição de servo existiu na Grã-Bretanha durante mais tempo do que geralmente se reconhece. Nos tempos saxões[9] os theow e os ceorl eram duas categorias de servidão pura e simplesmente. Em tempos anglo-normandos foram conhecidos como serfs (servos) e villeins (vilãos), e restritos a certa região.

Usualmente a condição de um filho se herda do status materno. Agar e Ismael são exemplos bíblicos bem conhecidos[10]. O ditado, “é meu bezerro o que nasce de minha vaca”, reflete-o bem, mas devido às particularidades britânicas não é sempre este o caso e um filho poderia herdar a condição do pai, sempre que houver nascido de uma união matrimonial legalmente constituída. Daí que o solicitante declarar que é filho de um homem livre.

A condição de servo se extinguiu virtualmente na Inglaterra depois dos transtornos sociais causados pela pandemia da peste negra em 1348 e a revolta camponesa ocorrida entre 1377 e 1381, seguida pela Guerra das Duas Rosas (1399-1485). Como dito, virtualmente se extinguiu da Inglaterra, mas remanescentes desta condição puderam ser encontrados já avançados na metade do século XVI, e inclusive durante o reinado de Carlos I.

Na Escócia os Carvoeiros e os Salineiros não foram livres a até o final do século XVIII, mas os Estatutos de 1775 e 1789 terminaram definitivamente com esta condição nas Ilhas Britânicas.

O candidato tem que ser proposto por um Maçom, por sua vez apoiado por um outro, que também deverão estar apoiados por outros cinco mais.

Se aceito terá de se apresentar no dia acordado, o sexto dia da semana, no meio do dia na pedreira ou lugar de trabalho. A razão mais provável da eleição da sexta-feira ao meio-dia para a entrevista é porque a agremiação dos Operativos possuía a tradição da qual no meio do dia de uma sexta-feira Hiram Abiff teria sido assassinado. Meio-dia, já que foi quando, de acordo aos costumes, saia para fazer suas orações, e sexta-feira, já que esse era o último dia de trabalho da semana nos tempos do Rei Salomão.

O candidato, então, solicita entrada e é admitido após dar a palavra de passe, L\E\D\B\C\[11], que lhe era previamente comunicada. É admitido dentro do átrio da Loja Maçônica, usualmente um átrio de porta dupla, e deve realizar o juramento de não revelar nenhum dos procedimentos de tal evento em caso de ser rechaçado em qualquer fase da cerimônia. O qual é feito após haver-se lido em voz alta sua solicitação e depois de que o candidato tenha “beijado o Livro” ao dizer “o prometo e o juro”.

Depois realiza outro curto juramento de que evitando tanto o medo, por um lado, como a temeridade, pelo outro, persistirá até o final da cerimônia. Então a porta externa é fechada e sua chave dada aos Mestres para sua custódia. O candidato coloca o pagamento de direitos apropriado na travessa inferior de um scamillus[12] (“footing stone”) e o Tesoureiro o conta, mas não o recolhe até que o candidato tenha tomado à obrigação.

Levando a atenção ao plano da Loja Maçônica neste Primeiro Grau se nota que os Três Mestres se sentam no Ocidente olhando o Sol nascente. O Segundo Vigilante se senta no Norte para assim poder ver o Sol em seu meridiano, e o Primeiro Guardião se senta no Oriente para poder olhar o ocaso do Sol. O Altar se encontra no centro da Loja Maçônica debaixo da letra “G”, e a Pedra Bruta se coloca ao lado oriental do Altar. Há três Diáconos presentes, um para cada Mestre e um para cada Vigilante.


Plano de uma Loja Maçônica Operativa do Primeiro grau de Aprendiz.

Dentro do átrio retiram todos os metais do candidato e lhe vendam os olhos. Então os três Diáconos saem da Loja Maçônica, retiram-lhe todas suas roupas, e lhe sujam com barro. O médico então chega e lhe retira a venda dos olhos. Indica-lhe “lhes Lave e lhes asseie”. O banho se procede e o candidato se lava, no que deve realizar sete abluções.

O médico lhe revisa para determinar que esteja são e livre de defeitos, e reporta “perfeito em todas suas partes”. Então é eleito pelo sinal da “mão limpa” (clean-hand sign). Vestem-lhe com uma túnica branca, onde o simbolismo da candura (brancura) que a palavra “candidato” implica é mantido. A palavra candidato significa literalmente “pessoa cândida”, quer dizer, “aquele que é branco”.



Sinal da “mão limpa”, do qual não há resquícios no ritual especulativo.

Voltam-lhe a vendar os olhos mantendo-o vestido com sua túnica branca, um cordão azul lhe rodeia o pescoço, e suas extremidades são sustentadas por uma pessoa à frente e outra atrás, enquanto que um segundo cordão azul rodeando sua cintura é suspenso de cada lado por outras duas pessoas. O cordão do pescoço é mais comprido que o da cintura, assim que as quatro pessoas formam um diamante com o candidato ao centro. Este diamante é significativo para a Maçonaria Operativa, e o candidato com seus quatro expertos formam “cinco pontos”, o qual é outra referência aos métodos operativos.

O candidato agora solicita ingresso na Porta Interior:

P: - Como espera ser admitido?
R: - Com a ajuda de El Shaddai e por ser livre e de bons costumes.

Uma espada é pressionada sobre seu peito esquerdo nu até que se tinge com uma gota de seu sangue. Então é admitido e conduzido ao canto nordeste. Ali é questionado:

P: - Que idade tem?
P: - Como é seu caráter?
P: - Qual é sua preparação?
P: - Em que trabalhastes?
P: - Pertencestes a alguma agremiação ou companhia anteriormente?
P: - Jura nenhuma vez ter sido expulso ou retirado de algum trabalho, nem o abandonando?
P: - Em caso de dificuldade e perigo em quem depositam sua confiança?
R: - Em El Shaddai deposito toda minha confiança.
- Podeis levantá-lo. Honoráveis no Oriente, no Sul, no Ocidente e no Norte, deveis tomar nota que [o candidato tal] está por passar frente a vós.

Então o perguntam se pode ver algo, esperando uma resposta negativa, depois do qual lhe afrouxam um pouco a venda para que ao avançar possa ver seus pés e dar dois ou três passos à frente. Logo o solicitam que siga rigorosamente pelo padrão da Borla Dentada enquanto o guiam mais uma vez ao redor da Loja Maçônica, deve por pé após pé, e assim sucessivamente, este procedimento se chama “fim do trabalho”, ou “trabalho em linha”. O candidato deve realizar sua perambulação sem receio e de uma só vez.

No canto nordeste deve avançar a sudeste, daí a sudoeste, e logo a noroeste chegando então até o Segundo Vigilante que obstaculiza seu progresso, e que, para reportar seu término, levanta sua vara, podendo então o candidato continuar. Este retorna ao canto nordeste e daí até o Primeiro Vigilante, que obstaculiza seu progresso de igual forma como anteriormente foi feito, depois do qual, e para reportar seu término, o obstáculo é removido. Então uma tira de tapete é estendida para que se possa alcançar a Pedra Bruta, no lado oriental do Altar, sem que o candidato pise no Pavimento de Mosaico enquanto é conduzido até a Pedra.

Ali, o candidato se ajoelha com ambos os joelhos nus sobre a Pedra Bruta, com a palma da mão esquerda debaixo do Volume da Lei Sagrada e a mão direita sobre este.

É importante observar que esta posição se conserva ainda como sinal[13] nas Lojas maçônicas pertencentes a Grande Loja Maçônica Escocesa, assim como entre os Francos-Maçons Operativos.
 
Sinal de devida guarda.
O candidato então toma a obrigação comum, que é a mesma em uso atualmente, e que foi escrita e assinada por Robert Padgett, Secretário (Clarke) da Respeitável Sociedade de Maçons Livres da Cidade de Londres em 1686. Uma das cópias de Padgett se crê foi tomada por Anderson, e está agora em posse da Loja Maçônica de Antiguidade (Lodge of Antiquity) de Londres.

A RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE FRANCOS-MAÇONS DA CIDADE DE YORK E DIVISÃO.

JURAMENTO DE NINRODE.

APRENDIZ GRAU (1º).

Eu,________________________________________, faço, na presença de El Shaddai e desta Respeitável Assembleia de Respeitável Sociedade de Pedreiros Livres, Pedreiros Brutos, Muradores, Telhadores, Calceteiros, Pavimentadores e Ladrilheiros, a promessa e declaração que eu não irei a qualquer momento daqui em diante, por qualquer ato ou circunstância alguma, direta ou indiretamente, escrever, imprimir, recortar, marcar, publicar, descobrir, revelar, ou tornar conhecido, qualquer parte ou partes dos segredos de negócio, privilégios ou conselhos da Respeitável Fraternidade ou Irmandade da Franco-Maçonaria, que tenha conhecido em qualquer momento, ou em qualquer momento a seguir que venha ter conhecimento.

A penalidade para quebrar este juramento solene será a perda da minha vida.

Que eu deva ser marcado com a marca do traidor e morto, segundo o costume antigo por ter perjurado ___________________________________________ para que a minha alma não tenha nenhum descanso de noite ou de dia.

Dado sob a minha mão e selado com meus lábios, este dia de _____________, 1911.

Então me ajude El Shaddai e os conteúdos sagrados deste livro.


O PRIMEIRO MESTRE MAÇOM: - Tome muito cuidado para mantê-lo desta forma, pois é ariscado e muito perigoso para um homem renegar-se sobre o Livro Sagrado.

Um juramento similar se pode encontrar no Manuscrito [Dumfries] Kilwinning N° 4, por volta de 1710, sob o cabeçalho das “Perguntas e Respostas”.

“Que castigo infligirão à aqueles que revelarem o segredo? Deve-se arrancá-los o coração, enquanto ainda vivem, a cabeça sê-lhes cortada, e o corpo enterrado na borda da praia, e não no lugar em que se enterram aos cristãos.”

A forma deste juramento expõe a estrutura arcaica da obrigação ainda em uso no Ritual especulativo. Era uma crença comum na Idade Média que a alma não podia descansar a menos que seja enterrada apropriadamente, daí que ainda hoje se demanda um enterro cerimonial. Apesar de que a esta demanda seja a de um enterro cerimonial cristão, a ideia é, na realidade, um remanescente pagão irradiado aos cristãos. Os antigos romanos acreditavam que a alma de um corpo insepulto não podia cruzar o rio Estige por ao menos cem anos. Muitas de nossos costumes fúnebres modernos podem ser rastreadas até suas origens pagãs e pré-cristãs.

Não existe dúvida alguma de que na antiguidade estes tipos de castigos eram realmente aplicados. De fato, em uma época em que castigos como a mutilação de uma mão, o enforcamento, o descojuntamento, o esquartejamento, que permanecem ainda consignados em nossos Livros de Estatutos, não haveria incongruência alguma com a existência de um juramento como esse. Papworth e Gould registraram que em 1099 o bispo da província de Utrecht, nos Países Baixos, foi executado por extrair o Grande Segredo do filho de um Mestre Maçom.

Depois de tomar a obrigação se pedia ao candidato que o selasse com seus lábios. Conforme seus lábios se aproximavam do livro, um grande selo de cera se colocava abaixo deles, sua cabeça era pressionada para baixo para que uma impressão de seus lábios ficasse gravada na cera, e assim seu juramento ficava literalmente “selado com seus lábios”.

Quando o juramento termina o Mestre diz aos Diáconos “Deem lhe luz para que possa assinar sua obrigação”. Então, uma pluma lhe é colocada na mão para que possa proceder com a seguinte firma:


Dado sob minha mão e selado com meus lábios este dia ________ de __________.


O candidato é então ajudado a levantar-se com as palavras:

Levanta-o, o Aprendiz do Ofício da Franco-Maçonaria!
 
Ensinam-lhe então o Aperto, que é o mesmo dos especulativos, só que deve ser “encoberto” e a Palavra que é Jabal. Então a leitura do Antigo Dever é realizada, sendo o mesmo Dever que foi promulgado em 8 de dezembro de 1663[14].

O Ex-Venerável Stretton relatou que existem razões suficientes para acreditar que o mesmo Dever era utilizado em todas as oito Divisões operativas no reino.


DEVER PARA O APRENDIZ DO OFÍCIO DE FRANCO-MAÇOM.

1.      Você deve verdadeiramente honrar El Shaddai, e sua santa Igreja, o Rei, seu Mestre e Vigilante, você deve não ausentar-se, senão com a licença de um ou ambos do seu serviço, de dia ou de noite.
2.      Você não deverá roubar ou furtar, ou ser conivente com o furto ou roubo do valor de seis pences deles ou outro qualquer.
3.      Não cometerás adultério ou fornicação na Casa de seu Mestre, com sua esposa, filha ou empregada.
4.      Não deverá revelar os segredos do seu Mestre, Vigilante ou os Conselhos que relataram a vós, ou o que deve ser encoberto, dito ou feito dentro das partes privadas de sua casa, por eles, ou qualquer um deles, ou por qualquer outro Franco-Maçom.
5.      Você não manterá qualquer discussão desobediente com seu Mestre, Vigilante, ou qualquer outro Franco-Maçom.
6.      Você deve comportar-se reverentemente com todos Francos-Maçons, não usando cartas, dados ou quaisquer outros jogos ilegais, exceto na época do Natal.
7.      Você não deve comparecer, ou frequentar quaisquer tabernas ou bares, nem entrar em nenhum deles, a não ser que esteja com o seu Mestre ou o seu Vigilante, ou a as ordens de um ou outro, ou com o consentimento de um ou outro.
8.      Você não deve cometer adultério ou fornicação na casa de alguém onde você ira alimentar-se ou trabalhar.
9.      Você não deve se casar, ou juntar-se a qualquer mulher durante a sua aprendizagem.
10.  Você não deve furtar bens de qualquer homem, mas, sobretudo de seu Mestre, ou qualquer um dos seus Companheiros Maçons, nem contribuir no roubo de seus bens, mas sim, deve impedir o criminoso, se puder e se você não puder, então, faça a conhecimento do referido Mestre e seus Companheiros presentes.
11.  Todos os Artigos e Deveres que foram agora proferido a vós, que vós bem e verdadeiramente observe, execute e mantenha no melhor de seu conhecimento e poder.

Então, El Shaddai vos ajude, e os verdadeiros e sagrados conteúdos deste Livro.



Em tal Dever se poderá constatar que os Francos-Maçons Operativos requerem de seus Aprendizes que a castidade das mulheres dos Francos-Maçons seja respeitada. Também é digno de notar o fato de que a dama da casa onde alojam uma Loja Maçônica deve ser protegida, mas que dela se toma juramento de dever guardar-se de levar o pecado a qualquer membro da Ordem.

Ao candidato logo lhe apresentam suas ferramentas de trabalho que são o Cinzel, o Maço e a Régua de Borda Reta e lhe investem com seu Avental de Aprendiz.

Depois, conduzem-lhe de volta à Pedra do canto nordeste, onde o Capataz (Foreman) pergunta-lhe sobre como viverá até que receba o salário de sua primeira semana. Se o candidato indicar que é pobre, o Capataz lhe conduz a frente do Mestre no Trono de Salomão, e reporta que este não conta com meios para viver. O Mestre então solicita caridade para ele, e uma coleta é feita em seu favor. Este é, sem dúvida, a origem da arrecadação que os Francos-Maçons especulativos realizam a favor de um Irmão. Entretanto, se o candidato indicar que conta com recursos, ou que viverá com seu pai, não se procede com a coleta.

Por sete anos permanece como Aprendiz, durante os quais leva ao pescoço um cordão azul atado como sinal de sua Aprendizagem.

Portar um colar como símbolo de servidão é um costume muito antigo. Nos tempos anglo-saxões e normandos os serventes e os servos da gleba acostumavam vestir colares de metal firmemente cravados ao redor de seus pescoços.

Ao findar dos sete anos de Aprendizagem se devia solicitar ser liberado deste vínculo de servidão. A seguinte solicitação era pendurada à entrada da Loja Maçônica, pedreira ou lugar de trabalho.


SOLICITAÇÃO AO SUPERINTENDENTE DOS TRABALHOS DA RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE MAÇONS LIVRES, MAÇONS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, PAVIMENTADORES, CALCETEIROS E LADRILHEIROS.

Eu, _______________________, tendo servido bem e verdadeiramente como Aprendiz Aceito do Ofício de Maçom Livre por sete anos e tendo completado vinte e um anos de idade, rogo humildemente ser Liberado do Laço de servidão para me permitir ser Passado ao Honorável Grau de Companheiro do Ofício de Maçom Livre.
Prometo e juro, além disso, que se for admitido ao Companheirismo, para sempre conformaria a todos os antigos deveres, Usos e Costumes da Fraternidade como os Companheiros têm feito em todas as eras.

Assina _________________________.
         Secretário

Atestado por minhas mãos este dia ________ de ________.
        Assina _______________________________.

Testemunha _______________________.
      Certificação de caráter _______________________.
                Assina ____________________________.
                   Superintendente dos Trabalhos.
Aprovado.
                Assina ____________________________.
                   Grande Mestre Maçom do VII°
Inscrito.

Formulário B

O solicitante deve amparar então à mesma Pedra onde sete anos atrás contraiu o Laço de servidão. O Laço é quebrado e o cordão azul é removido de seu pescoço.

Levanta-te Irmão Livre, agora é superior a um Aprendiz, mas inferior a um Companheiro do Ofício de Franco-Maçom!

São-lhe transmitidos então, o Aperto de Mãos e a Palavra de Passe que conduzem do 1º ao 2°, sendo, ambos, iguais aos especulativos, entretanto, o Aperto deve realizar-se “encoberto”. O candidato recebe então a despedida formal dos Aprendizes.

V.   O SEGUNDO GRAU DE COMPANHEIRO DO OFÍCIO


Antes que o candidato possa ser aceito como possível de ser passado ao Segundo grau deverá preparar uma pedra cúbica como amostra de seu trabalho. Uma pedra cúbica é a pedra tal qual é preparada no Primeiro grau de Aprendiz pelos obreiros mais especializados. Deve ser esculpida de 1/16 a 1/8 de polegada por todas as partes, e então ser passada pelo Inspetor de Materiais antes que o Aprendiz possa ser passado ao seguinte grau de Companheiro do Ofício.

Quando o candidato vai a uma Loja Maçônica de Segundo grau para ser feito Companheiro do Ofício deve levar esta amostra de seu trabalho com ele, devendo jurar que é resultado de seu próprio trabalho:

- Nenhum outro homem utilizou ferramenta alguma nela.

No momento previamente acordado, novamente ao meio-dia em ponto de uma sexta-feira, o candidato deve ir à porta do pátio que rodeia a Loja Maçônica de Segundo Grau e bater a porta. Depois de dar o Aperto de Mãos e a Palavra de Passe correspondente, será admitido. O Mestre dará notícia disso dizendo:

- Companheiros no Oriente, no Sul, no Ocidente e no Norte prestai atenção, pois o Irmão [tal] está por passar frente a vós para mostrar que é um candidato adequadamente preparado para ser feito Companheiro.

Ao candidato lhe faz percorrer a Viagem do Candidato por duas ocasiões. Nesta ocasião seu pé direito é colocado transversalmente ao eixo da Loja Maçônica, enquanto que seu pé esquerdo fica paralelo ao mesmo. Do qual, dizem os Operativos, que é um trabalho com alinhamento de frente e estendido (“header and stretcher”), ou posicionado de “um e um” (“one and one”). Depois do qual é conduzido ao Altar, onde, finca sobre uma Pedra Cúbica seus dois joelhos nus e toma a obrigação.


Alinhamentos de tijolos frontais (“header”) e estendidos (“stretcher”) utilizados na construção.

RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE PEDREIROS LIVRES, PEDREIROS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, CALCETEIROS, PAVIMENTADORES E LADRILHEIROS

(DIVISÃO YORK.)

JURAMENTO DE NINRODE.

COMPANHEIRO DO OFÍCIO (2º).

Eu,________________________________________, faço, na presença de El Shaddai e desta Respeitável Assembleia de Respeitável Sociedade de Pedreiros Livres, Pedreiros Brutos, Muradores, Telhadores, Calceteiros, Pavimentadores e Ladrilheiros, a promessa e declaração, que não irei a momento algum daqui em diante por qualquer ato ou circunstância que seja, direta ou indiretamente, publicar, descobrir, revelar ou fazer qualquer um dos segredos conhecidos, privacidades, ou Conselhos dos Companheiros do Ofício de Franco-Maçom, que tenha conhecido em qualquer momento, ou em qualquer momento a seguir que venha ter conhecimento.
Que eu não irei contribuir ou permitir que qualquer operário venha a ser empregado no trabalho próprio do Maçom. Que eu não vou trabalhar com aqueles que não são francos, e eu não ensinarei operários e maçons não aceitos, como eu ensinaria a Aprendizes ou Companheiros do Ofício do Franco-Maçom.
Eu ainda prometo e declaro que irei preservar rigorosamente a honra de todos os Francos-Maçons de qualquer grau. Que eu não irei cometer adultério ou fornicação com a esposa, filha ou empregada de qualquer Franco-Maçon.
A penalidade em quebrar este juramento solene será a perda da minha vida.
Que eu deva ser marcado com a marca do Traidor e morto, segundo o costume antigo__________________________________________________________.

Dado sob a minha mão e selado com meus lábios duas vezes, este __________ dia de ______________, 1911.

Então me ajude El Shaddai e os conteúdos sagrados deste livro.


Depois do juramento lhe diz:

- Levanta-te Companheiro Aceito do Ofício da Franco-Maçonaria.

O sinal de Companheiro lhe é dado, o qual é o mesmo que utilizam os especulativos, exceto que no segundo sinal a mão é mantida em posição horizontal. A palavra dada é Bonai, que serve para autenticar seu Companheirismo, e significa construtor. A tradicional História é agora proferida pelo Primeiro Mestre Maçom.


Sinal operativo do Segundo grau, onde a diferente do sinal especulativo, a mão é mantida em posição horizontal.

“A HISTÓRIA TRADICIONAL.”

“Bom Companheiro do Ofício de Franco-Maçom, você está sendo passado para Companheiro desta fraternidade Antiga e Respeitável. É o nosso propósito de lhe dizer como e de que maneira este ofício digno da Maçonaria começou, e foi depois foi mantido por reis e príncipes dignos, e por muitos outros homens de fé.

Antes do dilúvio de Noé, havia um homem que se chamava Lameque, e então Lameque teve duas esposas, a chamada Ada e outra Zilá. Por sua primeira esposa Ada ele teve dois filhos, um chamado Jabal e o outro Jubal. E pela outra esposa Zilá ele teve um filho Tubal-Caim e uma filha Naama, em esses quatro filhos fundaram o princípio de todos os ofícios do mundo. Fundou o filho mais velho Jabal, o ofício da geometria, ele tinha ovelhas e cordeiros nos campos, e foi o primeiro pedreiro que operou casas e muros de pedra. E seu irmão Jubal fundou o ofício da música, o canto da boca, harpa, órgão e trompete. E o terceiro foi Tubal-Caim que fundou o ofício da forjaria de trabalhar em ouro, prata, cobre, ferro e aço, e todo tipo de forja. E a filha Naama fundou o ofício da tecelagem. Estas quatro crianças sabiam que Deus bem faria vingança pelo pecado, seja por fogo ou água, por isso o escreveram as ciências que haviam fundado em dois pilares de pedra para que eles pudessem ser encontrados depois de qualquer incêndio ou inundação. O primeiro pilar foi feito de mármore para que ele não queimasse com o fogo, e o outro pilar foi feito de uma pedra chamada laternes, para que ele não afundasse em qualquer água. Nossa intenção é na realidade dizer de que maneira nas pedras originais foram encontradas, as quais estavam escritas às primeiras ciências.

Após a destruição do mundo pelo dilúvio de Noé, o grande Hermarives, que era filho de Cube e posteriormente foi chamado de Hermes, o pai da sabedoria, encontrou uma das sete ciências escritas sobre elas, e ele as ensinava a outros homens. A primeira das sete ciências é:

GRAMÁTICA, e ela ensina o homem a verdadeiramente soletrar e verdadeiramente escrever. A segunda é:
RETÓRICA, e ela ensina o homem a falar justo e em termos sutis. A terceira é:
LOGICÁ, e ensina o homem a conhecer ou discernir ou a verdade da mentira. A quarta é:
ARITMÉTICA, que ensina o homem a reconhecer e contar todos os tipos de números. A quinta é:
GEOMETRIA, e ela ensina o homem a mensurar e medir a terra e todas as outras coisas, nesta que se funda a ciência a Maçonaria e a Arquitetura. A sexta é chamada de:
MÚSICA, e que ensina o homem a arte do canto e da voz da língua, órgão, harpa e trompete. E a sétima ciência é chamada de:
ASTRONOMIA, e ela ensina o homem a conhecer o curso do sol, da lua e das estrelas do céu.

Estas são as sete ciências liberais, das quais todas foram fundadas por uma, que é Geometria, pois a geometria ensina ao homem a medida, a ponderação e o peso de todas as coisas na terra. Pois, não há homem que opere em qualquer ofício, mas que não faça uso de alguma medida, e todo homem que compra ou vende, compra ou vende por alguma medida ou peso, e tudo isso é Geometria. E os comerciantes, artesãos, e todas as outras ciências, e especialmente os lavradores e os cultivadores de todos os tipos de grãos e sementes, vinhas e plantas, e os semeadores de todo o tipo de frutas. Não é possível mensurar e medir sem geometria, por isso é dito que a ciência da Geometria é a mais digna, como todas as outras são fundadas sobre ela.

Na construção da Torre de Babel foi feito pela primeira vez maçons em larga escala, quando o grande rei de Babilônia era Nimrod, que chamava a si mesmo de Mestre Maçom. Ele bem amava o ofício e fez homens Francos Maçons e Maçons Francos em seu Reino. E quando a cidade de Nínive e outras cidades do Oriente estavam para ser construídas, Nimrod, o rei da Babilônia, enviou para lá sessenta Lojas de seus Franco-Maçons para Ashur o Rei de Nínive, seu primo, e quando os enviou ele deu-lhes um estatuto e um dever segundo sua maneira.”.


O Segundo Mestre lhe comunica o Antigo Dever.

DEVERES DE NIMROD 2 °.

Que os Francos-Maçons devam ser fieis a El Shaddai, seu Rei, seu Senhor, e a seus Mestres.

Que eles devam servir verdadeiramente seus mestres para seu pagamento, que eles tenham respeito por seus mestres e tudo o que pertença a eles.

Que eles devam ordenar os homens mais sagazes e sábios para serem os mestres da obra, e nem por o amor, riquezas ou favores favor aquele que possua pouca sagacidade para ser mestre de qualquer trabalho em que os Senhores acabem mal servidos e a ciência difamada.

Que eles devam ser verazes uns com os outros, e que devam de fato conviver em união.

Que eles se reúnam a cada ano, para verem como eles poderão melhor servir ao Rei e aos Mestres para seu melhor benefício e por sua própria crença.

Que eles devam corrigir dentre si os que tiverem transgredido contra o ofício, pois a ciência não merece ser desonrada.

A todos esses deveres, ele fez invocar um juramento solene que os homens usavam na época, e ele ordenou para eles uma remuneração razoável pela qual pudessem viver honestamente.

Muito tempo depois, quando os filhos de Israel tinham vindo para a terra de Beerhest, que se chama agora entre nós a terra de Jerusalém, o rei Davi começou a preparar o terreno e a fundação para o Templo de Jerusalém. E tal Rei Davi amava bem aos Francos-Maçons e os valorizava muito, e deu-lhes bons pagamentos e deveres quase como eles são nos dias de hoje.

E depois da morte do Rei Davi, Salomão, como filho do Rei Davi, atuou fora do Templo que seu pai havia começado e convocou Francos-Maçons de diversos países e terras, os reunindo em assembleia, então ele possuía oitenta mil operários, eles eram trabalhadores em pedra e todos eram Francos-Maçons, e ele escolheu três mil e trezentos que foram ordenados a serem Mestres e Governadores de suas obras.

E este mesmo Salomão confirmou ambos, os deveres e costumes que seu pai havia dado aos Maçons, e assim foi que o digno Ofício foi confirmado no país de Jerusalém e em muitos outros reinos.

DEVER ANTIGO.

PARA O COMPANHEIRO DO OFÍCIO DE FRANCO-MAÇOM.

1.      Eu estou a adverti-lo a honrar El Shaddai em sua santa Igreja, que você não pratique a Heresia, o Cisma e o Erro em seus Acordos ou desacredite os Ensinamentos dos Homens.
2.      Para ser fiel ao nosso Soberano Senhor o Rei, seus herdeiros e sucessores legais, não cometendo nenhuma traição, conivência de traição, ou crime e se algum homem cometê-los e você souber desta transgressão, você deverá imediatamente notificar este fato a Sua Majestade, seu Conselho Privado ou qualquer outra pessoa que tenha Comissão para inquirir dos mesmos.
3.      Você deve ser fiel aos seus Companheiros e Irmãos de Ciência da Maçonaria, e fazer-lhes o que seria feito a você.
4.      Você deve manter em segredo as partes abstrusas e complexas da Ciência, não as divulgando a qualquer um, as tendo apenas para estudo e uso próprio.
5.      Você deve fazer o seu trabalho verdadeira e fielmente, procurando o benefício e vantagem daquele que é o patrono do referido trabalho.
6.      Você deve por como maçons seus companheiros e irmãos, sem admitir patifes, ou outros de linguagem ruim.
7.      Você deve não tomar mulher do teu próximo vilmente, nem a sua filha, nem a sua empregada ou sua serva para usos ímpios.
8.      Você deve não ter relações carnais com qualquer Mulher que pertença a Casa onde você faz a Mesa.
9.      Você deve fielmente pagar por sua comida e bebida onde você faz sua mesa.
10.  Você não deve comprometer-se a Obra de Alguém, sabendo-se incapaz ou inapto de executar e realizar a mesma, o Descrédito ou a Aspersão não pode ser imputada à Ciência, ou Senhor ou o patrono do referido trabalho, sendo prejudicado de qualquer maneira.
11.  Você deve não tomar qualquer trabalho em cargas excessivas ou irracionais, para enganar o seu patrono, mas assim, servi-lo verdadeira e fielmente em seu próprio benefício.
12.  Você deve sim, tomar o seu trabalho, para que assim você possa viver honestamente e pagar aos seus Companheiros os salários como a Ciência demanda.
13.  Você não deve suplantar qualquer um dos seus Companheiros de  Trabalho, (ou seja) se ele ou eles tiverem tomado qualquer trabalho sobre si, ou tendo eles se tornado Mestre ou Mestres de qualquer Senhor ou Patrono dos trabalhos, você não devem coloca-los no referido trabalho caso você perceba que ele ou eles sejam incapazes de concluir o mesmo.
14.  Você não deve tomar qualquer Aprendiz para atendê-lo na referida Ciência da Maçonaria, abaixo do Período De Sete Anos, nem ninguém que não tenha boa descendência e honesta filiação, e que não tenha nenhum escândalo, pois não deve ser imputada à dita Ciência da Maçonaria.
15.  Você não deve tomar para fazer qualquer um Maçom sem o Crivo ou Consentimento de outros seis, ou pelo menos cinco de seus Companheiros, e como tal nascido livre, cujos pais estejam em bom Nome e Fama e sem deficiências, com físico perfeito para praticar a Ciência.
16.  Você não deve pagar qualquer de seus Companheiros mais do que ele ou eles mereçam, que você não se deixe enganar por trabalho malfeito ou fraudulento sendo Patrono seja muito injustiçado.
17.  Você não deve difamar qualquer um dos seus Companheiros em suas costas para prejudicar seu Estado Temporal ou bom Nome.
18.  Você não deve sem uma Causa urgente, responder a seu Companheiro obstinada ou impiamente, mas sim, como um Irmão amoroso na dita Ciência.
19.  Você deve reverenciar plenamente seus Companheiros, que o Laço de Amor e Caridade mútua possa continuar firme e forte entre vocês.
20.  Você não (exceto em época de Natal) deva recorrer a quaisquer jogos ilegais, como dados, carta, ou algo semelhante.
21.  Você não deverá frequente qualquer Bordeis, ou ser Conivente com qualquer um dos seus Companheiros ou outros, isto seria um grande escândalo para a Ciência.
22.  Você deve não sairá para beber a Noite, ou se a Ocasião acontecer de você dever ir, você não deve passar das Oito em Ponto, tendo alguns de seus Companheiros, ou um pelo menos, levo-os como Testemunha do Lugar honesto que estavam e seu bom comportamento para evitar escândalos.
23.  Você deve vir a Assembleia Anual, se você sabe onde é mantida, sendo na distância de Dez milhas do Local de sua Residência, sujeitando-se à Censura de seus Companheiros, onde você tem que__________________________ dar satisfação, ou então para defender por Ordem das Leis do Rei.
24.  Você deve não fazer qualquer Molde, Esquadro ou Régua de moldar Pedra, além dos que são permitidas pela Fraternidade.
25.  Você deve quando por Forasteiros no Trabalho, emprega-los ao menos por uma quinzena, pagar-lhes os seus salários devidos caso queira Trabalhar com eles, e então provê-lo com recursos suficientes para custear sua ida para a próxima Loja.
26.  Você deve comparecer fielmente ao seu trabalho e de fato conclui-lo, seja por tarefa ou jornada de trabalho, se você tiver o Pagamento e Salários de acordo com o Compromisso feito com o Mestre ou o Patrono do mesmo.

Todos os Artigos e Deveres que eu tenho agora proferido a vós, vós bem e verdadeiramente observe, execute e mantenha no melhor de seu conhecimento e poder.
Então, El Shaddai vos ajude e os verdadeiros e sagrados conteúdos deste Livro.


Então, o Terceiro Mestre, dirigindo-se ao candidato lhe diz:

- A História Tradicional e os Antigos Deveres que tão habilmente lhe foram entregues são a pedra institucional, o começo, da Respeitável Sociedade de Franco-Maçons, em todas as partes do mundo, e em todas as épocas.

O novo “Companheiro do Ofício da Franco-Maçonaria “ é investido com o avental de Companheiro e lhe são apresentadas suas novas ferramentas de trabalho, que são o Prumo, o Nível, o Esquadro, outra Régua de Borda Reta, a Régua de 2 pés (24 polegadas ou 60.96 cm), e o Esquadro Perfeito (Perfect Ashlar Square) que é um esquadro (quadrado) de madeira com os cantos sobrepostos a modo do esquadro Oxford, cuja medida interior é a de um Côvado Real egípcio, quer dizer, 21 7/8 polegadas ou 55.56 cm.



O Esquadro Perfeito é um esquadro de madeira cujos lados do quadrado interior têm a distância exata do Côvado Real egípcio, 21 7/8 polegadas ou 55.56 cm.

O candidato é agora tanto um Homem Livre como um Maçom Livre (Franco-Maçom), o que em tempos antigos significava que o homem era dono de si mesmo, e assim lhe reconheciam, primeiro, na cidade ou província na qual tinha realizado sua Aprendizagem.

Quando o Companheiro começava seu ofício na Loja Maçônica de Segundo Grau, lhe pediam para iniciar, no canto nordeste junto com os novos Companheiros, a trabalhar em polir e enquadrar à perfeição a pedra que havia trazido consigo como amostra de seu trabalho.
Seu trabalho era então enviado a inspeção e supervisão. Se este era satisfatório, lhe davam a palavra Giblim[15], que significa “entalhador de pedras cúbicas perfeitas” ou Maçom Perito.

Poderá ver-se que tanto esta palavra Giblim quanto a palavra Bonai, que é a palavra dada quando se admite ao Segundo Grau, eram conhecidas por Anderson, e são mencionadas na página 12 do Livro das Constituições de 1738.

Junto com esta palavra adicional, ou superior, Giblim, lhe dão também um sinal adicional, do qual não há registro no ritual especulativo.

Tal sinal é feito com o braço e a mão esquerdos, com o polegar estendido, em posição perpendicular apontando para cima, e o braço e mão direitos, igualmente com o polegar estendido na mesma direção, em posição horizontal. Assim se representam três de suas novas ferramentas: o Esquadro pelo ângulo de 90° formado por seus dois braços, o braço esquerdo levantado formando o Prumo, e o direito estendido formando o Nível.


Sinal de Passe do Segundo Grau de Companheiro ao Terceiro grau do Supercompanheiro, que outorgavam os Operativos junto com a palavra Giblim.

Uma vez que ficava polida a peça a ser examinada e que esta era passada pelo Inspetor de Materiais, se já se cumpria o prazo de um ano de permanência no grau de Companheiro, tornava-se um candidato para ser avançado ao Terceiro Grau do Supercompanheiro. O seguinte formulário devia ser preenchido e posto à entrada da Loja Maçônica ou pedreira:


SOLICITAÇÃO AO SUPERINTENDENTE DOS TRABALHOS DA RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE MAÇONS LIVRES, MAÇONS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, PAVIMENTADORES, CALCETEIROS E LADRILHEIROS.

Eu, _______________________, tendo servido bem e verdadeiramente como Companheiro do Ofício de Maçom Livre por um ano e sendo da idade de vinte e dois anos, rogo humildemente ser avançado ao Honorável Grau de Supercompanheiro do Ofício de Franco-Maçom.

Eu prometo e declaro, além disso, que se for avançado ao Terceiro Grau do Companheirismo, para sempre conformaria a todos os antigos deveres, Usos e Costumes da Fraternidade como fizeram os Supercompanheiros em todas as eras.

Atestado por minhas mãos este dia ________ de ________.
        Assina _______________________________.

Testemunha _______________________.
   Certificação de caráter _______________________.
           Assina ____________________________.
             Superintendente dos Trabalhos.
Aprovado.
          Assina ____________________________.
             Grande Mestre Maçom do VII°
Inscrito.
          Assina ____________________________.
                 Secretário


Formulário C

VI. OS SUPERCOMPANHEIROS DO TERCEIRO E QUARTO GRAUS


A palavra Giblim, e o sinal descrito na seção anterior, com o braço esquerdo levantado de forma perpendicular ao eixo do corpo e o direito em posição horizontal, são a Palavra e Sinal de Passe que conduzem do Segundo ao Terceiro Grau. Enquanto, que a Pedra perfeitamente lavrada que o candidato fabrica por si mesmo, é a prova de seu avanço ao Terceiro Grau do Supercompanheiro.

O Terceiro Grau operativo e a primeira parte do moderno grau especulativo da Marca se correspondem com o antigo grau especulativo de Homem da Marca (Mark Man) e são muito similares ao grau especulativo de Maçom da Marca (Mark Mason), os mesmos se enquadrariam muito bem nos trabalhos operativos.

A Palavra e o Sinal dos Supercompanheiros operativos são tais quais os do grau especulativo da Marca.

O ritual especulativo do Grau da Marca já existe impresso em sua totalidade, por isso não seria necessário repeti-lo por completo, entretanto deve-se ressaltar que ao Supercompanheiro lhe confere a marca que escolheu e o demandam produzir “um trabalho melhor e mais esquadrado” (“fare work and square”).

Neste grau o candidato completa três viagens ao redor da Loja Maçônica, e então toma sua obrigação sobre a Pedra Polida com ambos os joelhos nus.


APLICAÇÃO AO SUPERINTENDENTE DOS TRABALHOS DA RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE MAÇONS LIVRES, MAÇONS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, PAVIMENTADORES, CALCETEIROS E LADRILHEIROS.

Eu, ______________________________, tendo servido bem e verdadeiramente como um Supercompanheiro do Ofício de Franco-Maçom por um ano, e sendo da idade de 23 anos, rogo humildemente ser avançado ao Honorável Grau de Construtor Supercompanheiro do Ofício de Franco-Maçom.
Eu prometo e declaro, além disso, que se for avançado para o Quarto Grau do Companheirismo, para sempre estaria de acordo com todos os antigos deveres, usos e costumes da Fraternidade, como Construtores Supercompanheiros fizeram em todas as eras.

Atestado por minhas mãos este dia ________ de ________.
        Assina _______________________________.

Testemunha _______________________.
   Certificação de caráter _______________________.
           Assina ____________________________.
             Superintendente dos Trabalhos.
Aprovado.
          Assina ____________________________.
             Grande Mestre Maçom do VII°
Inscrito.
          Assina ____________________________.
                 Secretário


Formulário D

O seguinte grau dos Francos-Maçons Operativos é o de Construtor, ainda um Supercompanheiro, mas, qualificado e capacitado para erguer e pôr em posição no canteiro de obras as pedras preparadas nas Lojas Maçônicas de Primeiro, Segundo e Terceiro Graus, e tão somente marcadas na terceira das Lojas Maçônicas da pedreira. Este é o Quarto grau operativo.

É muito similar à segunda parte do moderno grau especulativo do Maçom da Marca, que se corresponde com o antigo grau especulativo do Mestre da Marca, e que novamente não faz falta descrever por completo, pois existe impresso em sua totalidade.

Na categoria da Maçonaria do Esquadro este grau trata da Principal Pedra (de Esquina) Angular (Chief Corner Stone) remanente, enquanto que na categoria da Maçonaria do Arco trata da Pedra Chave do Arco que está perdida. O tema é o mesmo em ambos os casos, “A pedra que os construtores rechaçaram se converteu no Vértice do Ângulo”.

Entre os Operativos são os displicentes Homens da Marca que não quiseram marcar como bem feito o trabalho por excesso de cuidado, e o desprezaram projetando-o com 30 côvados, qual era o usual nos tempos da construção do Templo do Rei Salomão.

Neste Quarto Grau o candidato toma sua obrigação sobre uma pedra perfeitamente polida, com seus dois joelhos nus, como antes e é conduzido ao redor da Loja Maçônica em quatro ocasiões.

A Palavra e o Sinal são quão mesmos no grau especulativo da Marca.

Todos os Francos-Maçons Operativos possuem estes dois graus da Marca, entretanto, hoje em dia, a Marca se viu alterada por aqueles que formularam o moderno ritual especulativo em 1717.

A maioria dos Operativos não ia além deste Quarto grau, pois a obtenção do Quinto Grau do Superintendente requeria um alto nível de especialização técnica.



APLICAÇÃO AO SUPERINTENDENTE DOS TRABALHOS DA RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE MAÇONS LIVRES, MAÇONS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, PAVIMENTADORES, CALCETEIROS E LADRILHEIROS.

Eu, ______________________________, tendo servido bem e verdadeiramente como um Construtor Supercompanheiro Ofício de Franco-Maçom por um ano, e tendo a idade de 24 anos, rogo humildemente ser elevado ao Honorável Grau de Intendente do Ofício de Franco-Maçom.
Prometo e declaro, além disso, que se for elevado para o Quinto Grau do Companheirismo para sempre estar de acordo a todos os antigos deveres, usos e costumes da Fraternidade, como os Menatzchim fizeram em todas as eras.

Atestado por minhas mãos este dia ________ de ________.
        Assina _______________________________.

Testemunha _______________________.
   Certificação de caráter _______________________.
           Assina ____________________________.
             Superintendente dos Trabalhos.
Aprovado.
          Assina ____________________________.
             Grande Mestre Maçom do VII°
Inscrito.
          Assina ____________________________.
                 Secretário


Formulário E

VII. OS SUPERINTENDENTES DO QUINTO E SEXTO GRAUS


Não existe um grau dentro da maçonaria especulativo que se corresponda exatamente com este Quinto grau operativo de Superintendente. Embora tal termo seja utilizado no grau especulativo do Arco Real para os Grandes Regentes Provinciais, e para os Oficiais de uma Grande Loja Maçônica dentre a maçonaria simbólica especulativa, ou seja, aquela que se ocupa dos três primeiros graus.

A cerimônia é, entretanto, algo similar ao ritual de instalação e investidura dos oficiais em uma Cerimônia de Instalação especulativa. Cada oficial é examinado quanto a seu conhecimento técnico, toma o Juramento de Oficial e é instalado em sua cadeira. A Palavra deste grau é Menatzchim.


APLICAÇÃO AO SUPERINTENDENTE DOS TRABALHOS DA RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE MAÇONS LIVRES, MAÇONS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, PAVIMENTADORES, CALCETEIROS E LADRILHEIROS.

Eu, ______________________________, tendo servido bem e verdadeiramente como um Superintendente do Ofício de Franco-Maçom por um ano, e tendo a idade de 25 anos, rogo humildemente ser exaltado ao Honorável Grau de Past Mestre do Ofício de Franco-Maçom.
Eu prometo e declaro, além disso, que se for exaltado ao Sexto Grau de Companheirismo para sempre estar de acordo com todos os antigos deveres, usos e costumes da Fraternidade, como os Harodim fizeram em todas as eras.

Atestado por minhas mãos este dia ________ de ________.
        Assina _______________________________.

Testemunha _______________________.
   Certificação de caráter _______________________.
           Assina ____________________________.
             Superintendente dos Trabalhos.
Aprovado.
          Assina ____________________________.
             Grande Mestre Maçom do VII°
Inscrito.
          Assina ____________________________.
                 Secretário


Formulário F

O seguinte grau operativo é o Sexto de Mestre Instalado, que requer um maior conhecimento técnico que o anterior. Aqueles que o recebem, e em cada Loja Maçônica não deve haver mais de 15, devem ser capazes de dirigir na plenitude a obra de construção e ter um completo domínio de todas as matérias da profissão, por isso se requer um maior conhecimento técnico que o de um construtor médio.

Deve ser capaz de traçar esquemas, desenhar planos, e ter completo domínio de sua equipe de obreiros. Um Primeiro Past Mestre (Senior Passed Master) é na realidade um Mestre Delegado (Deputy Master) e seu título maçônico é Adoniram. Ele é virtualmente um Intendente Geral e um Intendente de Obras, e é responsável pelo trabalho ante aos Três Mestres do Sétimo Grau. Sua Palavra do grau é Harod, cujo plural é Harodim. O Maçom do Quinto Grau realiza cinco viagens ao redor da Loja Maçônica, e o Maçom do Sexto Grau Seis.



APLICAÇÃO AOS MESTRES DOS TRABALHOS DA RESPEITÁVEL SOCIEDADE DE MAÇONS LIVRES, MAÇONS BRUTOS, MURADORES, TELHADORES, PAVIMENTADORES, CALCETEIROS E LADRILHEIROS.

Eu, ______________________________, tendo servido bem e verdadeiramente como um Past Mestre, e Delegado Mestre Maçom por cinco anos, e tendo a idade de 35 anos, rogo humildemente para ser instalado no honorável e exaltado grau de Mestre Maçom do Ofício de Franco-Maçom.
Prometo e declaro, além disso, que se for uma vez instalado no Sétimo Grau do Companheirismo para sempre estar de acordo com todos os antigos deveres, usos e costumes da Fraternidade, como Mestres Maçons Instalados fizeram em todas as eras.

Atestado por minhas mãos este dia ________ de ________.
        Assina _______________________________.

Testemunha _______________________.
   Certificação de caráter e Perícia _______________________.
               Assina ____________________________.
                 Terceiro Mestre Maçom VIIº.
Aprovado.
          Assina ____________________________.
             Grande Mestre Maçom do VII°
Inscrito.
          Assina ____________________________.
                 Secretário


Formulário G

VIII. OS TRÊS MESTRES DO SÉTIMO GRAU


O último e final grau é o Sétimo que ostentam os Grandes Mestres, que são apenas três. Este grau se corresponde em alguma medida com os graus especulativos de Grande Mestre, Pró Grande Mestre, e Deputado Grande Mestre, ou possivelmente mais precisamente com os três Mestres principais no grau especulativo do Arco Real. Eles representam o Rei Salomão do Israel, ao Rei Hiram de Tiro e ao Hiram Abiff.

O cargo dos Grandes Primeiro e Segundo Mestres é vitalício, ou se mantém até a aposentadoria. Quando um Mestre é admitido neste grau dá sete viagens ao redor da Loja Maçônica. O Terceiro Mestre é ritualmente assassinado a cada 2 de outubro, e um novo é eleito cada ano.

Os segredos dos Três Grandes Mestres são o Triângulo de proporções 3, 4 e 5, o desenho das construções retangulares sob o Sistema dos Cinco Pontos, a Suástica, a Estrela Polar, e o método de Adoração do Altíssimo, a quem se refere sob seu nome hebreu El Shaddai. Este nome El Shaddai é a Palavra sagrada do Sétimo Grau.
















OS MESTRES PRESENTES ABRIR A VIIº LOJA, BARDON HILL, JUNHO15, 1911. DA ESQUERDA PARA A DIRETA ELES SÃO: IIR\ BAILEY, 3º MESTRE, R. B. GRANT, W. GRANT, 1º MESTRE E CLEMENT E. STRETTON.


















Estes segredos dos Mestres operativos serão esmiuçados posteriormente, sendo essas descrições avalizadas por sua autoridade. Um dos fatos mais importantes a respeito dos segredos dos Francos-Maçons do Sétimo Grau operativo é a instrução que a Estrela Polar[16] é o assento real do poder do Altíssimo, e que a Suástica é o símbolo e emblema da Estrela Polar. Esta é uma instrução esotérica que há muito tempo se extinguiu na Europa, e que agora só pode encontrar-se na Índia, China, Japão e o vale do Eufrates. Assim é inútil pretender que exista um grupo de pessoas com estes conhecimentos que tenha participado da moderna sociedade de franco-maçons que teria sido fundada em 1717 ou meados.

IX. CERIMÔNIAS ANUAIS: O SANEDRÍN


Os Operativos realizam uma cerimônia anual na qual cada maçom está comprometido a atender se lhe for possível, tal como pode ler-se no artigo 23 do Dever para os Companheiros do Ofício da Franco-Maçonaria, ao qual já foi feito referência.

Tradicionalmente esta assembleia se apoia naquela celebrada pelo Rei Salomão e da qual encontra-se registro em 1 Reis, 8:1-2.

Além desta grande assembleia anual que a Divisão de York celebrava usualmente em 30 de outubro, havia outras três grandes cerimônias anuais.

1.      A Comemoração da Fundação do Templo do Rei Salomão, em abril;
2.      A Comemoração da Morte do Hiram Abiff, em 2 de outubro;
3.      A Comemoração da Dedicação do Templo, em 30 de outubro.

A tradição é que os Francos-Maçons celebraram estas comemorações anuais da construção do Templo do Rei Salomão, e que estas cerimônias estão apoiadas em suas próprias tradições, das quais só ficaram preservadas na narração bíblica. Entretanto qualquer participante poderá observar que há muito nelas que não se descreve no relato bíblico embora esteja em harmonia com ele.

Em cada uma destas grandes ocasiões o Sanedrín é aberto antes que a cerimônia comece.

Levando a atenção ao plano de uma Loja Maçônica de Sexto e Sétimo Graus, é possível notar que os Tronos dos Três Mestres se encontram no Ocidente, em estrados elevados por sete degraus, onde cada degrau representa uma das sete Ciências Tradicionais: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.


Os Tronos dos Três Mestres se encontram no Ocidente, em estrados elevados por sete degraus, onde cada degrau representa uma das sete Ciências Tradicionais: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.

Adoniram, o Mestre Delegado se coloca bem no meio do salão da Loja Maçônica de Sexto grau. Existem, além disso, três pilares hexagonais no salão de Loja Maçônica. Um em frente ao Rei Salomão no Ocidente, outro no Nordeste, e o terceiro no Sudeste. O do Ocidente representa o Monte Moriá, o do Nordeste o Monte Tabor, enquanto que o do Sudeste representa o Monte Sinai.


Plano de uma Loja Maçônica Operativa do V°, VI° e VII° graus.

Três pilares também podem ser encontrados em toda Loja Maçônica especulativa, mas não situados no mesmo lugar e dois destes Montes são mencionados nas Grandes Lojas Maçônicas especulativas. Aparenta da tradição maçônica, que a existência de três pilares é algo muito mais lógico e completo que a mera existência de dois.

Em todas as ocasiões ordinárias uma Loja Maçônica de Sétimo Grau ou de Grandes Mestres é aberta pelos três em privado, e uma de Sexto Grau ou de Mestres Aprovados é aberta da mesma forma. Logo, a porta, grade ou cortina entre estas duas salas de Loja Maçônica é aberta e o trabalho continua. Mas em uma assembleia anual, ou na ocasião da celebração de uma das três grandes comemorações, o Sanedrín deve ser aberto por estes dois graus juntos e simultaneamente.

Como no Sanedrín não há um Vigilante presente como tal, o Rei Salomão ocupa o assento central do Trono dos Mestres, com o Rei Hiram de Tiro a sua direita, e Hiram Abiff a sua esquerda. O Primeiro Mestre pergunta ao Segundo e ao Terceiro se estão de acordo com a abertura do Sanedrín, conforme for, todos os membros do Sexto Grau devem provar sê-lo formando-se em trio e pronunciando a palavra “San-é-drín” dando cada um uma sílaba por vez. É neste Sanedrín na Comemoração da Fundação do Templo em abril que o Primeiro Mestre diz, citando a passagem de 1 Reis, 5:3-5:

-  Você sabe que meu pai David não pôde edificar uma casa em nome do senhor seu Deus por causa das guerras em que se viu envolto. Até, que o senhor pôs a seus inimigos sob a planta de seus pés. Mas agora o senhor meu Deus me deu paz por toda parte; não há adversário nem calamidade. E hei aqui, penso edificar uma casa no nome do senhor meu Deus, como o senhor falou com meu pai David, dizendo: “Seu filho, a quem porei sobre o trono em seu lugar, ele edificará a casa a meu nome”.

Então impõe um levante a todos os homens, tal como em 1 Reis, 5:13:

- O rei Salomão impôs um levante a todo o Israel, e o levante foi de trinta mil homens.

E então conforme se descreve em 1 Reis, 6:7:

- A casa, enquanto se edificava, construía-se de pedras preparadas na pedreira e não se ouviu nem martelo nem tocha, nem nenhum instrumento de ferro na casa enquanto a construíam.

O que implica que as diferentes partes deviam marcar-se paulatinamente. Então os Maçons de VI° têm que traçar os planos e fazer todas as disposições para o começo da obra. A isto segue a cerimônia do estabelecimento e construção do Templo.

Para a cerimônia da Comemoração da Dedicação o mesmo processo de abertura do Sanedrín é realizado. Nesta cerimônia o ocupante da cadeira no Sudeste atua como Capelão, e representa a Jachim, e se diz que ocupa o posto do Monte Sinai. O ocupante da cadeira Nordeste representa a Boaz, e ocupa o lugar do Monte Tabor. Os pilares hexagonais em frente deles, conforme olham o Ocidente, levam os mesmos nomes que os ocupantes das cadeiras, o qual asseguram os Operativos. Está confirmado pelo relato bíblico de 1 Reis, 7:21, se se entender que o Rei Salomão ocupa o Ocidente e olha para o Leste, “Erigiu, pois, as colunas no átrio da nave; erigiu a coluna direita e a chamou Jachín, e erigiu a coluna esquerda e a chamou Boaz.”.

O Grande Mestre Delegado cujo assento está aos pés dos Três Grandes Mestres, oferece um cordão azul ao Rei Salomão que este ata no pilar a frente depois de enrolá-lo nele, e o envia até o Boaz, que por sua vez o ata no pilar de frente a ele. Depois disto, o cordão é levado de Boaz a Jachim, que por sua vez o ata no pilar de em frente e o envia de volta ao Rei Salomão. Três pessoas diferentes medem os ângulos, e estes, quando são entregues ao Primeiro Mestre, atuando como Rei Salomão, devem somar 180 graus, se não, a cerimônia deve ser repetida. Este cordão azul representa a linha de comunicação entre os Três Grandes Montes ou Lugares Elevados, Moriá, Tabor e Sinai.

Os Operativos explicam também que o Primeiro Mestre representa o rei, e como Jachim era o Supremo Sacerdote durante a Dedicação, representa à igreja, e que Boaz, o fundador da Casa do David, representa o estado, assim que os três poderes: o Rei, a Igreja e o Estado estavam por completo representados, e estavam unidos simbolicamente pelo cordão azul.

Para o término da Cerimônia de Dedicação o Primeiro Mestre vai até os pilares no Oriente, e deparando-se frente a eles, aponta ao de sua direita com sua mão direita e diz:

- A este a meu lado direito nomeio Jachim.

Depois, apontando com sua mão esquerda ao do outro lado diz igualmente:

- A este a meu lado esquerdo nomeio Boaz.

A Agremiação dos Ourives, que também estava representada, fixa então uma placa de ouro em cada pilar a qual tem inscrito seu nome, e o Primeiro Mestre em representação do Rei Salomão fixa a última delas. Estas placas são fixadas nas bases dos pilares por seu lado oriental, para que assim quem ingressasse no Templo pudesse ver seu nome conforme se aproximasse. O Primeiro Mestre eleva sua vista ao céu e dirigindo-se a El Shaddai diz:

- Completei o trabalho que meu pai me encomendou.

A Grande Saudação é feita a El Shaddai sete vezes, depois segue uma pausa, depois da qual se faz novamente por sete vezes mais, e depois de uma pausa final, continua-se por outras sete vezes. O Primeiro Mestre abençoa então à congregação, que se levanta para receber a bênção como pode ler-se em 1 Reis, 8:14:

- Depois o rei se voltou e abençoou a toda a assembleia de Israel, enquanto toda a assembleia de Israel estava de pé.

Ao final, o sinal especial do Triângulo é feito. O qual se faz juntando a ponta dos polegares, mantendo-os na mesma linha horizontal e logo unindo as pontas dos dedos indicadores e tratando de sustentar, tanto quanto possível, um triângulo equilátero, levando as mãos diante da face para que os dois olhos possam olhar através do triângulo assim formado. A palavra JAH é pronunciada, e o sinal de dispersão é feito:

- Podeis se retirar, o trabalho está concluído.

Então, o Sanedrín é fechado e imediatamente depois, os trabalhos das Lojas Maçônicas de Sexto e Sétimo Grau também o são, o que finaliza a cerimônia.

X. CONCLUSÃO


Alguns autores expuseram, erroneamente, que a Franco-Maçonaria operativa e seu Ritual se derivaram da Franco-Maçonaria especulativa e não, como se expõe neste trabalho, que a Sociedade Operativa e seu Ritual são a origem da Franco-Maçonaria especulativa.
Com tudo dito, não se requererá de um grande esforço para compreender que tal ideia é uma dedução nada crível. O Ritual operativo está fundamentado, tal qual suas cerimônias, sinais e palavras, nas ferramentas, práticas e costumes do ofício operativo da construção.

Quase tudo nas Instruções Especulativas podem ser rastreadas até as Cerimônias Operativas, mas existem muitos Instruções Operativas que não têm correspondência alguma entre as Cerimônias Especulativos.

A explicação de muitas das Cerimônias Especulativas se encontra no Ritual Operativo, mas não o inverso. Por exemplo, a obrigação do Primeiro grau, em sua versão Operativa, contém todos os elementos da fórmula Especulativa e alguns outros mais, que lhe dão maior significado e força. Aparenta que isto bastaria para interromper todo debate sobre qual dos dois juramentos é mais antigo e original.

Todos os sinais e palavras dos Operativos estão conectados com o ofício da construção, mas alguns sinais e palavras alheios se acrescentaram ao Ritual especulativo, como é o caso da Palavra de Passe especulativa entre os Segundo e Terceiro graus, que na realidade pertence à Agremiação dos Ferreiros. Em contrapartida, entre os Operativos, o sinal Giblim dos peritos obreiros do Segundo Grau, e os sinais e segredos do Sétimo, estão especificamente apoiados em questões práticas da Agremiação dos Construtores. Assim mesmo, as Cerimônias Operativas se apoiam em feitos concretos e reais, enquanto que as Cerimônias Especulativas são puramente simbólicas e abstratas, fazendo alusão a coisas ideais. O real antecede ao simbólico, pois o simbólico se apoia no real e o significado e o concreto deve existir antes que algo abstrato se formule sobre isso. O real antecede ao ideal, sobre o qual se constrói.

Para qualquer um que compare ambos os Rituais, não deve restar dúvida de qual deles é o mais antigo e original, deixando de um lado o tema de qual é a tradição e o sistema mais antigo. O Ritual Operativo utiliza formas cerimoniais exatamente iguais às utilizadas no século XVII, quer dizer, ao menos, cinquenta anos antes da fundação formal da Franco-Maçonaria especulativa em 1717.

Certamente que qualquer Irmão que desconhecesse, ou duvidasse, sobre o fato de que o Sistema especulativo está irrefutavelmente apoiado na Franco-Maçonaria Operativa, com a qual guarda muitas semelhanças, estará agora convencido.

Findel, o grande escritor alemão, no The History of Fremasonry, publicado em 1866, já então compartilhava dessas conclusões:

“Havendo-se originado na Fraternidade Operativa de Maçons, a Ordem tomou emprestados seus emblemas e símbolos das Corporações de Construtores, para assim repartir a seus membros verdades morais e as regras da Arte Real.”

E mais tarde, sobre o incremento dos elementos especulativos:

“Então foi quando o que hoje entendemos como Franco-Maçonaria veio à existência, retendo o espírito da antiga Irmandade, suas leis fundamentais, e seus costumes tradicionais, mas estiveram acordadas em relegar tudo o relacionado com Arquitetura e Maçonaria Operativa por considerá-lo tão somente relativo ao ofício da construção. As expressões técnicas, que foram excelentemente adaptadas à construção simbólica do Templo, mantiveram-se, mas tão somente figurativamente, sem major significado.”

Em resumo, deve ser expressa gratidão à Respeitável Sociedade Operativa de Maçons Livres da Divisão de York, e em especial ao Ex-Venerável C. E. Stretton, por sua paciente instrução no trabalho técnico e ritual de suas cerimônias. Também gratamente se deve testemunhar sua fraternal atitude de compartilhar o conhecimento, já que permitiu a publicação de alguns de seus métodos e segredos.


IR\ CLEMENT E. STTRETON







Ainda, se deve rechaçar e deplorar amplamente a questão de que o sindicalismo e as modernas condições comerciais tenham provocado o declínio, e tenham ameaçado a existência, de uma Sociedade tão antiga e atuante. Mas, é de grande gratidão o fato de que se tenha tomado um meio para dar a conhecer mais amplamente sua existência e situação atuais.

Possivelmente a Agremiação Operativa de Francos-Maçons, que continuou declinando até o presente, possa chegar à extinção e aniquilamento, mas sua história viverá para sempre, e sua memória será eternamente perpetuada por seus sucessores, os Francos-Maçons Especulativos, cujo nome completo é o “Da Antiga Fraternidade de Maçons Livres e Aceitos”.








































A SUÁSTICA

A suástica é, provavelmente, o símbolo mais antigo e mais amplamente difundido que já existiu. O autor em outro trabalho a traçou de volta à Grande Amarela ou Raça Turaniana e mostra razões para acreditar que a sua difusão ocorreu na Idade do Bronze. Originalmente seria o emblema da rotação das sete estrelas da Ursa Maior em torno da Estrela Polar e era o símbolo do Altíssimo Deus, que reinava e governava o universo visível. Entre os Maçons Operativos do VII ° o candidato era levado a um cofre sob o Salão da Grande Loja e naquela escuridão olhava para o centro do teto e via uma grande letra “G” a partir da qual um fio de prumo era suspenso pendendo para a câmara em que ele foi colocado. É dito que esse fio de prumo desce da Estrela Polar e que a suástica é o seu símbolo. A suástica é inscrita sobre o Altar Sagrado em frente a ele.

Quando uma Loja operativa é aberta no VIIº cada um dos Grãos Mestres coloca seu "Esquadrado" juntamente com o Volume da Lei Sagrada, de modo a formar uma suástica, que é um símbolo muito respeitado entre todos os Maçons Operativos e é utilizada para representar El Shaddai ou o próprio Altíssimo.



FIM









CONSIDERAÇÕES FINAIS


Ainda nos dias de hoje, muito se discute acerca do quanto a Maçonaria Especulativa herdou das práticas da Maçonaria Operativa, e o quanto a segunda  tinha de práticas iniciáticas (e não puramente funcionais). Esta obra de Thomas Carr naturalmente está neste “fogo cruzado” das hipóteses maçônicas, mas o fato é que até mesmo a rigorosa GLUI acabou por operar oficialmente as práticas relatadas por de Clement E. Sttrenton como um “grau lateral”[17].

Este documento, além de prover explicações factíveis para várias práticas Especulativas cujas origens ainda deflagram debates, chama a atenção pelos “Os segredos dos Três Grandes Mestres” que menciona, quais são:

1.      Triângulo de proporções 3, 4 e 5;
2.      O desenho das construções retangulares sob o Sistema dos Cinco Pontos;
3.      A Suástica, a Estrela Polar, e o método de Adoração do Altíssimo.

1º Segredo

O “primeiro segredo” já é largamente explorado na literatura maçônica, tratando-se do Teorema de Pitágoras, também conhecido como o 47º Problema de Euclides ou 3:4:5.

“Em qualquer triângulo, a soma dos quadrados dos dois lados menores (catetos) é igual ao quadrado da hipotenusa”.

Em um triângulo reto cujas proporções dos lados são 3, 4 e 5 terá no encontro criado entre os 3 (lado) e de 4 (lado) o ângulo reto do esquadro.

Outro ponto pertinente à interpretação maçônica, é que o quadrado de 3 é 9,  o quadrado de 4 é 16. A soma de 9 e 16 é 25. (25 representa a hipotenusa). A raiz quadrada de 25 é 5. Logo, a equação é escrita: 3:4:5. Quando resolvendo o quadrado desses quatro números (1, 4, 9 e 16), encontramos ao subtrair cada quadrado do seguinte, ficamos com 3, 5 e 7.  3:5:7:, estes são os degraus na Maçonaria. Eles são os degraus da Escada Caracol que leva à Câmara do Meio, e eles são o número exigido de irmãos necessário para abrir uma Loja (3 Mestres, 5 Companheiros, 7 Aprendizes).

A essência deste Teorema ou Problema é sobre a importância de se estabelecer um alicerce arquiteturalmente verdadeiro (correto) com base na utilização do esquadro. Ele permite “Esquadrejar seu esquadro quando ele fica fora de esquadro.”.

O conhecimento de como formar um esquadro perfeito tinha a maior importância na arte de construir desde o tempo dos Harpedonaptae, (e mesmo antes). Harpedonaptae, literalmente traduzido, significa “esticadores de corda” ou “amarradores de corda” do Egito antigo (muito antes do Templo de Salomão ser construído). Os Harpedonaptae eram especialistas em arquitetura que eram chamados para lançar os alicerces dos edifícios.

Eles utilizavam a astronomia (as estrelas), assim como cálculos matemáticos, a fim de traçar ângulos retos perfeitos  para cada edificação. Historicamente, a pedra angular de uma edificação era colocada no canto nordeste da construção. Os antigos construtores primeiro definiam as linhas do Norte / Sul através da observação  do Sol e das estrelas, especialmente da Estrela do Norte ou Polar (que está relacionada ao 3º  segredo), que eles acreditavam naquele tempo ser fixa no céu.

Só depois que estabeleciam uma linha do Norte / Sul perfeita, eles podiam utilizar o esquadro  para estabelecer linhas Leste e Oeste perfeitas  para  suas fundações. O 47º Problema de Euclides por sua vez, era que estabelecia as verdadeiras linhas Leste e Oeste, de modo que os esticadores de corda pudessem determinar um ângulo de 90 graus perfeito em relação à linha Norte / Sul, que eles tinham estabelecido usando as estrelas.

Mesmo que os Maçons Operativos não pudessem estabelecer as linhas Norte / Sul e Leste / Oeste, com base nos princípios deste Teorema poderiam esquadrinhar um esquadro com um ângulo reto perfeito para erigir suas edificações com apenas bastões e cordas (2 elementos ainda hoje usados na ritualística maçônica especulativa).  Os esquadros (ferramentas) ainda hoje possuem um lado maior, pois são desenhados a partir das proporções desse tipo de triângulo, qual posse ser visto na joia de Mestre Instalado.

2º Segredo

O “segundo segredo”, trata também da aplicação da geometria no Ofício da construção (ou Maçonaria Operativa). Na Maçonaria Especulativa, os “Cinco Pontos”, são uma alegoria do grau de Mestre (conhecida como Cinco Pontos do Companheirismo), muitas vezes associados a passagens bíblicas de reavivamento como em I Reis 17:17-23 e II Reis 7:34-35.

Os Cinco Pontos no aspecto operativo, estavam associados às medidas e proporções sagradas. Proporções como Pi e Phi aparecem em construções sagradas por todo o mundo desde os tempos mais remotos, alguns estudos já demonstram que possivelmente tais proporções foram encontradas a partir da medição dos astros, que também orientavam a disposição dos Templos.

As Lojas Maçônicas assim como essas construções sagradas, são orientadas de Oriente ao Ocidente e possuem a forma de um “Quadrilongo”, essa forma, aparentemente simples num contexto moderno, era de fato um desafio na precariedade de nosso passado. Manter as proporções e ângulos corretos em planos de tal magnitude como uma edificação era um segredo técnico dos Maçons Operativos, entretanto seu método é relativamente simples, porém muito elegante.

Fazia-se uso de um desenho geométrico chamado “Vesica Piscis”, Vesica Piscis é a forma que é a intersecção de dois círculos com o mesmo raio, em que o centro de cada circunferência está sobre a outra. O nome em latim significa literalmente bexiga de peixe.


Vesica Piscis

A Vesica Piscis traçada consecutivamente por cinco pontos teria o seguinte formato:

A partir do primeiro ponto, foi traçado o primeiro círculo, então a partir do centro e da extremidade deste, traçado o segundo círculo e assim sucessivamente até o quinto círculo. Linhas verticais traçadas nos centros dos círculos externos até a sua altura máxima, unindo-se a linhas horizontais traçadas ligando as mesmas, este desenho forma  um quadrilongo na proporção 2:1 (largura:altura). O mesmo processo partindo das extremidades dos círculos externos (ao invés dos centros) nos dá um quadrilongo na proporção de 3:1.

Esses círculos poderiam ser traçados a partir da fixação de um bastão onde seria seu centro presumido, uma corda[18] seria fixada neste e em outro bastão que ficaria “móvel”. Ao se estender a corda ao máximo, andando ao redor do bastão fixo com a ponta do bastão móvel a riscar o chão, ao final da volta de 360 graus teríamos um círculo completo. Feitos os cinco círculos e um retângulo retirado a partir destes, é encontrada as dimensões nas corretas proporções à edificação que poderá ser erguida a partir destes Cinco Pontos, assim como na alegoria ritualística do grau especulativo de Mestre.

3º Segredo

O “terceiro segredo” se refere à Suástica, a Estrela Polar, e o método de Adoração do Altíssimo. O primeiro ponto a se ressaltar é que a Suástica é um símbolo muito mais antigo que o regime nazista, logo não foi criado pelo mesmo. A suástica nazista era um símbolo extraído da antiga religião nórdica conhecido como a “Cruz de Thor”, uma divindade da tempestade que portava um martelo mágico chamado “Mjolnir”, A Cruz de Thor era uma representação do Mjolnir duplicado e cruzado (simulando o movimento). Alguns autores chegam até a diferenciar a suástica em seus detalhes, afirmando que o símbolo utilizado pelo 3º Reich era a “sovástica”.


Representações da suástica em outras culturas

As mais antigas edificações humanas que não tinham uma função meramente de abrigo eram locais sagrados destinados à observação dos astros ou ao menos influenciados por estes, tais quais dolmens, templos e pirâmides. É de se esperar que um “fator astronômico” tenha influenciado e perdurado entre os Maçons Operativos. Nos tempos antigos, havia basicamente 4 utilizações dos astros no Ofício da construção:

1.      Orientação Geográfica;
2.      Marcação dos Ciclos das Estações;
3.      Contagem Cronológica do Tempo;
4.      Replicação universal de medida e ângulos.





Detalhe (em suástica) do Escudo de Armas dos Maçons  (Alemanha, 1515)

Dentre os astros estudados pela astronomia antiga, a Estrela Polar tinha destaque, pois é a única que permanece aparentemente fixa no firmamento num ponto coincidente com a projeção do eixo da terra, por isso naturalmente utilizada como referencial na orientação geográfica dos seres vivos sobre a superfície terrestre. Essa estrela está sempre a orientar o Norte aparente, com isso pode-se definir um eixo Norte / Sul, um dos eixos utilizados na orientação da disposição dos locais sagrados em sua construção.

Por sua vez, a suástica nas tradições orientais era um símbolo representativo das estrelas da constelação de Ursa Maior em curso (movimento) ao redor da Estrela polar:



A Ursa Maior também era conhecida por algumas culturas como “O Arado”, não só foi porque teria uma forma alegórica a um arado, mas porque a posição da Ursa Maior no céu era utilizada para a marcação do ciclo das estações que determinavam as práticas agrícolas de plantio e colheita. Diversos locais sagrados foram construídos a fim de acompanhar estes ciclos, como até hoje o fazem as Colunas J\ e  B\ nos Templos Maçônicos.

Assim como a Ursa maior marcava o ciclo das estações, um giro completo deste ciclo apontava a contagem cronológica de tempo[19] de mais um ano que se passava. A importância é obvia de se contar o tempo para o cronograma de uma construção. Representações de sucessivas suásticas não são raras, e talvez num tempo remoto, isto aludisse à passagem dos anos.


Motivos em Suástica em Palmyra

Antigas construções sagradas com Stonehenge e as Pirâmides de Gizé (e várias outras) compartilhavam de uma mesma unidade de medida, hoje mais conhecida como “jarda megalítica”. Mas como civilizações tão díspares uma da outra em tempo e lugar possuíam uma medida em comum, e ainda, como conseguiam reproduzi-la com precisão? A resposta é que esta replicação universal de medida e ângulos e até seu tamanho de fato, era conseguida através dos astros. Mais precisamente do Sol e da própria Terra.

A jarda megalítica deriva da observação de três fatores; a velocidade da Terra em relação ao seu eixo, a órbita da Terra em relação ao Sol e a massa do planeta, e também pode ser replicada através da utilização  de bastões e cordas junto a esses fatores. Ângulos da mesma forma eram medidos através da observação da sombra de bastões em função da movimentação do Sol. Para tanto, aqueles Maçons Operativos, utilizavam bastões de medição que os fenícios (além de outros povos canaanitas) e os hebreus chamavam de asherá. Identificados com o nome da deusa-mãe do nascer e do pôr-do-sol, o propósito desses asherás era determinar os ângulos do nascer e do pôr-do-sol por suas sombras projetadas pelos bastões quando posicionados verticalmente.

Ora, se o céu sempre esteve associado à divindade ( Estrela Polar também era conhecida como “Trono Divino”[20]), e se o conhecimento astronômico era primaz para a construção dos locais sagrados, seria natural que os astros também influenciassem não só a arquitetura sacra como também a ritualística e liturgia[21]. O método de Adoração do Altíssimo era regulado até certa instância, pelos astros.

Na lenda do 3º Grau Especulativo sabemos que as orações de Hiram Abiff eram realizadas quando o Sol estava em seu zênite. Posteriormente, em Ezequiel 8:16 é registrado (de forma equivocada) como naquele tempo já se rendiam homenagens solares no Templo de Jerusalém. Já na Idade média, no Antigo Dever conhecido como as “Obrigações Anglo-Normandas” [22] está registrado que uma das classificações dos Maçons de então era de “Maçons Luzidos” (Light Masons), o adjetivo era devido ao seu trabalho ser menos braçal que os demais (“light” no sentido de leve), por tais trabalhos terem horários regulados pelo Sol e por construírem muros, que podiam ser alinhados pelo ângulo da sombra formada pelo Sol. Ainda hoje na abertura e fechamento das Lojas Maçônicas, o curso do Sol é aludido na ritualística, deixando claro que a herança dos operativos sobre viveu pelas pedras da terra e pelos astros do céu na Maçonaria Especulativa...

Tiago Roblêdo M\ M\
Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem

REFERÊNCIAS


OS SEGREDOS DO TEMPLO DE SALOMÃO, Kevin L. Gest
O OFÍCIO DO MAÇOM, Harry Carr
A MÁQUINA DE URIEL, Robert Lomas e Christopher Knight
SIMBOLOS FUNDAMENTALES DE LA CIENCIA SAGRADA, Rene Guénon




[1] O Oxford International Dictionary of the English Language dá a seguinte definição da palavra “Cowan”: Cowan - 1598 [?] 1. Sc. One who does the work of a mason, but has not been apprenticed to the trade. 2. Hence, One uninitiated in the secrets of Freemasonry 1707. 3. slang. A sneak, eavesdropper. Enquanto que o Oxford English Dictionary establece: One who builds dry stone walls (i.e., without mortar); a dry-stone-diker; applied derogatorily to one who does the work of a mason, but who has not been regularly apprenticed or bred to the trade. N. d. T. No Brasil, este termo é normalmente traduzido por “goteira”, designando curiosos ou espiões, entretanto o termo aqui tem o significado original, construtores de “pedra seca”, cujo trabalho não possuía técnicas (mais avançadas) de um Maçom iniciado em uma Loja formal.
[2] Parecesse existir um engano nesta afirmação, sendo mais provável que o autor se refira ao trabalho do Dr. W. Begemann, An Attempt to Classify the Old Charges [“Ars Quatuor Coronatorum”, Vol. I, 1886-1888], já que o trabalho do Ex-Venerável Roderick H. Baxter titulado Old Charges and Ritual pertence a um diferente volume das Transactions [“Ars Quatuor Coronatorum”, Vol. XXXI, 1918] e não tinha sido publicado antes de 1911, data da publicação do presente documento. Um trabalho mais recente sobre o tema é o desenvolvido pelo Dr. Jorge Francisco Ferro: Os “Antigos Deveres” (Old Charges): tradução e estudo crítico sobre tais antigos manuscritos que pode ser consultado em <http://www.geocities. com/symbolos/jfferro1.htm>.
[3] James S. Grubb em “Elite Citizens” [cap. 10 do Martin, John (Ed.). Venice Reconsidered: The History and Civilization of an Italian City-State, 1297-1797. Baltimore: Johns Hopkins Univ. Press, 2002. P. 349] escreve que nos princípios do século XVII se institucionalizou a figura do “privegentle men” como um “second order of gentlemen” or “nobility of the citizens”, um mediador entre a nobreza e a plebe. Estando estabelecidas três categorias bem diferenciadas de “cidadania”, tal como explicam John Jeffries Martin e Dennis Romano no “Reconsidering Venice” [Ibid, cap. 1, P. 16]:

Only adult noble males had the right to […] participate in the political life […] Next in prestige where the cittadini (citizens), a diverse group […] whose privileges granted them entry into the state bureaucracy […] or special commercial privileges as merchants.
Many cittadini were among the wealthiest influential members of […] society. Finally, at the base of this “hierarchy” where the artisians, shopkeepers, and workers […]
[4] O Ex-Venerável Clement E. Stretton declarou em seus registros, e posteriormente confirmou através de cartas, que o Dr. James Anderson foi feito capelão da Agremiação de São Paulo (St. Paul’s Guild) em 1710, em sucessão ao Dr. Compton, que tinha o hábito de praticar um serviço religioso diurno. Em setembro de 1714, Anderson propôs que homens de linhagem (nobre) pudessem ser admitidos como uma espécie de membros honorários, o que foi aceito com um voto de diferença a favor, e os registros contábeis desse ano e do seguinte, mostram sete cotas de 5 guinés cada uma. Durante o tempo que o trabalho de São Paulo esteve em processo, as Agremiações se reuniram no meio do dia de sábado, mas Anderson trocou os períodos de reunião para as quartas-feiras às 19:00. Na taberna Goose and Gridiron, e em setembro de 1715, os Operativos tomaram ciência que sua antiga palavra de passe já não lhes permitia a entrada às mesmas. Comunicaram então, tal ocorrência a Wren e a Strong, e os dissidentes foram apagados dos Registros, talvez seja por isso que Anderson declarou que Wren “rechaçou as Lojas Maçônicas”. Agora, sob tais circunstâncias, ninguém pode dizer que Anderson não agiu com intenções diversas. O que sim podemos é compreender aquilo que “digeriu”: condensou o tempo de Aprendizagem de sete anos a um mês, suprimiu toda referência técnica, incluiu a cerimônia para conferir o grau da Marca (Mark Mason) e alinhou uma instituição de fina moral a vertente das Sociedades Místicas dos Antigos, mas que não era propriamente Franco-Maçonaria (Operativa). Era sim uma reprodução dela, reteve aquilo dos Antigos Rituais adequado a seus propósitos, que poderiam ter algum lugar no sistema moderno, mas foi suprimida a explicação que o Ritual Operativo confere. [John Yarker. The Arcane Schools. Quilograma, MT: Kessinger, 1995. pp. 404-405].
[5] O Past Assistant Grand Registrar é o imediato anterior ao oficial de uma Grande Loja Maçônica encarregado de assistir ao Grand Registrar que custódia os Selos da mesma.

[6] Estas celebrações podem muito bem serem heranças de culturas europeias mais antigas (tal quais os celtas), já que coincidem nas datas. Tais celebrações tinha como cunho principal a “Roda do Ano”, ou seja, o ciclo das estações, como é sabido, os antigos construtores na Idade Média e mesmo na Antiguidade adequavam suas edificações a marcação dessas datas.  Dado que a diferença entre as celebração é de exatos 28 dias, talvez estivesse ainda contemplada a observação do ciclo lunar (NDE).
[7] Um “scabbler” era um operário não agremiado que se dispunha a substituir outro que era em determinadas circunstâncias tais como greves, daí sua tradução como “desbastadores”. Trata-se, como o texto implica, de “uma Classe de Maçons Brutos admitidos ao trabalho grosso das pedreiras, mas não membros da Loja Maçônica. Quanto aos Companheiros do Ofício, eram considerados como “associados” ao trabalho de desbastamento das pedras e possuíam suas próprias cerimônias internas.” [Cfr. a nota 3 de: Ferro, Jorge Francisco. Um testemunho sobre a Maçonaria Operativa dos princípios do século XX. Em <http://www.geocities.com/ symbolos/jfferromop.htm>.

[8] Os títulos palatinos (palacianos) eram sempre outorgados às pessoas que ajudam o soberano nos afazeres do governo ou prestam serviços à sua Casa ou pessoa. O mais conhecido é o Conde Palatino que é muitíssimo considerado pela nobreza, pois ele subentende a proximidade e intimidade de seu dignitário com o soberano e implica, sempre, em altas funções exercidas na Corte, ou seja, confere poder ao agraciado (NDE).
[9] A história da Inglaterra anglo-saxã cobre o período da Inglaterra na baixa Idade Média, do fim da Britânia romana e o estabelecimento do reino anglo-saxões no século V até a conquista normanda em 1066. Os séculos V e VI são conhecidos arqueologicamente como a Britânia pós-romana, ou na história popular como a “Idade das Trevas”, do século VI, desenvolvem-se reinos distintivos mais extensos, ainda conhecidos por alguns como a heptarquía. A chegada dos vikings no final do século VIII trouxe consigo mudanças a Britânia. O fim da Inglaterra anglo-saxã tradicionalmente se associa com o começo da conquista normanda, início da época feudal.
[10] “Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da (mulher) serva e outro da livre […] Mas, o que diz a Escritura? “Desfaz-se da serva [Agar] e a seu filho [Ismael], pois o filho da serva não será herdeiro como o filho da livre.”.” [GA 4, 22 e 30].
[11] Livre e de bons costumes ou “Free and of good report” (F\A\O\G\R\).
[12] Uma espécie de segundo plinto ou bloco, sob as bases de uma coluna (NDE).
[13] O sinal de “devida guarda” (duegard sign) representa a posição das mãos quando se faz o juramento de Aprendiz.

[14] As Antigas Constituições pertencentes à Antiga e Respeitável Sociedade de Livres e Aceitos Maçons: elaboradas a partir de um manuscrito registrado faz mais de quinhentos anos, de J. Roberts, publicadas em Londres em 1722, informa de umas “Novas Regulações” que foram adotadas na Assembleia Geral celebrada na cidade de York no dia 8 de dezembro de 1663. As Novas Regulações deste Dever tardio, estabelecem que na sucessiva a Ordem será regulada por “um Mestre e sua Assembleia”, na qual deverá estar presente um Mestre e um Vigilante da Agremiação da Franco-Maçonaria Operativa [Cfr. o Apêndice 1].

[15] Os Giblitas, ou Giblîm, foram os habitantes da cidade e o distrito do Gebal (a cidade de Biblos para os gregos), na Fenícia próxima ao Monte Líbano, que pertencia aos domínios do Rei de Tiro. A palavra fenícia “gibal”, da qual procede ao plural “giblîm” significa maçom mestre-de-obras. Em 1 Reis, 5:17-18, lemos: “Então o rei deu ordens, e tiraram grandes pedras, pedras custosas, para lançar os alicerces da casa com pedras lavradas. E os construtores de Salomão, os construtores do Hiram e os giblitas cortaram e prepararam as madeiras e as pedras para edificar a casa.”. Os giblitas no original hebreu estão descritos como os “giblîm”. Wilhelm Gesenius (no Hebrew and English Lexicon of the Old Testament, including the biblical Chaldee. Boston: Grocker e Brewster, 1836, P. 192) diz que os habitantes de Gebal “eram marinheros e construtores” [Ez, 27:9], e sir William Drummond (em Origines: or, Remarks on the Origin of Several Empires, States and Cities, vol. III. London: A. J. Valpy, 1826. P. 192) comenta que “os Giblitas eram Mestres Maçons que deram os acabamentos ao Templo de Salomão”. [cfr. A nota 4 do capítulo XLVIII de Símbolos Fundamentais... de René Guénon].

[16] A estrela polar é um astro visível a partir do hemisfério norte, sendo a que está mais próxima do ponto ao que se dirige o eixo da Terra. Isto quer dizer que sua localização indica o Norte polar e que todas as demais constelações giram ao redor dela, sendo sua posição relativamente constante.
[17] Tal qual o graus do Arca, Marca e Nauta.
[18] Nós equidistantes poderiam ser feitos na corda a fim de se possuir uma graduação aos círculos traçados, tal qual a Corda de 81 nós.
[19] Outro astro largamente empregado na contagem cronológica do tempo é Vênus. Seu ciclo no firmamento totaliza 8 anos, 5 ciclos a trazem a sua posição inicial no firmamento em relação aos demais astros (totalizando 40 anos, número constante nas Antigas Escrituras). Esse astro que simboliza a beleza da segunda Coluna do Templo Maçônico também é conhecido como Estrela Flamígera ou Stella Pitagoris (Estrela de Pitágoras), sua representação e a estrela de cinco pontas em alusão a forma que seu curso faz no céu ao término do ciclo de 40 anos.
[20] Pois permanecia fixa no firmamento enquanto os demais luminares eram móveis.
[21] Como nos informa o Ritual: “Sol, é a maior glória do Senhor, nasce a Leste e se oculta a Oeste como a Civilização e a ciência vieram do Oriente, espalhando as suas benéficas influências para o Ocidente. E, porque a Doutrina do Amor e da Fraternidade, o exemplo do cumprimento da Lei, também vieram do Oriente por intermédio do nosso Divino Mestre”.
[22] Primeiro documento oficial da Maçonaria Operativa da Inglaterra.

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